Tataraneta de italianos, a escritora Raphaela Barreto desenhou a história da jovem Antonieta, a Nita, e a saga da família de emigrantes baseada nas memórias trazidas pela avó. Italiana remonta ao século XIX, período em que muitos italianos partiram para o Brasil em busca de oportunidades, atraídos pelos convites estampados em cartazes e panfletos.
Com as condições de vida precárias na Itália – e um quarto filho a caminho –, a família decide então embarcar rumo ao Brasil para trabalhar nas plantações de café. Partindo do porto de Gênova, o destino era Ribeirão Preto. Uma viagem de 29 dias que, para a primogênita Nita, representaria um marco não apenas por deixar sua terra natal.
Luca tinha problemas em falar “Nita”, mas eu gostava do jeito que senhorita soava em seus lábios. Tinha um som diferente em sua boca, como se fosse mais carinhoso do que apenas formalidades… E isso poderia ser mais um passo para bagunçar a minha vida.
(Italiana, p. 25)
Navio
Com o passar dos dias, Nita se aproximava cada vez mais de Luca, um dos amigos que fez a bordo do navio. Prestes a completar 16 anos, a jovem estava encantada pelo belo rapaz, um cavalheiro nato que se tornou a melhor companhia para conversas e passeios, sem medir esforços para conquistar o coração da italiana.
O romance promissor cede lugar às incertezas sobre o que aconteceria após o desembarque no Brasil: se permaneceriam ou não juntos. O enredo potencializa as angústias dos protagonistas quando um terceiro componente entra em cena: um casamento arranjado pelo pai de Nita. Ela irá honrar o desejo de sua família ou seguir seu coração?
Enfim, inspirado em fatos reais, Italiana diferencia-se como um dos raros romances de época ambientados em solo nacional. Cenário perfeito para uma história de amor que atravessa continentes para encontrar seu desfecho em meio às fazendas cafeeiras e ao processo de industrialização do país, protagonizado pelos colonizadores europeus.