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Cultura

Flavia Abranches conversa com o mundo sobre a epidemia

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Flávia e o celular: companheiro inseparável

Flavia Abranches, jornalista e produtora de conteúdo digital de Niterói, encontrou no distanciamento social ocasionado pela Covid-19 uma oportunidade de conectar sua cidade com o mundo todo. “Assim que começou a quarentena, me veio a ideia de realizar lives, uma vez que tenho amigas que moram fora e toparam começar o projeto que produzo em meu perfil do Instagram (@flavi_abranches)”, explica.

A jornalista já utilizava a plataforma para divulgar serviços e produtos de Niterói e viu no espaço digital uma forma de ir além das fronteiras físicas impostas pelas novas condições sanitárias: “Eu queria saber como outras cidades estavam lidando com a pandemia, quais medidas foram implementadas, políticas públicas desenvolvidas para amenizar os impactos econômicos e como é o comportamento de outros povos e seus governantes diante dessa nova realidade mundial. Me senti na obrigação, como jornalista, de compartilhar informações”.

A ideia do projeto começou na rede de amigos mais próximos de Flávia e acabou ganhando o mundo: “Passei a fazer com amigos de amigos e então pessoas que assistem às lives de outro países se apresentam e marcamos uma conversa”. Nas lives, a jornalista e seus convidados compartilham dados sobre o cenário, estatísticas e medidas de combate e prevenção, além de abordarem os desafios da quarentena. “Tenho conhecido pessoas do mundo todo e mantemos contato. Após a live, eles seguem me atualizando sobre tudo, mandam imagens que publico em meu instagram e notícias que eles acessam por lá”, conta.

36 cidades

Na lista de países e cidades pelos quais Flávia já passou virtualmente, o que não falta é história para contar: “Desde o dia 21 de março, quando realizou a primeira live, já conversei cm 36 pessoas de 36 cidades diferentes” relata. E a volta ao mundo não para por aí. Flávia já está em contato com mais pessoas ao redor do globo e garante que a viagem online continua:

“Posso dizer que essa experiência, além de convergir informações e histórias sobre a pandemia de vários pontos do planeta, também nos mantém unidos à mesma realidade. E me deixa mais segura pois, ao conhecer as ações de outras cidades pelo mundo, vejo Niterói como um município que está atuando em diversas frentes para evitar o avanço da covid-19. Foi legal receber elogios das políticas públicas e medidas implementadas pela Prefeitura de Niterói dos convidados, em especial de Estocolmo, Bruxelas, Cusco, Nova York, Porto, Montreal e da cidade de Invercargill, na Nova Zelândia”.

A jornalista, porém, destaca que nem todas as observações são positivas. Seus convidados têm se mostrado preocupados com a política nacional do Brasil. “A visão crítica das atitudes do presidente do Brasil, na contramão dos países que estão conseguindo conduzir positivamente a pandemia, aparece constantemente, junto com as informações da imprensa internacional, que destaca o Brasil de maneira negativa, em meio à crise sanitária.”

Flávia ainda deseja conversar com alguém que more na China, em Amsterdam e na República Tcheca. “Estou em busca de alguém que more na África também” planeja.

Sobre o projeto:

Flavia já falou com pessoas de  36 cidades: Madri e Valencia (Espanha), Gondomar, Porto e Lisboa (Portugal), Kiel e Berlim (Alemanha), Boulogne-Billancourt (França), Cidade do México e São Luis Potosí (México). Além disso, teve Pitah Tiqva (Israel), Estocolmo (Suécia), Zug (Suíça), Toronto e Montreal (Canadá), Nova York, Orlando, San Diego, Los Angeles, New Jersey e Washington DC (EUA), Trømso (Noruega), Londres (Inglaterra), Bratislava (Eslováquia), Tallinn (Estonia), Bruxelas (Belgica), Dublin (Irlanda), Roterdã (Holanda), Cusco (Peru), Invercargill (Nova Zelândia), Buenos Aires (Argentina), Santiago (Chile), Sydney (Australia), Bergamo e Padova (Itália) e Chía (Colômbia).

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Juliana Linhares – Nordeste, Cultura, Arte, Política, Pietá e Iara Ira

Crítica

Benjamin, o palhaço negro | Uma homenagem ao primeiro palhaço negro do Brasil

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Parece até piada que notícias como a do racismo sofrido pelo jogador de futebol Vini Jr. ou um aplicativo que simula a escravidão tenham saído enquanto “Benjamin, o palhaço negro” está em cartaz. Infelizmente não é. Assim como não é piada e nunca deveria ser considerada como uma as coisas que um certo “humorista” disse no vídeo que, com razão, foi obrigado a ser retirado do ar. Infelizmente, a luta contra o racismo continua, desde a época em que Benjamin de Oliveira viveu, de 1870 a1954. Cem anos e as atitudes dos racistas continuam iguais! É um absurdo!

