Um grito de lamento, um barulho ensurdecedor para acordar a sociedade carioca. Essa é a ideia que define o projeto Travessia por Wallace Souza, diretor, dramaturgo e coreógrafo da montagem de dança contemporânea que teve seu projeto contemplado pelo edital FOCA da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro.
O trabalho estreia e fica em cartaz no Teatro Municipal Angel Vianna, no Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro (CCCRJ), na Tijuca, nos dias 22, 23 e 24 de julho, às 19h. Utilizando poesia e videoarte, o espetáculo apresenta fases da trajetória da população africana desde sua chegada ao Brasil, nos calabouços cobertos de água salgada dos navios negreiros, até a contemporaneidade dos afrodescendentes e a falsa ideia de liberdade que atravessa suas existências.
“Travessia parte de uma visão minha ao ver uma pessoa no Cais do Porto esperando chegar um navio. Após alguns anos essa história voltou a mim, mas sob a ótica dos negros que foram sequestrados e trazidos para o Brasil para se tornarem escravos. Quis contar essa história a partir da ótica daqueles que morreram na travessia e que foram desumanizados e passaram pelos horrores de serem encarcerados e empilhados como livros em prateleiras. A travessia ainda se faz nos dias de hoje, onde o povo preto segue sendo alvo e vítima de violência, assassinatos e encarceramentos nos presídios”, protesta Wallace.
10
Na cena, estão 10 bailarinos negros executando a coreografia que foi construída buscando formas e resgates com a ancestralidade. Antes das apresentações no teatro, porém, o projeto realiza duas intervenções artísticas abertas ao público em espaços emblemáticos por onde passam partes dessa história.
No crepúsculo do dia 16 de julho, às 17h, vivenciando a escuridão que habitava o navio negreiro, o Cais do Valongo recebe o primeiro ato da montagem. Dessa forma, sob uma estética contemporânea da realidade ancestral os bailarinos vivem a travessia e o desencarne dos mortos numa narrativa dos corpos expostos à desumanização.
Dia 17 de julho, às 17h, é a vez do Largo da Prainha, onde está imponente a estátua de Mercedes Baptista, evidenciar através do segundo ato do espetáculo a ideia das vivências do local onde o negro alforriado morou, trabalhou, cozinhou, conseguiu praticar o candomblé e ainda deu abrigo aos pretos fujões do século XIX.
SERVIÇO
“TRAVESSIA”
Datas: 22, 23 e 24 de julho – 6ª feira a domingo
Horário: 19h
Local: Teatro Municipal Angel Vianna / Centro Coreográfico da Cidade do RJ
Endereço: Rua José Higino, 115 – Tijuca
GRÁTIS
Classificação Indicativa: 14 anos
Duração: 55 minutos
Link para retirada dos ingressos – https://www.sympla.com.br/travessia__1622930