Maus é um romance gráfico iniciado em 1980 e terminado somente em 1991. Produzido pelo sueco Art Spiegelman, ilustrador, escritor e cartunista, famoso por sua produção de charges, ilustrações e capas para a reconhecida revista estadunidense The New Yorker.
No ano de 1986 foi lançado o primeiro volume desta obra que chegou a ser exibida no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, rendendo ao autor o prestigiado prêmio Pulitzer de jornalismo em 1992.
O romance é triste e realista, de forte carga emocional e utiliza a alegoria de animais como simbolismo dos personagens (ratos como judeus, gatos como nazistas, poloneses como porcos, estadunidenses como cães, etc). Esta ferramenta serve para ironizar o contexto desumano e cruel do nazismo, contrastando com símbolos capitalistas como Mickey Mouse e o mundo fantasioso de Walt Disney.
A HQ conta a história dos pais de Art Spiegelman, os quais sobreviveram ao holocausto. Foca principalmente na figura do pai, Vladek Spiegelman, e de como o mesmo conseguiu sair vivo – porém obviamente traumatizado – após sofrer nos campos nazistas da segunda guerra mundial e como isto veio a afetar as vidas de sua esposa e do próprio Art.
Maus mexeu especialmente comigo por mostrar as dificuldades na relação de Art com seu pai, a busca pelo entendimento entre eles, e a forma como no decorrer da criação da obra vão se conhecendo e reconhecendo.
Foi a primeira obra em quadrinhos a ganhar um prêmio Pulitzer e traz muitas reflexões sobre os horrores da guerra e como a humanidade pode enveredar por caminhos torpes e tortuosos. Principalmente quando se rende ao fascismo e à intolerância.
Esta obra tem forte relevância na minha vida por ser uma mistura de quadrinhos, história, metalinguagem, biografia e jornalismo, tendo trazido aos holofotes a constantemente subestimada nona arte.
Meu pai, já falecido, possuía muito do jeito de Vladek Spielgeman, personagem principal de Maus, e traço paralelos entre suas vidas, mesmo sendo completamente impossível comparar suas vivências. Os horrores pelos quais Vladek passou são inomináveis e abomináveis.
Maus trouxe reflexões sobre o sofrimento de meus antepassados negros paternos que sofreram de outra forma, com a escravidão.
A obra completa de Maus pode ser encontrada completa para venda em livrarias e sites, custando entre R$ 40 e R$ 60.
Relaciono essa obra com o quadro Guernica de Pablo Picasso, considerada uma “declaração de guerra contra a guerra e um manifesto contra a violência” e que também utiliza antropomorfismo; e com o filme de Steven Spielberg, A Lista de Schindler, baseado no romance Schindler’s Ark escrito por Thomas Keneally, sobre o holocausto.