Mas sabe o que mudou? O combate. Como fica bem óbvio no texto do musical, agora não se sofre mais calado. Agora há luta. Agora há regras, há leis, os racistas não vão fazer o que querem e ficar por isso. As pessoas pretas vão exigir o seu lugar de direito e o respeito de todos. Já está mais do que na hora, né?

Mas estou me adiantando para o final da peça. Vamos voltar ao começo.

Quem foi Benjamin de Oliveira?

Benjamin de Oliveira foi o primeiro palhaço negro do Brasil, em uma época em que pessoas pretas não eram aceitas ou bem-recebidas no mundo do entretenimento (e no mundo como um todo, sejamos sinceros). Além disso, ele foi o idealizador e criador do primeiro circo-teatro. Mas por que, então, não conhecemos a história dele?

Por que vocês acham?

Como os atores dizem no início do musical idealizado por Isaac Belfort, a história do circo foi embranquecida, assim como todas as histórias que aprendemos. A peça vem, portanto, para contar a história verdadeira e colocar luz em cima de quem deveria, desde sempre, ter ganhado os louros de sua invenção. Em um espetáculo intenso, sensível e moderno, o público aprende sobre quem foi Benjamin e, também, a valorizar os artistas negros atuais e da nossa história. Mostrando, assim, pra quem tinha dúvidas, quanta gente preta de talento existe e sempre existiu. Só falta, como disse Viola Davis, oportunidade.

O espetáculo

No palco, cinco atores. Eles se revezam para interpretar Benjamin, uma sacada ótima. Uma sacada que faz todo mundo querer se colocar no lugar daquele personagem. Uma sacada que faz qualquer um não conseguir não se colocar no lugar daquele personagem. E sentir todas as dores que ele sentiu. Para pessoas brancas, como a jornalista que vos fala, que nunca vão saber o que é sofrer o racismo na pele, é um toque certeiro pra empatia. Mesmo que forçada, aos que até hoje tentam ignorar esse mal da nossa sociedade. É necessário.

Outra sacada ótima foram os toques de modernidade ao longo de todo o roteiro, muito bem escrito. Colocar personagens da época de Benjamin agindo como os jovens tiktokeiros e twitteiros de hoje foi primordial pra facilitar a identificação. Mesmo para quem não conseguiria fazer a paridade entre a época outrora e os tempos atuais, o roteiro faz questão de não deixar dúvidas. E fica impossível não reconhecer algumas das personagens mostradas no palco. O espectador vai, na hora, conseguir lembrar de alguém que já conheceu ou viu passar pela internet. Ou vai pensar em si mesmo. E é aí que mora a chave do sucesso da peça: porque o reconhecimento traz a mudança (ou assim se espera).

Um elenco de se tirar o chapéu

Os cinco atores – Caio Nery, Elis Loureiro, Igor Barros, Isaac Belfort e Sara Chaves – sabem muito bem o que estão fazendo. Dão show em cima do palco. Cantam, atuam e se movimentam de forma emocionante. A cenografia ajuda, claro. Assim como a iluminação. E a coreografia. O espetáculo é apresentado em um espaço pequeno, que ajuda ao espectador se sentir dentro da peça. E a força com que cada elemento está em cena – atuação, música, iluminação, cenário – torna difícil não sentir cada cena como se estivesse acontecendo com si mesmo.

Preciso, porém, destacar dois dos atores: Caio Nery e Sara Chaves. Todos em cena estão visivelmente entregando tudo e fazem um espetáculo lindo de se ver. Mas Caio e Sara sobressaem. Destacam-se por ser possível enxergar a emoção por trás dos personagens, e deixarem a peça ainda mais forte e bonita. São dois jovens atores de 20 e poucos anos que, com certeza, ainda vão longe!

Curtíssima temporada

Se você se interessou em assistir “Benjamin, o palhaço negro”, corre! O espetáculo ficará em cartaz somente até o dia 28 de maio, esse domingo. Como mencionado anteriormente, o espaço é pequeno, portanto os ingressos esgotam rápido. Essa não é a primeira vez que o musical fica em cartaz no Rio de Janeiro. Ano passado teve sessão única em novembro e uma curta estadia em São Paulo. Isso porque é uma peça independente. O que resta ao público, além de assistir às sessões do final de semana, é torcer para conseguirem mais patrocínio para seguirem com essa peça tão importante por mais tempo.

Serviço

Benjamin, o palhaço negro

Onde: Espaço Tápias (Av. Armando Lombardi, 175 – 2º andar – Barra da Tijuca).

Quando: 27 e 28 de maio (sábado e domingo), às 20h.

Idealização e produção: Isaac Belfort

Direção geral e músicas: Tauã Delmiro

Direção musical e músicas: Peterson Ferreira

Coreografia: Marcelo Vittória

Design de luz: JP Meirelles

Design de som: Breno Lobo

Direção residente: Manu Hashimoto

Direção de produção: Sami Fellipe

Coprodução: Produtora Alada

Realização: Belfort Produções e Teçá – Arte e Cultura

Crédito da foto: Paulo Henrique Aragon

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