O Grande 14 (The Great 14th: Tenzin Gyatso, The 14th Dalai Lama In His Own Words The Great 14th). Nesse documentário dirigido por Rosemary Rawcliffe com simplicidade e eficiência, o risonho e irreverente Dalai Lama fala sobre ele mesmo, sua história e convicções, numa espécie de autobiografia oral. Política, espiritualidade, religião, sofrimento, são alguns dos temas abordados pelo filme. Tenzin Gyatzo, o Dalai Lama, faz 85 anos no dia 6 de julho de 2020. Pude ver o filme online, pois ficou liberado durante dois dias (27 e 28 de junho), numa premiere virtual global.
O documentário mostra um pouco da história desse homem em seu papel de líder político e espiritual. Ao visitar a Índia, o Dalai Lama conhece e se impressiona com o sistema democrático e a liberdade de expressão. As raras imagens antigas dele no Tibet e na Índia engrandecem com louvor a obra. Com um discurso que preza pela sensatez, ele não se esconde e diz que não deve haver um buraco entre ricos e pobres. Sendo assim, comenta que a economia marxista se preocupa com essa distribuição, ao contrário do capitalismo, que só visa o lucro. Segundo ele, “a economia marxista pelo menos tem alguma moral ética”.
Ética e Altruísmo
O estudo da filosofia budista está no filme, logicamente. O Dalai Lama coloca a literatura budista como grande fonte de informação para o mapa da mente, devido a necessidade do conhecimento sobre o nosso sistema emocional. Ele deixa claro que está sempre lendo e pensando, mas conecta essas reflexões com a vida diária, fazendo com que seja algo vivo. Tal fala dele – como tantas outras – faz pensar sobre a busca do autoconhecimento e de um caminho do Bem. A ética é um assunto muito presente nas declarações do Dalai Lama. Fica claro que, na concepção dele, a ética verdadeira vem de uma preocupação com o bem-estar do próximo.
Além disso, também fala que sempre ouve a BBC. Nesse momento vemos sua feição mudar ao falar do tanto de sofrimento que percebe ao ouvir essas notícias e a falta de senso da dor do próximo, a falta do desejo de fazer alguma coisa, de prevenir tudo isso. Tais coisas deveriam ficar acima dos interesses de nações específicas, de acordo com ele. Dalai Lama apresenta lições de altruísmo, quer estimular isso. Apesar de tudo, afirma que, desde criança, só queria ser uma pessoa comum. Em sua humildade jaz grande parte de seu carisma.
Refugiado
Em certo momento, Dalai Lama teve que deixar seu lar. Entretanto, isso acabou sendo bom para que viajasse e conhecesse o mundo – e a realidade. Sobre o Prêmio Nobel que ganhou em 1989, Dalai Lama fala: “Tornar-se um refugiado foi muito, muito bom. Por causa da política agressiva da China comunista. Eles me deram essa oportunidade. Criaram isso. Dessa forma.” O homem advoga por três causas: a promoção dos valores humanos, a harmonia religiosa e a situação do Tibet.
É bonito ver como Dalai Lama defende a fé como um instrumento de melhora do ser humano, porém, afirma que nunca pode haver quem mate em nome da fé ou de uma religião. A base das religiões é o amor. Interessante como ele coloca o conceito de uma só religião, uma só verdade, como algo ultrapassado. Aliás, diz que nunca quis propagar o budismo, pois isso seria um desrespeito com outras religiões. Mente pacífica e pesquisa científica é a união que pode mudar o mundo. Os ensinamentos de Dalai Lama, o grande 14, são relevantes e essa é a conclusão que fica. Saiba mais em https://thegreat14th.com/