Lá foi o Vivente Andante para ver o espetáculo “Francisco – O Musical” no majestoso Imperator, no Méier. Um resumo da vida de um homem que virou santo. A produção é caprichada. Em diversos momentos lembrei de filmes e animações da Disney, pela forma como a música embalava as interações.
Interessante que no momento estou lendo “Imitação de Cristo” de Tomás de Kempis, um belo livro sobre os preceitos de Jesus Cristo. Francisco foi um seguidor dos ensinamentos de Jesus ao pé da letra, ou seja, caridade, bondade, humildade.
Algumas das melhores partes são quando os atores interagem com a plateia. Facilita a conexão e traz diversão. Isso acontece em momentos pontuais e são pontos altos da direção geral de Nathália Oliveira. A direção musical de Tony Luchesi também não deixa a desejar, assim como a direção de arte de Lenita Magalhães que se liga com a produção cenográfica de Rafaela Nascimento, que nos leva a um outro tempo com criatividade em um cenário móvel versátil. A iluminação merece destaque, eficiente e bela, soma na composição das cenas. Por fim, a coreografia de Erika Melo é digna dos grandes musicais.
Assis
Grandes passagens da vida de Francisco de Assis estão ali, contudo, logicamente, muitas outras ficam de fora, como seus milagres. Aqui vemos um pouco da jornada do homem que era boêmio e sonhava em ser um grande cavaleiro lutando pela cidade e seus ideais. Filho de um homem abastado, ele acaba por deixar tudo de lado para percorrer um caminho de santidade.
Assis, na Itália, foi local de nascimento de Francisco. O início da peça nos faz imaginar como é a cidade, nos coloca na taverna com seus amigos. Posteriormente, tudo muda e surge a Ordem Franciscana. Além disso, no meio do percurso, o futuro santo influencia e inspira sua grande amiga Clara de Assis.
Amor pela Natureza
Pessoalmente, sou um fã da história de Francisco e de sua simbologia como santo que ama natureza, que nutre um especial carinho pelos animais, sendo padroeiro dos veganos e vegetarianos, um singelo exemplo de ser humano. Já vi algumas obras sobre sua vida, desde séries até filmes e também espetáculos teatrais. Porém, como musical, foi a primeira vez. Não ocorreu decepção na produção como um todo, apesar de fazer muita falta, ainda mais em um país como Brasil, dessa abordagem do valor que Francisco dava para os elementos da natureza. Seria bom, útil e didático ver algo sobre isso, algo que é completamente ignorado. A oportunidade de louvar a ecologia é perdida, contudo, o homem, o santo, é exaltado com louvor e respeito.
O Imperator, casa de espetáculos famosa e aconchegante do Rio de Janeiro, foi um ótimo palco para a apresentação, com sua grandiosidade. Facilita o belo trabalho de luzes, que fortalece a ludicidade. A casa estava cheia, ingressos esgotados. A temporada era de um único fim de semana, entretanto, nos agradecimentos, ficou claro que outras apresentações virão devido ao grande sucesso.
Em certo momento, uma oração abençoa uma passagem, e, simplesmente, resta ao público dizer “amém”. Por fim, aplaudiram de pé.