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Cultura

O Teatro Mágico, a experiência | Do espetáculo multiartístico ao intimismo na sala de casa

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Teatro Mágico. Fernando Anitelli cedeu entrevista para o Vivente Andante.

Se a trupe “O Teatro Mágico” é conhecida pelos shows que são considerados grandes espetáculos, com a junção de diversas manifestações artísticas como música, teatro, dança e circo, agora tudo isso se reverteu ao intimismo da sala de casa. O grupo formado há 17 anos chega com uma proposta completamente inovadora e excepcional ao público que espera sempre um contato maior com o artista. Senhoras e senhores, conheçam a “Experiência – O Teatro Mágico”:

Em uma sala virtual, ocorre o show que dura cerca de duas horas e meia, no qual 20 pessoas de diferentes localidades se dispõem a participar e interagir entre si. Lá elas contam suas emocionantes e inusitadas histórias, mostram a sua arte, se divertem e, por vezes, criam novas amizades. A princípio, Fernando Anitelli, cantor e compositor, é quem comanda a experiência transfigurado no personagem e sempre com o seu violão a tiracolo, pronto para cantar as poesias que escreve e que marcam a trajetória daqueles que o acompanham.

O anfitrião é super solicito e deixa os seus fãs e ouvintes tão à vontade que, a cada janelinha maximizada, algo pode ser revelado e o desejo de escutar a sua música preferida é atendido. Não há um setlist determinado, a viagem acontece durante aquela imersão poética e musical. É preciso estar lá para entender o que acontece.

A necessidade de ressignificar as relações em meio aos novos tempos foi o que os movimentou a criar algo que fosse importante neste momento. Para eles, estava claro que não importavam os números ou divulgações como vemos nas lives transmitidas nos últimos meses. 

A experiência é experimentar a experiência do outro

“Essa pandemia fez com que relações pessoais, relações de trabalho e relações familiares tivessem uma outra dinâmica. A gente fez uma reflexão sobre o que o público gostaria de construir junto com O Teatro Mágico. Gustavo Anitelli, produtor e meu parceiro de composição, teve esta ideia genial de fazer uma experiência diferente das lives que temos visto, que buscam uma dinâmica com muitas pessoas, números e divulgações. É um evento, é um show ao vivo, mas não era isso. A ideia era fazer desta experiência algo muito mais íntimo”, conta Fernando Anitelli.

Com mais de 20 sessões e ultrapassando 800 participantes, a novidade tem se tornado um sucesso. E, com o passar dos dias, cresce também a proporção de seu alcance. A trupe ficou surpresa, mas tem a consciência de que trabalharam até aqui e mergulharam de cabeça nestas ações para que isso acontecesse. 

“É um projeto em construção com a disposição de se qualificar o tempo inteiro. A experiência é experimentar a experiência do outro. Esta é a brincadeira, este é o jogo. A música permeia tudo isso, mas os encontros é que fazem ser cada apresentação uma única coisa. Daqui de casa eu, junto com Andrea Barbour que faz a direção de fotografia, compomos isso junto com quem está participando. Cada um na sua janela e dali saem histórias incríveis”, diz. 

Janelas que ultrapassam Osasco, SP

As janelas ultrapassaram a vista de Osasco, em São Paulo, onde nasceu O Teatro Mágico. Hoje elas são abertas não apenas no Brasil, mas no mundo. O novo formato possibilita vivências que dificilmente aconteceriam em um show tradicional. A forma online dá lugar a um encontro com o planeta inteiro e a ludicidade, que marca o grupo, ganha ainda mais espaço. 

“A gente se sente feliz pra caramba. Famílias precisam se encontrar, precisam de abraço. E o que acontece? A galera se encontra dentro da sala da minha casa. Nas janelinhas, outro dia, tinha uma mãe de Ilhabela, uma filha da França e outra filha que estava no Japão. Elas se encontraram ali, naquele lugar, todas conversando, trocando, ouvindo as músicas que são a trilha dos seus encontros. Numa mesma sala você reúne gente que está em Osasco, no Texas, no Japão e em Portugal. Isso já aconteceu e é muito louco”, Fernando Anitelli explica com entusiasmo.

A diversidade marca o público do OTM

O Teatro Mágico é marcado por um público diversificado, com idades, gêneros e preferências musicais diferentes, e isso tem ficado ainda mais evidente. Há quem apareça vestido de personagem, pessoas apresentam outros familiares e as crianças se apropriam do espaço. Em uma das sessões, uma avó relatou que mostrou as canções da trupe a sua filha e neta, há pedidos de casamentos… tudo, absolutamente tudo, pode acontecer ali. 

