Professor Polvo (My Octopus Teacher) é um documentário sobre o fundo do mar. Na verdade, é muito mais. Fala sobre um animal marinho específico que faz a diferença na vida de um homem. Através do filme, viajei pelos belos cenários profundos do oceano Atlântico, na África do Sul, e lembrei de algumas aventuras que tive mergulhando. Sim, cheguei até a mergulhar algumas vezes de cilindro. Foi uma das sensações mais loucas e impressionantes que tive quando, ao descer, olhei para cima e vi que o céu era água. Um teto lindo, sem dúvidas. Medo e felicidade juntos.
As poucas experiências que tive mergulhando me fizeram pensar em quantos mundos existem dentro desse mundo e quanto de vida está ao nosso redor. Lembrei de uma vez que entrei no mar e ao meu lado tinha várias arraias, como pássaros marinhos. Ou na vez que fiquei num misto de pavor e euforia, ao dar de cara com uma moreia realmente grande e verde, que mais parecia um dragão. Queria chegar perto, mas ela abria a boca assustadoramente enquanto olhava para mim e meu amigo.
O mar é uma floresta, uma selva, como um mergulhador me disse uma vez, sentado na areia. Não é só flores – ou corais, é perigoso. Recordo agora de uma vez que mergulhei de snorkel na praia de Parnaioca, na Ilha Grande, e fui acompanhando uma tartaruga no seu balé aquático hipnotizante. Quando percebi estava longe da areia. Longe da segurança e mais perto de mim mesmo, no meio do mar. Voltei ofegante.
Poesia aquática
Ao fim do documentário passei a entender melhor a poesia da vida – e que, infelizmente, ela não é para todos. O valor da gentileza e do amor por uma mãe maior, a natureza, em toda sua grandiosidade. Além disso, como somos, não simplesmente passageiros ( apesar de sermos), mas sim parte dessa gigantesca roda da vida onde cada ser vivo conta, por mais que você não se dê conta. É um filme belíssimo, desde a inebriante trilha sonora original de Kevin Smuts até a narração de Craig Foster, co-fundador do projeto Sea Change.
Você se conecta com a amiga que Craig faz no fundo do mar, assim como ele. Certamente, acompanhar o ciclo de vida daquele animal, os perigos que enfrenta, as artimanhas da sobrevivência, é incrível. Pelo conjunto de imagens e a edição temos uma aula de storytelling, ou seja, é uma obra eficiente na arte de contar uma história, além de bonita. Por fim, passei a entender melhor uma filosofia como o veganismo e o cuidado que devemos ter com o planeta em que vivemos, pois ele é pura poesia. Para quem tem essa sensibilidade.