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Maria e João, O Conto das Bruxas | CRÍTICA

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Maria e João. Leia a crítica no Vivente Andante.

Infelizmente ‘Maria e João: O Conto das Bruxas’ é profundamente decepcionante. Normalmente não vejo filmes de terror, mas na última semana tive a oportunidade de assistir a esse e me senti como que bebendo uma xícara queimada de café frio. O grande pecado em questão de roteiro arrastado e previsível que falha em manter a tensão ou qualquer coisa parecida.

Onde o roteiro falha em questão de desenvolvimento a direção e atuação conseguem dar uma salvada precária. Maria, vivida por Sophia Lillis deu um exemplo excelente de como retratar uma jovem por volta de seus 16 anos tentando sobreviver no mundo malvado enquanto carrega o irmão João (Samuel Leakey) à tiracolo. Quando ambos invadem a casa da bruxa Holda (Alice Krige) temos outro show de atuação precisa e emocionalmente extenuante da mesma. Cada movimento, ação e frase exalam um nível desconcertante de controle e auto disciplina que vem com anos prática beirando a perfeição. Holda é a bruxa das nossas histórias infantis, e sim, ela come criancinhas. 

Nesse ponto o roteiro não dava nenhum indício de que iria avançar muito além. A reviravolta na história se dá por Maria ter poderes natos de bruxa, o que impele Holda a treiná-la nos caminhos do oculto culminando numa cena de embate bem fraca. O diretor Oz Perkins tinha uma trama interessante para desenvolver, contudo, algo desandou no meio do caminho e a mágica se perdeu.

Conto de Fadas semi-feminista?

Maria e João: O Conto das Bruxas’ pode ser chamado de um conto de fadas semi-feminista. Podemos notar uma subversão da menina frágil que se salva com a ajuda do irmão, o que definitivamente não acontece. Ao longo do filme você ouve diversas frases de empoderamento feminino e superioridade em termos de poder vindos da bruxa Holda. Isso gera uma sensação da mensagem estar sendo forçada ao espectador, já que a direção usa esse discurso na antagonista ao invés da protagonista (mas só até pouco antes do final).

O único elogio completo que pode ser dado ao filme é pela direção de fotografia pelo design de produção. Todas as cenas estão enquadradas belissimamente; cada um dos takes segue uma paleta de cores mudas e depressivas que é um dos poucos lembretes que estamos num filme de terror. O CGI não é mal feito nem desnecessariamente explícito, o que já agrega alguns pontos. A ideia da “floresta encantada” é um clichê muitíssimo bem vindo nesse caso, trazendo um ambiente relativamente conhecido mas povoado por criaturas desconhecidas e perigosas, como as bruxas que perseguem as alucinações de Maria e a menininha do capuz rosa, a fonte de inspiração de toda a história e drama.

Enfim, a experiência de sair de uma sala de cinema desapontado foi triste. ‘Maria e João: O Conto das Bruxas’ já não tem um título que chame muita atenção ou um trailer que anime o espectador a presenciar essa obra mediana, e isso se junta a um roteiro perdido e uma direção sem caminho para criar um filme que finalmente te faz pensar o que você poderia ter feito numa tarde de sábado ao invés de ter ido ao shopping assistir isso. Não é exatamente ruim, só monótono.

O filme estreia dia 20 de fevereiro. Veja o trailer:

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Nenhum saber para trás: os perigos das epistemologias únicas, com Cida Bento e Daniel Munduruku | Assista aqui

Veja o filme que aborda ações afirmativas e o racismo na ciência num diálogo contundente

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Nenhum saber para trás: os perigos das epistemologias únicas | com Cida Bento e Daniel Munduruku

Na última quinta-feira (23), fomos convidados para o evento de lançamento do curta-metragem Nenhum saber para trás: os perigos das epistemologias únicas | com Cida Bento e Daniel Munduruku. Aconteceu no Museu da República, no Rio de Janeiro.

Após a exibição um relevante debate ocorreu. Com mediação de Thales Vieira, estiveram presentes Raika Moisés, gestora de divulgação científica do Instituto Serrapilheira; Luiz Augusto Campos, professor de Sociologia da UERJ e Carol Canegal, coordenadora de pesquisas no Observatório da Branquitude. Ynaê Lopes dos Santos e outros que estavam na plateia também acrescentaram reflexões sobre epistemicídio.

Futura série?

O filme é belo e necessário e mereceria virar uma série. A direção de Fábio Gregório é sensível, cria uma aura de terror, utilizando o cenário, e ao mesmo tempo de força, pelos personagens que se encontram e são iluminados como verdadeiros baluartes de um saber ancestral. Além disso, a direção de fotografia de Yago Nauan favorece a imponência daqueles sábios.

O roteiro de Aline Vieira, com argumento de Thales Vieira, é o fio condutor para os protagonistas brilharem. Cida Bento e Daniel Munduruku, uma mulher negra e um homem indígena, dialogam sobre o não-pertencimento naquele lugar, o prédio da São Francisco, Faculdade de Direito da USP. Um lugar opressor para negros, pobres e indígenas.

Jacinta

As falas de ambos são cheias de sabedoria e realidade, e é tudo verdade. Jacinta Maria de Santana, mulher negra que teve seu corpo embalsamado, exposto como curiosidade científica e usado em trotes estudantis no Largo São Francisco, é um dos exemplos citados. Obra de Amâncio de Carvalho, responsável por colocar o corpo ali e que é nome de rua e de uma sala na USP.

Aliás, esse filme vem de uma nova geração de conteúdo audiovisual voltado para um combate antirracista. É o tipo de trabalho para ser mostrado em escolas, como, por exemplo, o filme Rio, Negro.

Por fim, a parceria entre Alma Preta e o Observatório da Branquitude resultaram em uma obra pontual para o entendimento e a mudança da cultura brasileira.

Em seguida, assista Nenhum saber para trás:

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