“São pessoas de realidades distintas, é fantástico. Eu não faço ideia destas histórias, imagina como reverbera o trabalho, como chega nos corações e mentes. É uma possibilidade gigante de conhecer o público desta maneira, com esta qualidade, com esta interação. Tem de tudo, é impressionante porque não atinge um nicho de mercado. Eu fico feliz da vida de ver esta pluralidade, esta diversificação de pessoas que ouvem e que curtem OTM”, conta o músico.

Dentre tantas histórias que surgem, algumas são inesquecíveis. Anitelli relata que em um dos depoimentos dados, uma fisioterapeuta contou que, enquanto estudava uma moça em coma, em um momento sensível para a família e para os médicos, cantou a canção “Durma medo meu”. Em seguida, a moça abre os olhos e fala: “Teatro Mágico?”. O compositor diz que todos choraram e este depoimento ficou marcado em sua memória. 

Álbuns e renovação

Sobre os álbuns do grupo, é notório que eles estão sempre em constante mudança. As estéticas dos discos são trabalhadas em suas especificidades a cada projeto. O início foi mais performático e lúdico com “Entrada para Raros” até o “Recombinando Atos”, passando para algo mais denso com toques de rock em “Grão do Corpo”, influências eletrônicas em “Allehop”, chegando ao intimismo do “Agora, por enquanto, é tudo ainda”. Cada um possui a sua relevância, apresenta a renovação do público e mostra o quanto as pessoas permanecem ouvindo em cada uma destas fases. 

“A gente percebe a renovação do público ao mesmo tempo que vemos como eles acompanham a nossa trajetória. Tem pessoas que conheceram as canções na pandemia, agora, tem quem nos conheceu ano passado e tem gente que acompanha desde o primeiro álbum, lá trás. Cada fase tem a sua importância, tem o seu porque, tem a sua emergência. Cada álbum para mim é como se fosse uma peça distinta e para a gente que trabalha com criação sempre quer colocar uma coisa nova, a gente nunca quer repetir o que já fez. É só pegar um álbum nosso e comparar com outro, esta é a pesquisa. Constância é a nossa própria mutação”, declara Anitelli.

Do Casa Palavra às palavras nas casas

Fernando havia começado, em março deste ano, a publicar entrevistas com artistas para falar sobre inspirações e criações. Com as mudanças, os encontros presenciais foram trocados para as chamadas “Lives Matinais” que tem feito no Instagram. Tudo faz parte da necessidade de se comunicar, ouvir e falar. As palavras sempre foram o seu carro chefe, basta escutar as músicas e se atentar as letras para perceber; com as conversas isso fica ainda mais claro. 

“O Projeto Casa Palavra acabou se estendendo para as lives matinais que se tornou um lugar de encontro, de aprendizado, de troca. Eu ouço as pessoas dizendo que as conversas tem sido um lugar de refúgio neste momento de pandemia. Quando a gente amanhece com música, pensando, provocando a reflexão sobre assuntos que tem determinados tabus desnecessários é tão bacana”, conta.

Defensor da música independente, Fernando Anitelli também dissertou sobre o atual cenário no país. Ele fala sobre a importância da cena e as possibilidades que estão surgindo nos últimos tempos. Para ele, é necessário saber como fazer a música chegar nas pessoas de maneira construtiva e destaca o valor do trabalho colaborativo, além de uma apresentação de qualidade.

“É fundamental a cena independente, ela nada mais é do que a galera que daqui a pouco vai fazer os refrões que a gente vai estar cantando sobre coisas pertinentes a nossa atualidade, a nossa realidade. Este cenário é fundamental para que a gente tenha a nossa pré-escola né? Conhecimento de terreno. A gente que trabalha com arte passa por este aprendizado. Não precisamos sofrer como outrora, quando não haviam tantos acessos e possibilidades de um home studio, edições de videoclipes, plataformas e coisa e tal.”

Política e Arte

O viés consciente é inegável, tanto Anitelli, quanto o grupo, sempre se posicionam politicamente em suas declarações, composições e publicações nas redes sociais. Ele explica que é pertinente assumir a sua opinião e diz que esta é a missão como ser humano. 

