Um encontro de ideias, poesia e crítica social: assim podemos resumir o que ocorreu na LER – Salão Carioca do Livro. Especialmente, no Sarau Sesc Rio, realizado no Campo de Santana, na última sexta-feira (22). Personalidades da poesia com histórias de vidas peculiares levaram palavras de ordem e questionamento ao racismo e ao machismo presentes na sociedade brasileira.
Primeiramente, Letícia Britto (@leticiabritopoeta) contou um pouco da história do slam, expressão artística surgida em Chicago, em 1980. A poeta mostrou como esse movimento que mistura ritmo, força e poesia chegou ao Brasil contemporâneo, mencionando a atriz-MC Roberta Estrela D’alva. “Tem sido espaço de afeto e aquilombamento”, conta. Letícia integra a produção do Slam das Minas e tem em seu currículo a realização de eventos como Mulherau, Pizzarau, Batalha da Pizza e Tagarela.
Ande mais:
Bloco Malunguetú – Dandara Abreu – Entrevista
João Raphael fala sobre consciência negra, sociologia, educação e arte
Bloco Malungüetú se apresenta no último Samba na Serrinha do ano
Por trás da fala direta da Rainha do Verso (@rainhadoverso), está a poeta e atriz Rejane Barcelos. Aliás, na LER, ela discursou sobre as dificuldades de ser uma mulher negra e moradora de favela. Uma das organizadoras do Slam Maré Cheia, ela precisou e ainda precisa trabalhar como camelô, porém afirma que cada vez menos exerce essa função. “Ser camelô é uma arte”, revela Rejane. A artista falou também sobre a falta de recursos e atenção do Estado para com o Complexo da Maré.
Luta contra o Racismo
Na luta contra o racismo, a musicalidade se destaca na vida dessas mulheres. Izzy Bey (@izzybeyofficial) define-se como mulher preta e periférica. Com sua voz doce, ela declama uma poesia forte, Izzy também é rapper e cantora. Já Elaine Rosa, a DJ Rainha Crespa (@aelainerosa) é ativista cultural e criadora da Feira Crespa, no bairro da Pavuna, na cidade do Rio de Janeiro.
Depois de apresentarem suas histórias de vida na LER, Izzy Bey, Rainha do Verso e Letícia Brito mostraram a resistência através de suas poesias. Os versos e rimas são impactantes simplesmente porque contam a realidade do povo preto e periférico no Rio de Janeiro. É um ponto de vista de quem vive nas favelas cariocas e passa por todo tipo de repressão diariamente.
A saber, o sarau da LER contou ainda com a presença inesperada do renomado escritor Adriano Espínola que foi convidado a recitar alguns de seus poemas. Aliás, logo após a sessão de poesia mediada pelo ator e escritor Sérgio Fonta, a DJ Rainha Crespa contemplou os presentes com um set de música negra brasileira predominantemente de funk carioca. Ela inclusive ressaltou que dá preferência à música brasileira e que toca somente música preta.
Afinal, a LER– Salão Carioca do Livro promove a pluralidade cultural com foco na literatura. Neste ano, foram reservados dois espaços marcantes no centro do Rio de Janeiro: o Campo de Santana e a Biblioteca Parque Estadual. Uma passarela faz a conexão entre os espaços e o evento vai até o dia 24/11 (domingo).
Gostei muito, uma exelente reflexão.
É muito importante trazer essa consciência e reflexão sempre, ainda mais nos dias de hoje! Parabéns, matéria linda.