No último sábado (19), aconteceu o lançamento do primeiro livro do escritor e professor Fábio Carvalho. É o “Pequenos Escritos para Um Andarahy Grande” (Caminhos Editora). Engana-se quem julga a obra pelo título, ao achar que o livro de 25 mini-histórias não diz muita coisa sobre outros territórios do Rio de Janeiro que sofre cronicamente com o descaso do poder público, ao mesmo tempo que encontra potência de transformar cada detalhe de seu cotidiano em arte. Afinal, as biroscas, os armarinhos, o carro da pamonha ou o rio que corta o bairro são paisagens familiares para muitos suburbanos. E o Andaraí de Fábio não é diferente.
“O livro tem 25 pequenos escritos sobre o bairro, conta um pouco de sua história, contém também as minhas memórias enquanto nascido e criado no Andaraí, de valorização do bairro, que anda muito abandonado”, diz Fábio.
A ode ao local não deixa de ser, de certa forma, universal, visto que as paisagens e o cotidiano do simpático bairro da Zona Norte carioca são comuns a tantos bairros Rio – e Brasil – afora.
É um livro forjado e fortalecido na crise. E o combustível está nas “pedras miudinhas”, ou seja, nas ideias, acontecimentos, lugares e personagens que erroneamente não são tidos como “notáveis” ou “importantes”, mas que são capazes de nos aproximar e fazer com que nos apaixonemos pelo nosso lugar – e que nos motiva a lutar por ele.
Enfim, esperança
“Eu queria trazer para esse final de ano uma mensagem de esperança, de mostrar como as ruas, os bairros, suas histórias, suas memórias, suas pessoas são importantes. Foi isso que nos
levou a bancar esse lançamento, mesmo diante de um panorama bem delicado”, declara Fábio Carvalho.
Outro ingrediente fundamental está na coletividade. Fábio não esconde a gratidão pelos amigos do Movimento Cultural Rolé Literário, bem como encontrou em Danillo Bragança, proprietário da Livraria São Francisco, outro elemento fundamental para esse projeto.
“Você só consegue sair de uma crise dessas construindo redes, entre os vários envolvidos da cadeia de produção de um livro, da arte, da cultura, do social, do lazer etc. É essa rede que vai fazer com que a gente se mantenha vivo. A gente cria esses aspectos de ajuda mútua que fazem com que, mesmo que o processo seja difícil de manter, eles permaneçam funcionando aos poucos, mesmo que num ritmo mais lento, para que a gente consiga sobreviver diante das dificuldades”, disse Danillo.
Capricho
Aliás, “Pequenos Escritos de Um Andarahy Grande” é um livro feito com muito capricho, que nos apaixona à primeira vista e que nos deixa ainda mais apaixonados quando apreciamos os textos de Fábio, o qual possui uma fluidez incrível na escrita. O livro é daqueles que você termina de ler em uma tarde ou menos e fica querendo mais.
Quem é cria do Andaraí vai viajar nas memórias e histórias que o livro traz. E quem é cria de qualquer outro bairro suburbano, vai se sentir completamente representado. Afinal, o livro, mesmo partindo de aspectos próprios do bairro do Andaraí, é um passaporte a diversas memórias que aproximam os mais diversos bairros suburbanos. Dessa forma, é local e universal ao seu modo.
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