Luedji Luna apresentou seu show “Corpo no Mundo” na última sexta-feira (07), na Fundição Progresso, na Lapa (RJ). Primeiramente, DJ Nyack, que remixou o álbum dela com estilo hip hop, entrou no palco e, como um mestre de cerimônias, chamou Luejdi Luna, que entrou abraçando o público com “Acalanto” por volta de 0h. Posteriormente, oferecendo a todas as mães pretas, cantou a melancólica “Cabô” sob uma iluminação vertical com toques providenciais de vermelho. A canção é sobre dor e perda.
Quem vai pagar a conta?
Quem vai contar os corpos?
Quem vai catar os cacos dos corações?
Quem vai apagar as recordações? (eh, eh)
Quem vai secar cada gota?
De suor e sangue
Cada gota de suor e sangue
De suor e sangue
Cabô
Já havia presenciado um show da Luedji no Circo Voador, em 2019, muito bom por sinal. Certamente, ela manteve a qualidade e as participações especiais que gosta. Inclusive, Stefanie MC havia aparecido no show do Circo e voltou novamente nesse levantando a galera com sua pergunta: “Quem gosta de ver mulher cantando rap ae?”. Assim, uniram-se na “Saudação Malungo”.
Lenda do Rap
Logo depois, a grande surpresa da noite surgiu. Um preto em movimento entrou traficando informação. Era a lenda do rap do Rio de Janeiro: Mv Bill. A lotada Fundição foi ao delírio. DJ Nyack pegou um microfone e cantou ao lado dele. A seguir, o rapper de Porto Alegre, Zudizilla, veio acompanhar Luedji Luna no seu maior sucesso “Banho de Folhas”. Certamente, energizaram a tradicional casa de shows carioca.
Então, todos que participaram se juntaram no palco, lindamente iluminado, em “Iodo”. Nessa forte e crítica canção, ela diz: “As políticas/ Uterinas / De extermínio / Dum povo que não é / Reconhecido como civilização”, entre outros versos que clamam por uma sociedade melhor e mais justa, e deixa claro que sabe ser trovão. Aliás, ficou claro que ela é trovão, estrondando a Fundição Progresso e arrancando palmas que corroboravam. Além disso, sem deixar cair, ainda veio com sua versão de “Ready or Not”, dos Fugees.
O show, redondinho, terminou, para, em pouco tempo, Liniker e os Caramelows entrarem, mantendo a qualidade lá no alto (aliás, saiba aqui como foi, por Kelly Lima). Enfim, ficou já a saudade das belas e contundentes mensagens, da voz, e da força de Luedji Luna, que reverbera, levanta e faz pensar.