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Cultura

Netflix – Olhos que condenam

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Garotos felizes, com suas namoradas, seus amigos, cheios de passatempos e sonhos, vão caminhando se juntando meio sem querer querendo, em direção a um parque. Estão simplesmente rindo, brincando… zoando. São adolescentes e crianças que juntos parecem se sentir mais fortes.

O problema é que no momento que estão no parque, um crime acontece, um estupro de uma loira. Alguém tem que ser culpado. Esse crime não pode ficar sem solução. Ei, calma, aqueles garotos são negros ou hispânicos. Achamos os “culpados”.

A história começa com o crime em si. Nós assistimos impotentes como Richardson (Asante Blackk), McCray (Caleel Harris), Salam (Ethan Herisse), Wise (Jharrel Jerome) e Santana (Marquis Rodriguez), todos adolescentes negros ou latinos do Harlem, são puxados para o caso. Vemos confissões forçadas e coagidas. Os pobres meninos se esforçam para juntar uma narrativa que (falsamente) acreditam que agradará aos detetives e os manterá fora da prisão.

A situação vira uma caça às bruxas. Uma inquisição. Somos apenas espectadores assistindo pela tela, mas a impressão é que estamos ali, próximos, tamanha é a verossimilhança que a série passa. As atuações, a direção, a fotografia. É tudo de um capricho e seriedade extremos. Não poderia ser diferente pela temática pesada e violenta que aborda.

A “investigadora” se porta como juíza. Escolheu os culpados e guia tudo a seu bel prazer, para sanar o próprio ego e a sede de “justiça” a qualquer custo. É o poder sendo utilizado da sua pior forma, para induzir mentiras e criar fatos inexistentes.

Alguns garotos viram bodes expiatórios – pois precisam de alguns. São negros e/ou hispânicos. Sofrem da crueldade dos mais baixos níveis que seres humanos (humanos?) podem descer. Tortura, chantagem, violência física e psicológica. A sensação de quem assiste é impotência, indignação.

A história é real; e é isso que dói mais. Em 19 de abril de 1989, uma mulher foi atacada e estuprada enquanto corria no Central Park, em Nova Iorque. Cinco meninos, Korey Wise, Yusef Salaam, Antron McCray, Raymond Santana e Kevin Richardson, que tinham entre 14 e 16 anos na época, foram condenados pelo crime.

A trilha sonora é de um esmero que faz toda diferença, é fator preponderante para o sucesso da produção, guiando o tom das cenas, acrescentando sempre. Nada é aleatório. No primeiro episódio, o som de abertura é I Got It Made, de Special Ed, lançado em 1989. Temos hip hop de alta qualidade com Fight the Power do Public Enemy , artistas de peso como Frank Ocean, Nipsey Hussle Jay Z, The Cinematic Orchestra, entre outros.

Podemos ver também Donald Trump dando entrevistas na época do ocorrido, divulgando sua opinião e inclusive pagando por propaganda em favor da pena de morte. Querendo matar aqueles meninos inocentes.

O tom da minissérie nos dois primeiros episódios é de tragédia épica. No geral, o elenco inteiro atua com eficiência, realismo, e é tudo tecnicamente perfeito, bem produzido, impecável.

O desespero dos familiares dói em quem assiste. Reitero: a sensação de impotência e indignação é forte e inevitável. Vemos um sistema opressor trabalhando de forma injusta e preconceituosa com o apoio de uma mídia sensacionalista. O circo armado.

Olhos que condenam é uma aula sobre crueldade, racismo e injustiça. Coisas ruins que permeiam esse mundo em que vivemos. Não é fácil de assistir, mas é relevante demais. Como meninos inocentes viram bodes expiatórios. Enquanto assistia, muitas vezes senti como se levasse um soco no estômago. A angústia impera.

Imagina você ser preso por um crime que não cometeu? O seu sofrimento e de seus familiares? Nem para o pior inimigo desejaria algo assim.

