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The Lord of Eagle, Toyon Kyyl, filme russo
CinemaCríticaNotícias

O Senhor Águia | Filme russo mostra o potencial cinematográfico na simplicidade

Por
Luciano Bugarin
Última Atualização 29 de março de 2023
6 Min Leitura
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(divulgação)
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Conhece o filme ‘O Senhor Águia‘(The Lord Eagle, Toyon kyyl), dirigido por Eduard Noviko? A União Soviética: uma união de repúblicas socialistas que supostamente mantinha uma união entre diversas nacionalidades, culturas e crenças. Na realidade o vasto território soviético era marcado por diferenças na multiplicidade de costumes e modos de vida. Enquanto o governo soviético buscava solidificar-se como uma potência industrial, grande parte do território soviético ainda era basicamente rural e atrasado. As religiões por serem vistas como um estorvo no novo regime socialista, foram perseguidas e proibidas.

Este cenário, as vezes contraditório, surgido após a revolução de 1917, é simbolizado pela história do filme “O Senhor Águia”. Ambientado em uma região remota da União Soviética oriental, o filme conta a história de um casal idoso que vive em sua pequena propriedade rural e que um dia é surpreendido pela presença de uma águia nos arredores. Contudo, como eles tem uma visão sacra do animal como um mau presságio, buscam tentar afugentá-la através de oferendas e cerimônias religiosas.

Conflito entre gerações

Situado na década de 30, a história mostra sutilmente o conflito entre gerações pré e pós revolução na oposição dos personagens idosos com os mais jovens. Este descaso da nova geração com o antigo é simbolizado pelos jovens soldados que patrulham a região que acham graça da arma antiquada que o protagonista (Mikipper) carrega. A total negação das tradições esteve muito presente na revolução e implementação do novo regime.

Na intenção de extinguir qualquer resquício do Czar e os tempos anteriores ao novo regime, tudo ligado ao tradicional era proibido e negado. Esta oposição de pensamentos simboliza de forma direta como a União Soviética buscou uma integração forçada, onde as antigas tradições eram banidas. As pessoas em geral não consideravam a vida antes de 1917 melhor. Mas havia muitos povos distintos com diversas peculiaridades em demasia para abrirem mão de suas individualidades por decreto. O casal protagonista ao pedir ajuda a um xamã exemplifica essa dualidade, onde as pessoas não abrem mão de suas crenças religiosas, mas precisam praticá-las de forma escusa, pois a religião é proibida no novo regime.

Um único cenário

O filme utiliza basicamente um mesmo cenário: uma cabana e poucos atores. O casal de protagonistas está predominantemente dominando a ação do filme, assim como a águia que não chega a ser um personagem, mas a personificação da tênue linha que separa a vida camponesa e religiosa da vida devota e ateia do regime socialista. Ao mesmo tempo que eles desejam livrar-se da águia, eles a temem. Essa simplicidade de cenário e personagens remota a alguns filmes do cinema soviético mudo que eram concentrados na história e que buscavam representar de forma mais realista possível a vida soviética.

Todas estas questões funcionam como analogia de características da vida no pós revolução de 1917. Características estas que são apresentadas por meio do drama peculiar do casal afim de traduzir as dificuldades, dúvidas e incertezas vividas pelo povo soviético, divididos entre suas tradições e seu apoio incondicional ao novo regime. Os atores inclusive são de uma simplicidade e originalidade tocantes em suas atuações. Ambos já com uma certa idade estão trabalhando pela primeira vez em um filme.

Modernizando os “atrasados”

O filme expressa de forma clara a diferença da postura entre a geração pós-revolução e a pré-revolução mostrando em pontos cruciais da história a tentativa do regime de “modernizar” a parte atrasada e rural da União Soviética, onde as pessoas viviam com seus bois, vacas e cavalos dentro de casa. O filme consegue através de uma história simples criar simultaneamente uma fábula e
uma alegoria histórica. O cenário inóspito da região também tem presença marcante no filme que mostra sua força dramática na honestidade e sinceridade dos “não-atores” que interpretam o casal protagonista. Apesar de sua aparente simplicidade, “O Senhor Águia”, é de um potencial cinematográfico impressionante.

Enfim, o filme foi exibido no Festival de Cinema do BRICS que ocorreu entre setembro e outubro de 2019 na cidade de Niterói (RJ) e infelizmente parece que não teve estreia no circuito comercial brasileiro ou perspectiva disso. Quem tiver curiosidade e meios para isso sugiro fortemente que busque em algum lugar da internet este filme para assistir ou baixar.

Trailer do filme com legenda em inglês:
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Tags:Eduard Novikofestival de cinema do bricsfilme da rússiafilme russomikippero senhor águiathe lord eagletoyon kyylunião soviética
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Professor de artes e cineasta independente. Sou cinéfilo, fã de Simpsons, entusiasta de artes que fogem do óbvio e músicas barulhentas.
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