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Crítica

As Correntes de San Patrignano | Netflix e uma luta controversa contra as drogas na Itália

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As Correntes de San Patrignano (SanPa: Sins of the Savior) traz uma história bastante controversa. É o final dos anos 70 na Itália e a heroína domina as ruas. Um homem resolve tentar salvar os usuários: Vincenzo Muccioli, com seus próprios métodos. O primeiro episódio, “Nascita”, solta logo como introdução um resumo da história e das controvérsias que libera a mas pura curiosidade para ver o resto.

Um herói? Um salvador? Um excêntrico? Certamente, um ser humano em toda sua complexidade e personagem principal da docussérie, Vincenzo Muccioli escolheu um caminho de disciplina extrema e construiu uma pequena cidade onde ele tinha todo o poder. A Itália fervia entre comunistas, fascistas, guerrilheiros. Um barril de pólvora com explosão de sangue e violência. Enquanto isso, as drogas chegavam com mais força no país, em especial, as malditas heroína e cocaína.

Interessante o depoimento de um ex-viciado que diz como as coisas mudaram naquela época. A princípio, eram uns hippies que vendiam maconha, contudo, subitamente, eles sumiram e apareceram outro tipos de carros bonitos e de cabelo bem cortado. Vendiam haxixe e davam heroína de troco. A juventude vivia numa crise existencial e droga acaba entrando nessa lacuna e leva por caminhos tortuosos e diabólicos.

Afinal, prisão ou reabilitação?

Há depoimentos fortes de familiares e de ex-dependentes que estiveram no local. Um deles fala de como a droga passa a ser a coisa mais importante da vida do viciado e alcança a alma. Uma fala forte e extremamente real e espontânea. Inicialmente, Vincenzo parece que começa a receber os usuários de drogas sem muita noção, mas as coisas seguem de uma forma que a comunidade não para de crescer.

Os fins justificam os meios? Quais os limites de um local para reabilitação? Pessoas presas em celas com correntes e denúncias de violência são fatos que surgem. “E as correntes invisíveis da heroína?”, questiona uma mulher. Luciano Nigro, jornalista, traz um olhar questionador, mas de alguém que usufruiu do sensacionalismo com força na época.

Vincenzo vira o principal assunto do país e sua popularidade faz com que se seja convidado para diversos programas de televisão e jornais. No tribunal, entre as testemunhas de defesa, atores que tiveram seus filhos “internados” em SanPa, como chama o lugar. Para somar a tudo que a história real tem de interessante, existe a questão esotérica.

A docussérie As Correntes de San Patrignano mantém o interesse do espectador com muitas imagens de arquivo, depoimentos de vários lados e sem seguir pelo caminho do julgamento fácil.

A saber, o lugar que Vincenzo criou ainda existe e tem na chefia alguns dos ex-dependentes que passaram por lá.

Enfim, o trailer (legenda em inglês):

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Cinema

Nenhum saber para trás: os perigos das epistemologias únicas, com Cida Bento e Daniel Munduruku | Assista aqui

Veja o filme que aborda ações afirmativas e o racismo na ciência num diálogo contundente

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Nenhum saber para trás: os perigos das epistemologias únicas | com Cida Bento e Daniel Munduruku

Na última quinta-feira (23), fomos convidados para o evento de lançamento do curta-metragem Nenhum saber para trás: os perigos das epistemologias únicas | com Cida Bento e Daniel Munduruku. Aconteceu no Museu da República, no Rio de Janeiro.

Após a exibição um relevante debate ocorreu. Com mediação de Thales Vieira, estiveram presentes Raika Moisés, gestora de divulgação científica do Instituto Serrapilheira; Luiz Augusto Campos, professor de Sociologia da UERJ e Carol Canegal, coordenadora de pesquisas no Observatório da Branquitude. Ynaê Lopes dos Santos e outros que estavam na plateia também acrescentaram reflexões sobre epistemicídio.

Futura série?

O filme é belo e necessário e mereceria virar uma série. A direção de Fábio Gregório é sensível, cria uma aura de terror, utilizando o cenário, e ao mesmo tempo de força, pelos personagens que se encontram e são iluminados como verdadeiros baluartes de um saber ancestral. Além disso, a direção de fotografia de Yago Nauan favorece a imponência daqueles sábios.

O roteiro de Aline Vieira, com argumento de Thales Vieira, é o fio condutor para os protagonistas brilharem. Cida Bento e Daniel Munduruku, uma mulher negra e um homem indígena, dialogam sobre o não-pertencimento naquele lugar, o prédio da São Francisco, Faculdade de Direito da USP. Um lugar opressor para negros, pobres e indígenas.

Jacinta

As falas de ambos são cheias de sabedoria e realidade, e é tudo verdade. Jacinta Maria de Santana, mulher negra que teve seu corpo embalsamado, exposto como curiosidade científica e usado em trotes estudantis no Largo São Francisco, é um dos exemplos citados. Obra de Amâncio de Carvalho, responsável por colocar o corpo ali e que é nome de rua e de uma sala na USP.

Aliás, esse filme vem de uma nova geração de conteúdo audiovisual voltado para um combate antirracista. É o tipo de trabalho para ser mostrado em escolas, como, por exemplo, o filme Rio, Negro.

Por fim, a parceria entre Alma Preta e o Observatório da Branquitude resultaram em uma obra pontual para o entendimento e a mudança da cultura brasileira.

Em seguida, assista Nenhum saber para trás:

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