Tente se colocar no lugar de Korey Wise, um garoto de 16 anos que só quis acompanhar o amigo até a delegacia, para ajudar. E que acaba sendo arrastado pela onda justiceira, sendo o único a ir para prisão de adultos. Jharrel Jerome tem uma atuação que atinge nosso âmago, fazendo sentir o gosto amargo da solidão. No último episódio temos uma noção do que esse guerreiro passou até a reviravolta que trouxe novidades.

Foi pesado ver a minissérie. O trabalho de direção e roteiro de Ava DuVernay deve ser louvado. Todos deveriam assistir para entender melhor o sistema em que vivemos. Sistema esse que foi construído de uma forma tão injusta e opressiva. Infelizmente, na sociedade prevalece o engano. Contudo, no fim, apesar de todo o pesar, a minissérie também é sobre esperança e fé. Isso que move o mundo em prol da verdade e da justiça.

Jornalista Cultural. Um ser vivente nesse mundo cheio de mundos. Um realista esperançoso e divulgador da cultura como elemento de elevação na evolução.

Cinema

Estreias do fim de semana nos streamings – Março 2023 (24/03)

Os destaques ficam com a segunda temporada de ‘Cidade Invisível’ na Netflix e ‘Ringo: Gloria e Morte’ do Star+.

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Esse fim de semana vem recheado com estreias de séries e novas temporadas. Além disso temos os shows do Lollapalooza Brasil 2023 na Globoplay. Vem conferir os lançamentos e deixa nos comentários o que irão assistir.

Cidade Invisível T2 – Netflix

A segunda temporada de Cidade Invisível está chegando com novas entidades e muito mais mistério. Estrelada por Marco Pigossi, Alessandra Negrini, Zahy Tentehar, Leticia Spiller, Manu Dieguez e Simone Spoladore, os novos episódios estrearam dia 22 de março.

O Agente Noturno T1 – Netflix

Ao atender uma ligação de emergência, um agente do FBI se vê no centro de uma conspiração letal, envolvendo espionagem na Casa Branca. Do produtor executivo de The Shield e S.W.A.T., O Agente Noturno estreou em 23 de março.

Perfect Adition – Prime Video

Uma paixão viciante que se torna uma vingança perfeita! A vida da treinadora Sienna (Kiana Madeira) estava em perfeita harmonia, até seu namorado Jax (Matthew Noszka), que também era seu aluno, a trair com sua própria irmã, iniciando uma guerra que nem ele esperava. Agora ela decide treinar o único homem capaz de derrotá-lo, seu arqui-inimigo Kayden (Ross Butler).

Ringo: Glória e Morte T1 – Star+

Em busca de uma retomada na carreira do boxe, já em declínio devido uma série de infelizes contratos, Oscar “Ringo” Bonavena, o peso-pesado mais famoso da Argentina chega à Nevada. Ele se envolve com a máfia e tenta conseguir uma luta final com Ali.

Amor nas Alturas T1 – Star+

Uma comédia romântica musica ambientada na cidade de Nova York de 1999. Segue a extraordinária história de um casal comum que ao se apaixonarem encontram um mundo de memórias, obsessões, medos e fantasias dentro de suas cabeças.

Superman e Lois T3 – HBO Max

Após anos enfrentando vilões megalomaníacos, monstros destruidores e invasores alienígenas, o Homem de Aço e a famosa jornalista Lois Lane retornam à idílica cidade de Smallville para criar os filhos adolescentes, Jonathan e Jordan.

Origem T1 – Globoplay

A viagem da família Matthews acaba mal quando saem da rota e acabam em uma cidade interiorana na qual são aprisionados e perseguidos por criaturas que caçam almas após o anoitecer.

Outro destaque da Globoplay nesse fim de semana é a cobertura do festival Lollapalooza Brasil 2023. Neste sábado teremos shows de Jane’s Addiction, Tame Impala, The 1975, Twenty Øne Piløts e muito mais.

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