O álbum Mundo Afro chega às plataformas digitais para celebrar a força cultural da Bahia. O disco reúne sete dos mais importantes blocos afro e afoxés de Salvador: Filhos de Gandhy, Ilê Aiyê, Olodum, Malê Debalê, Muzenza, Didá e Cortejo Afro. Com produção musical de Alê Siqueira, o projeto conta com 21 faixas que destacam a riqueza rítmica e a mensagem social dessas instituições. Além da versão digital, uma edição limitada em vinil duplo está prevista para maio.
A iniciativa é da produtora Janela do Mundo, com distribuição da Altafonte e apoio do Programa de Isenção Fiscal Viva Cultura, da Prefeitura de Salvador, em parceria com a SEFAZ, SECULT e Fundação Gregório de Mattos (FGM).
Gravado ao ar livre na sede do Malê Debalê, em novembro de 2024, o álbum traz o som autêntico da percussão baiana, captado em ambiente natural.

O legado dos blocos afro e afoxés da Bahia
O álbum apresenta três canções de cada grupo, ressaltando a diversidade de estilos. Entre os destaques, o Afoxé Filhos de Gandhy interpreta clássicos como Dandarerê, Axé, Paz e Amor e Alfazema, enquanto o Ilê Aiyê traz Filhos do Barro Preto, Nzinga Brasileira e Matriarca do Curuzu. O Olodum, ícone do samba-reggae, participa com Dumdum O Pulso Toque do Olodum, Olodum Firme na Estrada e Olodum Fulalá.
O Malê Debalê marca presença com Que Diz Meu Povo, Sorri Negão e Negros Sudaneses, enquanto o Muzenza traz a energia de Negro Lindo, Jah Jah Muzenza e Grito de Liberdade. A força feminina da Didá se destaca em Neguinho Afrofuturista, Uma Nega e Didá Mulher Guerreira. Fechando o repertório, o Cortejo Afro interpreta Ajeumbó, Reza Benzedura e Simpatia e Yabás.
Cada faixa reflete a identidade única de cada grupo, marcada pela influência do candomblé, pelos tambores ancestrais e pelas letras que abordam temas como identidade, resistência e valorização da cultura afro-brasileira. Para Mário Pam, mestre do Ilê Aiyê, o projeto celebra os 50 anos da fundação do bloco, consolidando o papel dos blocos afro na construção da identidade cultural de Salvador.

Produção musical e expectativas para o futuro
Sob a direção de Alê Siqueira, o álbum busca capturar a essência do universo percussivo afro-baiano. Segundo o produtor, o objetivo foi evidenciar a diversidade rítmica e a riqueza poética de cada grupo, respeitando suas tradições e linguagens particulares. O resultado é uma obra que equilibra a força dos tambores com a profundidade das letras, criando um registro que conecta passado, presente e futuro.
Para Rogério Alves de Oliveira, presidente do Cortejo Afro, o projeto abre portas para novas oportunidades e amplia a visibilidade da música afro-baiana, que segue inspirando festivais e artistas em todo o mundo. Débora Souza, vice-presidente da Didá, destaca que a gravação ao ar livre trouxe desafios, mas também garantiu uma qualidade acústica diferenciada. Ela ressalta o papel da Didá na promoção da participação feminina na música, reforçando a importância de manter vivas as tradições afro-brasileiras.

Com Mundo Afro, a Bahia reafirma sua posição como berço de uma cultura vibrante e diversa. O álbum não apenas celebra o legado dos blocos afro e afoxés, mas também apresenta essa riqueza sonora para novas gerações, consolidando-se como um marco na história da música brasileira.