Na noite da última terça-feira (20/12), vi Emancipation – Uma História de Liberdade, o qual está em cartaz somente na Apple TV. Porém, pude ver na sala 3 do Espaço Itaú Cinema, em sessão especial para convidados, e foi uma experiência emocionante.
O filme conta com uma eficiente direção de Antoine Fuqua em um roteiro redondo de Bill Collag e é protagonizado e produzido por Will Smith, que vive Peter, um homem escravizado, em 1863. O longa se baseia em uma história real, na foto de “Whipped Peter” (“Peter Chicoteado”, em português), que mostra as cicatrizes nas costas de um homem que passou pela escravidão norte-americana.
Emancipation – Uma História de Liberdade tem alguns grandes destaques. Will entrega uma atuação tocante e a fotografia é excelente, puxando para um sépia. Há uma potente exaltação da natureza exuberante que rodeia o protagonista e o auxilia, a partir de seus conhecimentos ancestras prévios, a sobreviver.
Política
Além disso, o longa traz perpectivas políticas em seu pano de fundo, como o recrutamento de fugitivos para a linha de frente da Guerra Civil estadunidense. O general branco está com sua bebida, confortável, enquanto duvida de seus soldados negros, cuja liberdade passa por “permissões”, como cita Peter.
Vários traços da escravidão aparecem na obra, que acaba por ser didática de certa forma, ao mostrá-los. Tem um pouco da vida das pessoas escravizadas em uma fazenda organizada, o trabalho escravo em construções, a objetificação dos corpos negros. O filme é rico em colocações que fazem refletir, em especial os que prestarem atenção aos detalhes e diálogos.
Dodienne, esposa de Peter, fala do apagamento de sua cultura pregressa e se esforça para passar adiante o que sabe através da oralidade, na língua criola haitiana. Aliás, Peter é um haitiano. O Haiti foi a primeira nação independente da América Latina e é a república de população majoritariamente negra mais antiga do mundo, após uma revolução liderada por pessoas escravizadas. Atualmente, paga por sua “ousadia” sendo o país mais pobre da América e um dos mais pobres do mundo, segundo o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional.
Aliás, veja o trailer, e siga lendo:
A resiliência do protagonista demonstra resiliência e uma fé inabalável. A princípio, seu Deus é cristão, e ele inclusive cita passagens da bíblia, mas é a natureza que lhe inspra e mantém vivo. É como se os Orixás estivessem ao seu redor. Entretanto, o longa também demonstra a forma como os escravizadores utilizavam outros trechos da bíblia para argumentar a favor da escravidão e requerer obediência.
Por fim, Emancipation – Uma História de Liberdade parece se dividir em duas partes. Primeiramente, a jornada de Peter como fugitivo, uma perseguição eletrizante. Em seguida, a guerra. É como dois filmes em um. Seja como for, é uma história poderosa que nos faz torcer pelo protagonista, mostra horrores reais de forma precisa, e nos deixa nervosos e ansiosos durante a exibição.
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