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Tigertail e o choro contido | Crônica

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Tigertail. Saiba mais sobre o filme da Netflix.

Tigertail é um drama escrito e dirigido por Alan Yang. Um filme que me fez lembrar de meu pai de alguma forma. Grover é um homem que, muito jovem, saiu de Taiwan para tentar a vida nos Estados Unidos. Vivido por Tzi Ma em ótima atuação, um personagem contido, que cresceu tendo que ser forte, sem demonstrar emoções. Quando o filme começa, o vento na colheita traz saudades e começamos a acompanhar a saga do jovem Grover e as lições que marcam seu crescimento. O ritmo é lento e a trilha sonora assume grande importância, cai como uma luva em mãos chinesas, ao mesmo tempo sendo delicada e firme.

Amor e sonho, necessidade e realidade. Decisões e sacrifícios que formam um caráter e uma personalidade ao longo de toda uma vida. Tigertail também fala sobre resgate e tempo. Enquanto há tempo, algo é possível, ao menos, expressar o mínimo de sentimentos acumulados e enterrados. Relações difíceis e o choro, as lágrimas que não caem. Chorar não ajuda em nada. Será?

Rio que chora

O choro é um grito da alma, um expurgo do corpo, rios que devem correr de vez em quando para que a vida flua. Não é possível ser feliz o tempo todo, há mágoas e tristezas que vão acontecendo. Ouço pessoas dizendo que não ligam, fica para trás. Mas não fica. Em verdade, vai para um baú dentro seu ser, e vai enchendo, até que pode estourar de péssimas formas. Aí que penso na importância da terapia, por exemplo. Hoje mesmo ouvi uma entrevista feita no instagram pelo Leonardo Lima com a educadora Bruna Saldanha. Ela disse que tinha vontade de ser vegetariana, por achar racional e correto, mas sempre dizia que não conseguiria. Um dia a terapeuta perguntou-lhe: “Você já tentou?”. A partir desse dia ela começou a tentar várias coisas que não havia feito. Hoje é uma ativista vegana.

Vale a pena chorar de vez em quando, nem que seja cortando cebola. Liberar um pouco desse amontoado de pequenas coisas que vai incomodando no cotidiano. Aquela palavra atravessada que te disseram e você não respondeu. A grosseria com que lhe trataram naquele dia. A falta de carinho no momento que você mais precisava. Ser humano é conviver com a imprevisibilidade do destino e com as consequências das escolhas que podem mudar todo um caminho. Dos campos chineses para os Estados Unidos, do Brasil para Portugal, da Irlanda para Honduras. É segurar no rabo do tigre e lidar com o perigo de viver enquanto toma um chá.

Enfim, veja o trailer de Tigertail – Um filme de Alan Yang:

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Nenhum saber para trás: os perigos das epistemologias únicas, com Cida Bento e Daniel Munduruku | Assista aqui

Veja o filme que aborda ações afirmativas e o racismo na ciência num diálogo contundente

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Nenhum saber para trás: os perigos das epistemologias únicas | com Cida Bento e Daniel Munduruku

Na última quinta-feira (23), fomos convidados para o evento de lançamento do curta-metragem Nenhum saber para trás: os perigos das epistemologias únicas | com Cida Bento e Daniel Munduruku. Aconteceu no Museu da República, no Rio de Janeiro.

Após a exibição um relevante debate ocorreu. Com mediação de Thales Vieira, estiveram presentes Raika Moisés, gestora de divulgação científica do Instituto Serrapilheira; Luiz Augusto Campos, professor de Sociologia da UERJ e Carol Canegal, coordenadora de pesquisas no Observatório da Branquitude. Ynaê Lopes dos Santos e outros que estavam na plateia também acrescentaram reflexões sobre epistemicídio.

Futura série?

O filme é belo e necessário e mereceria virar uma série. A direção de Fábio Gregório é sensível, cria uma aura de terror, utilizando o cenário, e ao mesmo tempo de força, pelos personagens que se encontram e são iluminados como verdadeiros baluartes de um saber ancestral. Além disso, a direção de fotografia de Yago Nauan favorece a imponência daqueles sábios.

O roteiro de Aline Vieira, com argumento de Thales Vieira, é o fio condutor para os protagonistas brilharem. Cida Bento e Daniel Munduruku, uma mulher negra e um homem indígena, dialogam sobre o não-pertencimento naquele lugar, o prédio da São Francisco, Faculdade de Direito da USP. Um lugar opressor para negros, pobres e indígenas.

Jacinta

As falas de ambos são cheias de sabedoria e realidade, e é tudo verdade. Jacinta Maria de Santana, mulher negra que teve seu corpo embalsamado, exposto como curiosidade científica e usado em trotes estudantis no Largo São Francisco, é um dos exemplos citados. Obra de Amâncio de Carvalho, responsável por colocar o corpo ali e que é nome de rua e de uma sala na USP.

Aliás, esse filme vem de uma nova geração de conteúdo audiovisual voltado para um combate antirracista. É o tipo de trabalho para ser mostrado em escolas, como, por exemplo, o filme Rio, Negro.

Por fim, a parceria entre Alma Preta e o Observatório da Branquitude resultaram em uma obra pontual para o entendimento e a mudança da cultura brasileira.

Em seguida, assista Nenhum saber para trás:

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