Uma dos filmes mais aguardados do É Tudo Verdade 2025 é o Viva Marília. Eduardo Coutinho é considerado um dos maiores documentaristas e cineastas brasileiros, seus filmes abriram caminhos para diversos cineastas que vieram em seguida, entre seus filmes mais conhecidos está Jogo de Cena (2007), uma produção em que intercala o documentário e a ficção por meio de histórias contadas por atrizes consagradas e mulheres “comuns”.
Ao assistir este filme, algo que sempre gritou comigo foi a presença brilhante de uma jovem Fernanda Torres, porém, eu nunca havia me dado conta que entre as diversas mulheres maravilhosas daquele filme, havia uma estrela que gritava ainda mais alto.
No dia 05 de dezembro de 2015, aos 72 anos, Marilia Pera faleceu por conta de uma complicação com câncer de pulmão. Conhecida por sua carreira como atriz, diretora, bailarina e coreógrafa, ela iniciou sua carreira no teatro aos 4 anos de idade, no papel de filha de Medeia, aprendendo desde pequena sobre profissionalismo, algo que moldou toda sua vida subsequente e desbloqueou o seu potencial para ser uma grande estrela.
Viva Marília será o filme de abertura do festival É Tudo Verdade no estado do RJ, enquanto em SP este posto cabe a Ritas (Oswaldo Santana, 2025), coincidentemente, dois documentários que retratam a vida de mulheres gigantescas e muito a frente de seus próprios tempos.

Marilia Pera em imagem de “Viva Marilia”- Divulgação É Tudo Verdade
Viva Marilia não se utiliza de narrador, ou da famosa “voz de deus”, muito menos se utiliza de entrevistas ou depoimentos de outras pessoas, além da própria Marilia Pera. Com exceção de um pequeno trecho em que ouvimos a voz do diretor Hector Babenco, diretor de grande produções nacionais como Pixote, a Lei do Mais Fraco (1981) , toda a história de Marilia Pera é contada por meio de entrevistas que a própria atriz fez ao longo da vida, incluindo talk shows como o Programa do Jó e entrevistas realizadas em seu próprio lar, aonde Pera realmente brilha dentro de sua intimidade.
O documentário nos leva em uma jornada dentro deste universo particular, imagens de arquivo, gravações de suas peças, momentos de destaque de sua vida, Viva Marilia mostra tudo, não focando em seus relacionamentos ou decisões de vida, mas, nos grandes e maiores momentos em que seu brilho transbordava, ocasionando um certo questionamento na medida que o filme avança.
Na medida que nossa única fonte de informação para com o documentário, é a própria documentada, o retrato que temos é de uma pessoa maravilhosa, perfeita, sem erros, algo que somente existe no campo divino, e este é justamente o retrato que Zelito Viana pretende passar com a produção. É sempre bonito vermos uma mulher sendo exaltada e vista como grandiosa, principalmente quando é uma tão marcante quanto Marilia Pera, porém, não consigo deixar de pensar que o documentário poderia ter sido mais completo se optassem por ter algumas entrevistas de conhecidos de Marilia, principalmente após sua morte em 2015, passando para o espectador uma outra visão que não temos em nenhum momento ao longo da produção.
Viva Marilia cumpre a função exemplificada em seu título, é um grande viva para uma gigantesca mulher que é encapsulada perfeitamente pela música A Louca Chegou, que inicia e finaliza a produção, no momento, o fato de Marilia Pera ter falecido, não importa para o documentário pois o seu legado e seu estrelato continua mais vivo do que nunca.
Dirigido por Zelito Viana, Viva Marilia terá a sua pré estreia mundial no dia 03 de Abril com uma sessão na Estação Net Botafogo, abrindo oficialmente, no estado do Rio de Janeiro, a edição de 2025 do festival de documentário É Tudo Verdade.
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