‘Pouco Troco‘ é uma canção que traz crítica social na voz interessante de Fidelis. A melodia com sabor de Nordeste fala de uma correria de um cotidiano difícil. Sem esquecer do lirismo necessário para uma existência suportável. A princípio, esse single sai no dia 5 de junho de 2020. O álbum completo vem 25 dias depois. O disco trará, em sua maioria, canções autorais e parcerias de Fidelis com outros compositores como Luhli (compositora de “O vira”, “Fala”, “Bandoleiro”), Rafael Bessa e Daniel Arm.
Além disso, um diferencial do novo álbum é que ele conta com participações de artistas do Sul do Brasil e Uruguai, gravadas em maio e junho de 2019. Isso aconteceu durante uma turnê que o artista fez ao lado da cantora Jhasmyna e Rodrigo Garcia. Eles foram de carro do Rio de Janeiro até Montevidéu. No caminho se apresentavam e gravavam com músicos locais. Aliás, dentre eles estão Ney Peraza, violonista e arranjador integrante do grupo de murga Los Mareados; Marisa Facal, cantora uruguaia, e Edu da Matta, poeta e compositor pelotense. O álbum tem ainda o percussionista Rodrigo Porciúncula nos tambores de candombe, Daniel Zanotelli na flauta baixo, Leandro Dávila no violão de aço, o carioca Claúdio Rodrixx no baixo e o mineiro Rodrigo Garcia na viola caipira e efeitos.
A saber, o single ‘Pouco Troco’ foi escrito quando o artista cursava Sociologia na Universidade Federal Fluminense (UFF), em uma parceria com Daniel Arm, também compositor e estudante de Filosofia na UFF. Fidelis afirma que se inspirou na trajetória de sua avó Maria José Ferreira, mais conhecida como Zéza. Nascida em Limoeiro no interior de Pernambuco, ela se mudou para o Rio de Janeiro em 1967, com dois filhos, após alguns anos de um casamento arranjado.
Turbilhão em decodificação
“Em minha composição trago a síntese da forma como lido com meus sentimentos diante da vida. É como tentar decodificar o turbilhão. Também sou bastante influenciado pela música de parceiros que cruzaram o meu caminho. Entre eles a Luhli, compositora que ao lado de Lucina marcou a música brasileira de uma forma linda. Além disso, também me sinto grandemente influenciado pela música regional nordestina, de onde vem minhas raízes. Percebo na voz nuances das melódicas do aboio e a força de quem canta sua história, sua verdade e sua dor. Tenho uma ligação forte com os timbres dos tambores, muito presentes em manifestações culturais como o jongo, maracatu, carimbó, mas também nos ritmos afro-latinoamericanos como o candombe uruguaio e a cumbia colombiana, ritmos pelos quais também cultivo uma grande paixão.”, afirma Fidelis.
O álbum de Fidelis sai pelo selo Porangareté, criado em 2014 por Maria Eugênia e Chico Chico, junto com o produtor musical Rodrigo Garcia, para lançar gravações raras de Cássia Eller num disco intitulado “O espírito do som”. O selo tem lançado de forma independente trabalhos de diversos artistas como Cátia de França, Pietá, Júlia Vargas, Chico Chico, Posada, Daíra, Gui Fleming, Jhasmyna e Agatha.
Afinal, neste trabalho, Fidelis também interpreta canções de dois amigos compositores moradores de Niterói: Luís Capucho (“Maluca” gravada por Cássia Eller, “Máquina de Escrever” gravada por Pedro Luís) e Cláos Mózi (“PopBanana”).