A primeira cena, no mar, já é linda e mostra um belo trabalho de edição. Milagre Azul (Blue Miracle) começa por entre mundos e segue para a triste realidade de um grupo de órfãos num local chamado Casa Hogar. Quem cuida deles é Papa Omar (Jimmy Gonzalez em boa atuação). Ao seu lado, a parceira Becca (Fernanda Urrejola, bela e carismática).
Falta dinheiro para Omar e os problemas aumentam. Alguns fogem. Outros novos surgem das ruas. O filme consegue ser engraçado, com um elenco que se encaixa muito bem, desde os mais jovens até os mais velhos. Ainda por cima, tem o peso de Dennis Quaid como Wade, um pescador turrão. Como de praxe, ele não decepciona.
Lembrei de uma canção antiga, um velho reggae, “Fisherman”, do grupo The Congos. Diz assim em certo trecho: “row fisherman row / keep on rowing your boat / we’ve got to reach on higher grounds / rain is falling”. A chuva cai, mas o pescador deve seguir remando. Como Omar, que precisa vencer diversos desafios para manter o orfanato de pé, em especial, lidar com pessoas de personalidades distintas e ser uma âncora para elas. Além disso, deve superar traumas e perdas.
Até que aparece uma oportunidade, um torneio de pesca. Knot Enough é o sugestivo nome do barco que leva essa equipe numa aventura única e nos proporciona amadurecer juntamente com os personagens nessa jornada. A direção de Julio Quintana é coerente e sabe aproveitar os belos cenários que o mar fornece. A fotografia também. O roteiro de Julio Quintana e Chris Dowling é simples e funcional. E ainda é tudo baseado em uma história real.
Por fim, um daqueles filmes que servem para a família toda entre risos, sonhos, boas mensagens – e milagres, claro.