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Centenário de Charles Bukowski
Literatura e HQCrítica

Centenário de Charles Bukowski | O velho, o vô e pessoas que não são boas

Por
Pedro Pessanha
Última Atualização 20 de março de 2023
7 Min Leitura
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Imagem: Origa Foundation
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Tópicos
Misto quentePoesiaSolitárioSéculo XXI e Centenário de Charles Bukowski

Eu conheci Charles Bukowski sem querer quando tinha 14 ou 15 anos. Enquanto procurava algum livro policial, vi um livrinho chamado “Pulp”. Comprei na hora, pois não tinha como um livro com parte do nome do meu filme preferido ser ruim… Eu nunca mais parei de ler o velho.

O segundo que li foi um choque, pois definitivamente não era um policial. Eu fiquei confuso, mas a história daquele cara fracassado que tentava ser escritor enquanto sofria todas as mazelas que a vida real nos coloca foi me deixando com um sentimento estranho. Era uma espécie de tristeza, mas ao mesmo tempo um sentimento de que eu não era o único que via o mundo daquele jeito. Lógico, existia o exagero de um adolescente que achava que conhecia a vida, quando na verdade estava numa casa confortável. Minha vida não tinha nada a ver com a de Henry Chinaski. Mas aquele cara que ao mesmo tempo que parecia ter desistido de tudo, buscava o que queria, e principalmente , como Chinaski via as pessoas. Foi com Factótum que descobri Charles Bukowski.

Misto quente

Quando se fala de Buk é impossível não falar de Misto quente. Quando fui ler esse livro eu realmente não esperava o que estava por vir. Já havia lido alguns de seus livros, e sabia que nem sempre o que estava ali escrito seria feliz, mas nada poderia me preparar para Misto Quente. É provavelmente um dos livros mais tristes que li, juntamente com os livros autobiográficos de Gorki, que era uma das grandes influências de Buk. O mais autobiográfico de seus livros, narra toda a infância e adolescência, sem poupar os detalhes de surras, humilhações e sofrimentos, não só dele, mas das pessoas que o cercavam. É um livro que é um soco na cara, daqueles que nocauteiam.

Não vou resenhar todos os livros aqui. Mas, depois de Factótum, ler Bukowski se tornou meu passatempo preferido, até um pouco compulsivo. Fui comprando livro por livro – que hoje em dia já não tenho nem metade dos que comprei , pois saí distribuindo querendo que todos que eu conhecia lessem. Li seus contos – que algumas vezes achava meio aleatórios – li todos os romances, textos de jornal, diário e conheci sua poesia.

Poesia

Contudo, é na poesia que mora a arte maior de Bukowski. Naqueles anos que comecei a ler, existiam pouquíssimos livros de poesia traduzidos dele. Hoje já tem um número bem maior, apesar de não ser nem de perto toda sua obra poética. A poesia de Buk corta como navalha. É aqui que ele deixa claro seu lado mais sensível, mais humano e mais descrente. Apesar de não ser o que o deixou famoso, foi o que ele mais escreveu. Mais do que contos, romances, jornais, qualquer coisa. Ele se considerava um poeta e foi nos versos que deixou sua maior contribuição artística e nas leituras que temos os registros mais humanos.

Solitário

Bukowski era muito tímido, odiava as leituras de poesia para as quais era convidado com frequência, mas a grana era boa. Então ele simplesmente embriagava-se o máximo possível antes de ler, e não era incomum vê-lo desconfortável nessa situação. Ele era um solitário preferia estar só com seus livros, seus gatos e ouvir Brahms. Bukowski não era pop, não gostava da maior parte do seu público, e até das pessoas. Mantinha um amor pela solidão.

Século XXI e Centenário de Charles Bukowski

Aparentemente, recentemente ele foi “cancelado”. Na década passada houve um revival do velho safado. Não sei bem o porquê, mas por uns anos foi cool falar que gostava de Bukowski. Era ser descolado. Adolescentes e jovens reproduzindo clichês um atrás do outro e forçando uma parada que não era bem o que eu lia naqueles livros.

Longe de mim querer ser juiz do gosto alheio, não sou muito adepto desse ciúmes com autores ou complexo de underground, de que não se pode gostar de nada famoso. E pior, talvez a maior parte dos seus fãs sempre tenham sido meio rasos mesmo. Mas, de certa forma, é melhor agora, com ele cancelado, do que com gente achando que tudo que ele escreveu foi sobre ficar bêbado e ser babaca, pois é a parte de sua literatura venerada por alguns.

Bukowski pra mim sempre escreveu sobre pessoas. Sobre como o ser humano é imperfeito. Que erra e acerta, que foge, sofre, mas principalmente sobre como o ser humano pode ser mau, sádico, sobre como as pessoas gostam de subir uma nas outras e criar desculpas e falsas esperanças…  Bukowski faria 100 anos no dia 16/08/2020. Eu vou sempre lembrar dos livros que li na adolescência e de quando meu avô os lia comigo e pedia outro, compartilhando comigo esse gosto. Nós não mudamos, as pessoas continuam não sendo boas umas com as outras e Bukowski não está mais por aqui, mas pelo menos ainda temos suas poesias.

Valeu, Buk.

Centenário de Charles Bukowski – Aqui ele lê meu poema preferido:

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PorPedro Pessanha
Historiador, mestrando em história do Brasil. Se interessa por arte de todo tipo e suas ligações com história, política e com a vida.
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