Entre os dias 28 de outubro e 1º de novembro, Porto Alegre será palco do 6º Festival Cinema Negro em Ação, evento que celebra a força, a representatividade e o talento do cinema produzido por pessoas negras no Brasil. Realizado pela Secretaria da Cultura (Sedac), por meio do Instituto Estadual de Cinema (Iecine), o festival acontece na Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ) e tem entrada gratuita.
Com o tema “Revérbero”, a edição deste ano propõe um diálogo entre passado e futuro, ecoando vozes que marcaram e seguem transformando o audiovisual negro no país. A programação inclui mostras competitivas de longas e curtas-metragens, consultoria para cineastas, masterclasses, exibições especiais e atrações musicais. O homenageado desta edição é o ícone Tony Tornado, que também sobe ao palco no encerramento do evento.
Mais de 20 filmes em exibição e competições nacionais
A mostra competitiva do festival traz três longas-metragens inéditos: “Diaspóricas 2”, de Ana Clara Gomes (GO), “Esquecendo Flora”, de Beto Oliveira (SP), e “Quem é Essa Mulher?”, de Mariana Jaspe (BA). A disputa se estende também para curtas, videoclipes e videoartes, totalizando mais de 20 produções que refletem a potência da criação audiovisual negra contemporânea.
Entre os curtas selecionados estão títulos como “À Flor da Pele”, de Danielle Villanova (RJ), “Da Sua, Maria”, de Magna Domingues (RJ), e “Mãe”, de Jöão Monteiro (RS). Já na categoria videoclipes, destacam-se “Borborema”, de Emília Aidar e Luanda (BA), e “Semente”, de Madlene Delfino (AL). As videoartes incluem produções como “Ao Mar… Devolvo o Sal das Nossas Lágrimas”, de Giuliano Lucas (RJ), e “Coisa de Preto”, de Juci W e Tarik (SC).
Além das sessões presenciais, os filmes da seleção serão exibidos simultaneamente nos canais Prime Box Brazil, Cultne.TV e TVE-RS, ampliando o alcance do festival para o público nacional.
Homenagens e presença de grandes nomes do cinema negro
O festival presta uma homenagem especial a Tony Tornado, ator, cantor e compositor que se tornou símbolo de resistência e pioneirismo na arte brasileira. Com mais de seis décadas de carreira, Tony foi um dos primeiros artistas negros a conquistar visibilidade na televisão e no cinema, abrindo caminho para gerações futuras. Aos 90 anos, ele será o grande homenageado e também a atração musical de encerramento do evento.
Outro destaque é o cineasta Luciano Vidigal, realizador do premiado longa “Kasa Branca”, vencedor de Melhor Direção no Festival do Rio e cotado para representar o Brasil no Oscar 2026. Vidigal ministrará uma masterclass aberta ao público, compartilhando sua trajetória e processo criativo no cinema de resistência.
Também serão exibidos filmes de mestres do audiovisual negro, como “7 Cortes de Cabelo do Congo” (Luciana Bezerra), “Malês” (Antônio Pitanga) e o curta “Dois Batuqueiros”, em homenagem póstuma ao cineasta Claudinho Pereira (1947–2025).
Revérbero: o cinema que ecoa vozes e histórias
De acordo com a curadora-geral do evento, Kaya Rodrigues, o tema “Revérbero” reflete o compromisso do festival com a preservação da memória e a projeção de novos olhares.
“Este ano a gente percebe o crescimento do evento, que está reverberando por todo o Brasil. A mostra competitiva está ainda mais forte e plural, construindo pontes entre todas as regiões do país e projetando grandes filmes feitos por cineastas negros”, afirma Kaya.
A curadora destaca ainda o Prêmio Odilon Lopez, entregue aos vencedores da mostra competitiva, em homenagem ao pioneiro gaúcho do cinema negro e diretor do clássico “Um é Pouco, Dois é Bom” (1970).
Formação, trocas e consultoria com o Sopapo LAB
Além das exibições, o festival promove o Sopapo LAB, laboratório de consultoria voltado a cineastas negros em fase de desenvolvimento de projetos. A atividade será ministrada por Emerson Dindo, diretor do documentário “Kakawa” e produtor-executivo da série “O Enigma da Energia Escura” (Globo).
Dindo também é diretor da plataforma DiALAB, incubadora de projetos audiovisuais voltada à diversidade e inovação. A iniciativa reforça o papel do Cinema Negro em Ação como um espaço de formação e fortalecimento profissional, oferecendo oportunidades concretas para realizadores negros de todo o país.
Abertura com Rico Dalasam e uma trilha de resistência
A programação musical do festival também promete momentos marcantes. A abertura contará com show do paulista Rico Dalasam, um dos nomes mais importantes do queer rap brasileiro. O artista apresenta um repertório que inclui sucessos dos álbuns “Orgunga” (2016), “Fim das Tentativas” (2022) e “Escuro Brilhante, Último Dia no Orfanato Tia Guga” (2023).
Encerrando a edição, Tony Tornado retorna aos palcos para celebrar sua trajetória com um show repleto de clássicos da música brasileira — um verdadeiro encontro entre história, arte e resistência
Diversidade e fortalecimento do audiovisual negro
Para Sofia Ferreira, diretora do Iecine, o festival representa um marco no fortalecimento da produção audiovisual gaúcha e brasileira.
“É uma alegria garantir que esse evento, que reafirma a cada edição a força do cinema produzido por pessoas negras, siga sendo realizado ininterruptamente. Ele é parte dos nossos investimentos estratégicos, fortalecendo a diversidade e a inclusão no setor”, afirma.
O 6º Festival Cinema Negro em Ação conta com apoio da Associação de Profissionais do Audiovisual Negro (APAN), Cine Bancários, Paradiso Multiplica, SIAV-RS e outras instituições parceiras.
Serviço
6º Festival Cinema Negro em Ação
Quando: 28 de outubro a 1º de novembro
Onde: Casa de Cultura Mario Quintana — Rua dos Andradas, 736, Centro Histórico, Porto Alegre
Entrada: Gratuita
Programação completa: disponível nas páginas do Festival Cinema Negro em Ação, do Iecine e da Sedac no Instagram