“Se a política está na arte e o que eu faço é arte, o que eu amo é arte, eu amo a possibilidade do diálogo construtivo que é a política. A política está muito mal vista justamente pelos personagens que compõem este cenário que perdura no Brasil há alguns anos. Você acaba desqualificando, deixando que os políticos e que os administradores públicos se tornem personagens cômicos e caricatos de uma série de TV. Só que isso é para cada um de nós. A gente tem que debater sim, se continuarmos baixando a cabeça para os ditados populares “Política, religião e futebol não se discute”, temos um país um país mais corrupto, levamos de 7X1 em casa e os pastores são bilionários e donos de TV. Então, se discute sim”, afirma o cantor. 

Consumo da arte durante a pandemia

As notícias já não são mais ouvidas ou lidas diariamente por ele, agora espera alguns dias para que possa fazer uma coletânea delas. Equilíbrio e dosagem é a chave para que não se sinta triste com a quantidade de informação que o mundo está absorvendo. Sobre o aumento do consumo da arte durante a quarentena, Fernando Anitelli diz que os benefícios disto são os melhores possíveis. Ele torce para que no futuro todos compreendam que sem a arte não há como viver. 

“Você consumir arte e estar a disposição de ler livros, de aprender a tocar, a escrever, a conhecer mais o corpo. Tudo isso nos amadurece, nos expande como seres humanos. A arte tem esta missão, tem esta função de abrir as janelas da percepção. Arte é fundamental. Eu torço para que a consequência seja essa noção de que a arte é um alimento para a nossa alma e ela não pode ser tratada como ela tem sido tratada nos últimos períodos. Viva os artistas, as artistas deste nosso país que, inclusive, agora mais do que nunca, na pandemia tem nos mostrado sempre abertos para nos alegrar, para nos trazer sensações outras. Então, força para todos nós”, declara.

O Teatro Mágico
Foto: Divulgação

Sonhos

Com tantas composições e melodias que envolvem sonhos, em algum momento o tema teria que ser trazido à entrevista. Quando questionado sobre o seu sonho no momento, Fernando Anitelli é pontual:

“Meu sonho é que o planeta saiba atravessar este momento com conscientização, sabe? Consciente da coletividade, do amor no seu gesto revolucionário, na ação, na prática. A demanda do mundo é amar. Não só o amor, é amar. E praticar o amor não é uma coisa efêmera, rasa. Não, não é desse amor que eu estou falando. Estou falando daquele amor que colabora, sugere, apoia, se movimenta, luta, tem sangue nos olhos, palavra forte, tem pisada forte no chão. Este país, este planeta, merece cuidado. Nossos pares, nossos amigos e as pessoas que a gente nem conhece também. Os seres vivos, a natureza está agradecendo, os seres humanos estão quarentenados. Que a gente saiba trazer uma outra relação, construtiva, mais cheia de expansão “almática” para todos nós.”

Aliás, antes do anúncio da quarentena O Teatro Mágico terminou a gravação do novo álbum, fizeram videoclipes e músicas inéditas estão começando a serem criadas, inclusive com parcerias. As datas para os lançamentos ainda não foram divulgadas. Afinal, agora, basta aguardar as novidades.

Serviço:

Experiência – O Teatro Mágico

De quinta à domingo, datas à combinar.

Ingressos: R$50 por câmera.

Inscrições no site: http://oteatromagico.mus.br/participe/

*A saber, a jornalista Lana Janoti acompanhou o espetáculo Experiência – O Teatro Mágico a convite da Assessoria do grupo

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Cultura

Terceira temporada de Lupin: a magia do Cavalheiro e Ladrão

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arsene lupin

“Lupin”, a produção francesa da Netflix, tem tudo que os amantes de mistérios e aventuras precisam: um protagonista incrível, Arsène Lupin, interpretado brilhantemente por Omar Sy, misturado com uma narrativa envolvente e cheia de tensão. Ou seja, cada episódio é uma montanha-russa de emoções.

É normal se pegar torcendo por Arsène enquanto ele supera obstáculos aparentemente impossíveis. Lupin está sempre um passo à frente de seus inimigos e surpreende até o mais experiente dos espectadores interessados ​​e ansiosos para descobrir o que acontecerá a seguir. Pessoalmente, o que mais me impressiona em Lupin é a maneira como a série entrelaça as trapalhadas e reviravoltas do protagonista com questões sociais relevantes, como racismo e desigualdade, sem deixar de lado o entretenimento irresistível. Dessa forma, é uma celebração da inteligência, resiliência e astúcia, especialmente quando tudo parece estar contra o nosso herói.

