Filmes como “O Pai das Minhas Filhas” (Le père de mes enfants) que retratam o cotidiano costumam me atrair de uma forma diversa da fantasia, mais profunda e perigosa. Afinal, resgatam a realidade da qual muitas vezes tentamos escapar ou esquecer.
O que tem de mais assustador para que desejemos fugir é o fato de não esperarmos desfechos fantásticos, soluções engenhosas para os problemas e encararmos de frente as limitações que temos nas relações que vivenciamos, onde mesmo fazendo nosso melhor pode não ser o bastante.
Partindo do final para o começo, posso afirmar que não são todas as pessoas que terão a experiência de presenciar um genitor falir em busca de seu sonho. É pesado, arrastado, perde-se a direção de pra onde ir e com muito esforço lembra-se de onde veio e por qual motivo está ali, vivendo aquela situação.
Aliás, o pai das minhas filhas ousou
Digo que nem todos, pois falir não é um caminho curto. É preciso uma pessoa que se desenvolveu, acreditando em si mesma por um bom tempo, muitas vezes sozinha. Alguém que decidiu encarar o mundo e suas dificuldades para realizar aquilo que imaginou ser possível; é necessário a responsabilidade sobre seus atos e saber como eles afetam aqueles que lhes são mais estimados, é preciso seguir firme sendo seu próprio alicerce e motor.
O falido é aquele que ousou, que quis, e que por muito tempo pode criar uma realidade que não existiria jamais sem sua força de pensamento e determinação. Com o que eles não contam ao longo dessa trajetória é com o fato de serem humanos mais do que gostariam, de o mundo ser volátil além de suas forças, de seus traumas serem tão presentes e as pressões sociais enraizadas neles mais do que imaginam ser capazes de aceitar.
“O Pai das Minhas Filhas” aborda não só família, mas também economia, capital social e intelectual, assertividade e a arriscada anti-fragilidade, que não deve ser levada para casa, do trabalho, ao final do expediente. Nossas ditas fraquezas são tão importantes para nossa formação de caráter quanto nossas virtudes e muitas vezes são negligenciadas.
Saúde mental
Neste mês da saúde mental, após tanto tempo aguardando o retorno das liberdades pré pandemia, sabemos exatamente o quanto somos delicados e precisamos de ajuda, até mesmo e principalmente, aqueles que não demonstram todo o turbilhão de pensamentos e sentimentos diários que os dominam.
Seu tempo útil, cultura social e sua visão de mundo são aquilo que te manterá de pé frente uma realidade tão dura. Saber ainda manter a infância protegida e a leveza ao longo dos dias deveria ser considerado uma arte.
Na história, a mãe das filhas tem muito a ensinar também sobre presença positiva, tato e verdade numa
relação. Ainda que fique um pesar sobre o desfecho e sua incapacidade de impedi-lo. Porém, assim também faz conosco a vida e só podemos repassar o que aprendemos, na esperança de alertar outros para que não cometam os mesmos enganos, se assim desejarem, para que avancem um pouco mais, sigam um pouco mais na direção de seus sonhos, sonhos estes que valem a pena viver e idealizar.
Espero que, como eu, deixem que a realidade imaginária dos filmes te ajudem a compreender a multiplicidade das existências. E que, por fim, não fujam, vivam o máximo que suportarem e sigam sonhando. Sabendo que perseguir seu caminho é como dançar no mar, você sabe os passos que quer executar, mas o chão sob você se move contra sua vontade e seu ambiente pode ou não ser favorável.
Enfim, foque no ar que conseguiu respirar antes de uma onda forte te pegar e encontre no fundo o caminho para emergir e seguir com a dança.
Afinal, veja o trailer:
Serviço:
Onde assistir: www.supomungamplus.com.br
Quanto: 7 dias grátis para o assinante. Através de uma assinatura mensal, por R$23,90, ou anual, por R$199,90, realizada no próprio site da plataforma (www.supomungamplus.com.br).