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CríticaCinema e Streaming

Kevin | Documentário fala de amizade e traz discussões importantes

Por
Livia Brazil
Última Atualização 21 de fevereiro de 2023
6 Min Leitura
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Ao assistir Kevin, documentário de Joana Oliveira, é possível ficar na dúvida se o que está sendo visto é realidade ou ficção. As cenas, os diálogos, principalmente as “falas” de Kevin, parecem muito “certinhas”, roteirizadas. Talvez a presença das três crianças mostradas no filme, com sua espontaneidade própria de criança, seja o que mais desloque o espectador da percepção de que aquilo que se vê não é algo inventado. Entendendo um pouco mais sobre o processo de filmagem pode-se, também, entender o motivo dessa dúvida.

“(Kevin) Sabe como se posicionar para ser filmada, entende a captação de som e a manipulação de uma história. Nós conversamos muito sobre o que revelar e o que não revelar e tudo o que está no filme foi acordado.”, afirmou a diretora.

A realidade, porém, é que ali é tudo verdade. Ou o máximo de verdade que é possível em um documentário. Kevin narra o reencontro da diretora com sua amiga ugandense Kevin Adweko, que conheceu quando as duas estudavam na Alemanha, há mais de 20 anos. Elas só se encontraram pessoalmente duas vezes após isso e antes das gravações, em 2005 e 2013, mas nunca perderam contato. A brasileira sempre enxergou em sua amiga uma grande personagem para um filme. A ideia inicial era misturar documentário e ficção, mas não foi o que ocorreu. O resultado foi uma investigação do passado e do presente de ambas, principalmente de Kevin. As diferenças e semelhanças entre as duas, principalmente a partir dos caminhos percorridos, que muito são resultado da estrutura cultural e social de seus países de origem.

Relação Brasil e Uganda

Kevin foi filmado em duas etapas. A primeira aconteceu em 2017, em Uganda, onde foi rodada uma parte grande do filme. A segunda foi em 2019, em Belo Horizonte, Brasil, e, depois, novamente em Uganda, na cidade de Jinja. As cenas no Brasil são curtas e parecem desconexas com o restante do filme. Serve para o espectador ter uma noção pequena do estado emocional em que a diretora se encontra quando revê a amiga. Mas não faria falta caso não existisse. De fato, seria melhor se houvesse sido deixada de fora.

É na Uganda realmente que o documentário pega força e forma. É quando conhecemos Kevin e a história da amizade das duas mulheres. Quando o espectador é confrontado com a realidade de Kevin em sua cidade na Uganda. De início, pode-se pensar que é uma realidade muito diferente do Brasil. É outro continente, outra cultura. Contudo, à medida que o filme passa e Kevin vai se abrindo mais, é possível perceber as semelhanças. As inúmeras semelhanças. Kevin não é diferente de inúmeras mulheres do Brasil. Para alguém que vive em uma bolha, talvez pense que é. Mas quem conhece os diversos cenários brasileiros consegue perceber que ela passa pelas mesmas situações que a maioria das mulheres no Brasil. Sofre as mesmas pressões. Sente as mesmas coisas. Positivas e negativas.

Para perceber um pouco dessas semelhanças, assista o trailer:

Muitos assuntos abordados

No documentário, Joana aborda muitos assuntos com Kevin. Começando com a história de sua amizade, ela passa também pela volta da amiga para a Uganda, o nascimento dos três filhos, a dedicação de Kevin a atividades físicas e muitos outros. Sem deixar de tocar em temas sérios, como xenofobia, racismo e machismo. Tudo é feito, contudo, de forma natural e leve, durantes conversas das duas mulheres. Parece mesmo que são duas amigas de longa data colocando o papo em dia. O que de fato é real. O papo, porém, não fica na superfície. Kevin não tem medo de mostrar vulnerabilidade e fala sobre situações muito íntimas e dolorosas que passou de maneira muito honesta.

Contudo, embora os temas sejam ditos sem superficialidades, sem papinho de elevador, pode ser que o espectador sinta uma falta de aprofundamento em cada um. Como não muitos assuntos, acaba havendo pouco tempo para cada um. Seria mais interessante, talvez, focar em menos assuntos, mas mostrar mais tempo do papo das duas sobre eles. O intuito da diretora pode ter sido levantar diversos debates, que ressoem no público. Mas, por serem muitos e serem falados por pouco tempo, quem assiste pode ter dificuldade de levá-los consigo. Se o foco fosse em assuntos específicos, talvez esse debate ressoaria por mais tempo no espectador.

No fim, apesar de ter alguns deslizes, é um filme que merece ser visto. Principalmente por falar de uma mulher de um país que, infelizmente, o brasileiro não conhece muito. O longa tem produção da Bukaya Filmes, em coprodução com Anavilhana e Vaca Amarela Filmes. Ele chega aos cinemas no dia 03 de novembro, com distribuição da Embaúba Filmes.

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Tags:críticadocumentáriomachismoracismo
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PorLivia Brazil
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Escritora, autora dos livros Queria tanto, Coisas não ditas e O semitom das coisas, amante de cinema e de gatos (cachorros também, e também ratos, e todos os animais, na verdade), viciada em café.
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