Além disso, não posso deixar de mencionar o elenco maravilhosamente talentoso que dá vida a cada personagem. As atuações permitem conexões profundas com a audiência. Essa série é a combinação perfeita de ação, mistério e drama, que com certeza deixará você viciado e ansioso pela próxima temporada! Então, prepare a pipoca chame os amigos e mergulhe nessa aventura cheia de intrigas e surpresas. A terceira temporada de Lupin estreia no dia 05/10 na Netflix, se você ainda não viu, corre lá na Netflix e comece a assistir as anteriores! Não perca a oportunidade de conhecer um dos ladrões mais charmosos e inteligentes da história da televisão.

Aliás, conheça Arsène Lupin, o personagem que serviu de inspiração para a série Lupin da Netflix

Com a estreia da terceira temporada de Lupin em 5 de outubro, pode ser legal saber mais sobre o protagonista. Inicialmente, Arsène Lupin foi concebido por Maurice Leblanc como uma resposta ao famoso detetive britânico Sherlock Holmes. A literatura conta com mais de vinte obras dedicadas ao ardiloso criminoso francês.

Ousado, sedutor e carismático, Arsène Lupin é considerado o ladrão mais famoso do início do século XX. Responsável por uma série de crimes enigmáticos na França durante a virada do século, esse anti-herói mantém um código de honra peculiar: ele atormenta seus oponentes, zomba da burguesia e auxilia os menos afortunados, lembrando em muito o lendário Robin Hood, mas com um toque francês.

Visto como a resposta irônica da França a Sherlock Holmes, “Arsène Lupin: Cavalheiro e Ladrão” é o primeiro livro de uma série de vinte títulos cativantes que Maurice Leblanc dedicou a Lupin, um dos personagens mais distintos do gênero policial.

“Arsène Lupin: Cavalheiro e Ladrão” serviu como base para inúmeras adaptações no teatro, cinema e televisão. A mais recente delas é a série Lupin da Netflix, agora em sua terceira temporada, onde inspira o personagem do ladrão elegante Assane Diop, interpretado por Omar Sy no papel principal, com Ludivine Sagnier e Clotilde Hesme no elenco.

A última incursão cinematográfica ocorreu em 2004, com Romain Duris, Kristin Scott Thomas, Pascal Greggory e direção de Jean-Paul Salomé. Desde a criação do personagem, Lupin também conquistou adaptações no cinema alemão e argentino, mas uma das mais célebres é o mangá Lupin III, que posteriormente se tornou um anime de grande sucesso.

Quem é, afinal, Arsène Lupin?

Criado em 1905, Lupin é conhecido por roubar apenas dos ricos e burgueses, aqueles que acumulam riquezas de forma duvidosa. As aventuras de Arsène Lupin giram em torno da lógica, do raciocínio e da dedução, elementos cruciais das clássicas histórias policiais.

Tanto no livro quanto na série, a arma mais letal de Lupin é a sua perspicácia. Além disso, o personagem apresenta inúmeras complexidades, especialmente por explorar o ponto de vista de um anarquista que leva uma vida aristocrática e aborda questões filosóficas e políticas relacionadas a essa dualidade.

Nas nove histórias que compõem suas primeiras aventuras, esse anti-herói irresistível atormenta seus oponentes, desafia as convenções estabelecidas, satiriza a burguesia e auxilia os menos privilegiados. Lupin ainda enfrenta um grande detetive inglês, ironicamente chamado Herlock Sholmès, em uma referência a Arthur Conan Doyle, o criador de Sherlock Holmes.

Maurice Leblanc, um escritor e jornalista francês, filho de um armador naval, começou sua carreira como repórter policial e publicou seu primeiro livro aos vinte e três anos, um romance psicológico intitulado “Une Femme”. Ele continuou trabalhando na imprensa por duas décadas, acumulando material e gradualmente moldando o personagem que o tornaria um autor consagrado. Em 1907, lançou “Arsène Lupin: Cavalheiro e Ladrão”, a obra que apresentou o icônico personagem com charme, astúcia e ironia.

A Editora Landmark oferece uma edição de luxo bilíngue em português e francês de “Arsène Lupin: Cavalheiro e Ladrão”, que resgata todas as aventuras originais do ladrão astuto e encantador de Maurice Leblanc. O livro está disponível na Amazon, nas principais livrarias do país e no site oficial da Editora Landmark. Para acessar, clique aqui.

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