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Paterno
Cinema e StreamingCrítica

Crítica: Paterno escancara o Brasil das empreiteiras e do desencanto político

Por
André Quental Sanchez
Última Atualização 1 de agosto de 2025
5 Min Leitura
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Dirigido por Marcelo Lordello, Paterno é um espelho da nossa sociedade, representada em todas as suas nuancias e crueldades dentro de um denso e afogado sistema

Paterno é uma produção que encapsula a sociedade brasileira tanto em sua narrativa quanto em seus bastidores. Idealizado em 2013, filmado em 2017, finalizado durante a pandemia de Covid-19 e somente chegando aos cinemas em 7 de agosto de 2025, o longa evidencia as dificuldades estruturais do cinema nacional. Entre elas, destacam-se a dependência de incentivos públicos, as constantes mudanças de governo e, mais profundamente, uma descrença enraizada na possibilidade de mudança, uma inércia que o protagonista Sérgio vivencia de forma íntima.

Interpretado por Marco Ricca, Sérgio é um protagonista que não apresenta um arco de transformação evidente: desde a primeira cena, já é mostrado como um empreiteiro poderoso e cético. Sua jornada não trata de evolução, mas de resignação diante de um sistema que reconhece como imutável. Com afeto, tenta transmitir esta desesperança ao filho mais novo, com quem busca se reaproximar, porém, diferentemente de Michael Corleone em O Poderoso Chefão (1972, Francis Ford Coppola), o filho rejeita esse legado, o que resulta em um rompimento definitivo na família.

Ambientado no obscuro universo das grandes empreiteiras, o filme evoca o clima de produções como O Poderoso Chefão, Os Bons Companheiros (1990, Martin Scorsese) e a série Succession (2018, Jesse Armstrong), todas centradas em estruturas de poder, dinheiro e corrupção. Em Paterno, esse poder se manifesta na forma de decisões impiedosas que impactam diretamente os moradores das classes média e média-baixa , vítimas invisíveis do chamado “progresso”.

Paterno

Cena de Paterno- Divulgação Oficial Festival do Rio

Enquanto Aquarius (2016, Kleber Mendonça Filho) nos convida a ver o embate contra as empreiteiras a partir da perspectiva de uma resistente mulher, em Paterno adentramos o ponto de vista dos homens de terno que conduzem essas negociações, aqueles que certos de sua impunidade, oferecem quantias simbólicas, indiferentes ao destino dos desalojados. São homens que, como portadores de um moderno Anel dos Nibelungos, agem sem medo das consequências, amparados pelo poder e pela autoridade.

Em uma das cenas mais marcantes, Sérgio assiste a uma audiência onde jovens militantes de esquerda protestam contra os interesses da empreiteira. Ele observa, silencioso, como alguém que já teve esperança, e a perdeu, a ponto de pegar um pupilo debaixo de suas asas, ocasionando em novos problemas. Para alcançar o sucesso e honrar a memória do pai, Sergio precisou tomar decisões difíceis, e apesar de não demonstrar arrependimentos, carrega fantasmas que o perseguem.

Ao revelar os bastidores desses homens poderosos, segredos conjugais, acordos ilícitos, propinas e traições, Paterno nos conduz por um labirinto ético sem saída aparente. A estética do filme reforça esse desconforto: a câmera próxima, a fotografia sépia e fria, e a direção de arte minimalista mantêm o foco na potente atuação de Marco Ricca como um homem que não pode quebrar, mesmo desejando uma reconexão afetiva e rigidez do seu papel como “mantenedor da ordem”, torna o conflito ainda mais doloroso.

Paterno

Cena de Paterno- Divulgação Oficial Festival do Rio

Paterno joga constantemente com a dualidade entre esperança e descrença. Ao mostrar a inevitável corrupção de quem entra para “a família”, no sentido mais mafioso do termo, sugere que é impossível sair ileso. O filho de Sérgio é tentado por essa realidade, mas, mesmo nesse cenário sombrio, há respiros de possibilidade. Rejane Faria interpreta uma personagem que simboliza essa resistência, claramente frágil, mas com potencial para um dia enfrentar estes homens que seguem assombrando a sociedade brasileira.

 Paterno, de Marcelo Lordello, será lançado dia 7 de agosto nos cinemas, com distribuição da ArtHouse e da Filmes do Estação.

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Tags:Cinemacinema brasileirocinema nacionalcríticaCrítica PaternoMarcelo Lordellopaterno
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