O Studio Ghibli, um dos mais respeitados estúdios de animação do mundo, quebrou o silêncio diante da nova onda de polêmicas envolvendo o uso de inteligência artificial (IA) para criar imagens no estilo de seus filmes. Após o lançamento de uma ferramenta de geração de imagens da OpenAI, usuários começaram a produzir e compartilhar artes que imitavam visualmente clássicos como A Viagem de Chihiro e Meu Amigo Totoro.
O que gerou maior controvérsia, porém, foi a circulação de documentos falsos que alegavam que o Studio Ghibli teria iniciado ações legais contra o uso da IA. Em entrevista à emissora japonesa NHK, o estúdio foi direto:
“Não houve nenhum tipo de notificação ou aviso legal emitido.”

A breve declaração é a única manifestação oficial até o momento. A notícia veio em meio a uma enxurrada de postagens em redes sociais como Reddit, X (antigo Twitter) e TikTok, onde fãs e artistas debatiam sobre os limites éticos do uso de IA para recriar o estilo artesanal e autoral do estúdio fundado por Hayao Miyazaki.
Miyazaki já criticou duramente a inteligência artificial
Não é a primeira vez que o Studio Ghibli se vê no centro desse tipo de debate. Um vídeo antigo, que voltou a circular nos últimos dias, mostra Hayao Miyazaki reagindo com indignação a uma demonstração tecnológica parecida com IA. Ao ver a criação de movimentos artificiais grotescos, o diretor, visivelmente abalado, declarou:
“Isto é um insulto à própria vida.”
Miyazaki contou no vídeo sobre um amigo com deficiência física que dedicou a vida à arte, destacando que os criadores daquela ferramenta não compreendiam a dor humana. Ele encerrou dizendo que os humanos “perderam a fé em si mesmos”.

A fala, gravada anos antes da explosão da IA generativa, ganhou novo peso neste cenário em que softwares como DALL·E, Midjourney e agora OpenAI vêm sendo utilizados para emular estéticas profundamente autorais — como a do Studio Ghibli — sem envolvimento criativo humano.
Mercado de animação e Studio Ghibli reagem à onda de IA
Com o crescimento acelerado de ferramentas de IA na indústria, desde dublagens automatizadas até tradução de mangás, cresce também o número de artistas que se posicionam contra essas tecnologias. O estilo visual do Ghibli, conhecido por sua expressividade manual e forte conexão com a natureza, aparece com frequência como “prompt” em sistemas de IA, alimentando a discussão sobre direitos autorais e respeito à arte tradicional.
Apesar de não terem emitido ação judicial, a manifestação do estúdio reforça sua postura crítica ao uso da IA e sinaliza que estão atentos ao impacto de sua imagem sendo utilizada sem autorização.
Afinal, a repercussão do caso reacende discussões sobre direitos autorais, ética e apropriação de estilo artístico no ambiente digital. Embora o uso de IA para recriar estéticas consagradas ainda caminhe em uma zona cinzenta da legislação internacional, cresce a pressão por regulamentações que protejam o trabalho de artistas vivos e heranças culturais como a do Studio Ghibli. A ausência de consentimento, aliada à velocidade com que essas imagens se disseminam nas redes, levanta questões urgentes sobre a valorização da autoria humana em um cenário onde algoritmos replicam obras que levaram décadas para se consolidar artisticamente.
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