A Trilogia de Baztán se encerra com seu terceiro filme chamado Oferenda à Tempestade (Ofrenda a La Tormenta) que teve sua estreia agora em 2020. Porém, tudo começou com O Guardião Invisível (El guardián invisible) em 2017. Em seguida, teve sua segunda parte com Legado do Ossos (Legado en los huesos) em 2019, todos adaptados dos livros de Dolores Redondo, uma autora bem famosa na Espanha.
Suas histórias não parecem conectadas pelos nomes, e por não ter sido tão popular como trilogia, às vezes passam batidos como filmes únicos. Todos os três têm uma simbologia muito forte da mitologia regional. Aliás, foi isso que me fez ficar intrigado e ao mesmo tempo fascinado por conhecer um pouco mais dessa mitologia.
A história se passa com a inspetora Amaia (Marta Etura) que investiga mortes e desaparecimentos misteriosos no vale de Baztán. Inclusive, os três filmes mantem uma mesma “pegada”. Maratonei a trilogia e posso dizer que nenhum deles tem um ritmo lento, todos entregam um ótimo suspense, com doses certas de terror – e que te fazem tremer na cadeira.
Conclusão? (spoilers a seguir)
Focando no último lançamento que foi Oferenda à Tempestade, esperávamos a conclusão dos crimes, assim como a possível prisão dos seus criminosos. Contudo, o que acaba acontecendo é uma sucessão de erros da inspetora, que claramente deixa suas emoções à frente da racionalidade que se esperaria de alguém treinado para isso. Claro, sabemos que são crimes muito bem orquestrados e nesse filme conseguimos ver que é algo bem maior do que ela mesmo percebe. O problema com isso é que os espectadores já preveem o que possa acontecer e antecipam as mortes antes da própria inspetora, que às vezes deixa seu ego falar mais que seus próprios companheiros.
Uma observação contundente é que parece que só chove na cidade, as cores são sempre extremamente frias e escuras, quando não, são vermelhos bem saturados, gerando até um certo incômodo. As escolhas fazem sentido com o roteiro, mas cansam por não serem mais exploradas. Como destaque tem a mãe dela, Rosario (Suzi Sánchez) , com cenas que realmente te deixam intrigados e com medo, sem dúvida um personagem marcante. Além disso, dou total crédito a maior parte das resoluções dos crimes para Jonan (Nene) , que, com certeza teve uma morte bem aquém do que o personagem merecia, sem contar que ela tinha sido avisada antes e não conseguiu protegê-lo.
Sem molho
O personagem do juiz Markina (Leonardo Sbaraglia), que era quase um stalker dela (aparecia onde ela estava) chega sempre muito imponente e determinado a conquistá-la. Entretanto, acho que desde que apareceu já deixava o espectador em alerta, mas teve seus méritos também.
Amaia se rendeu as investidas do juiz, mesmo sabendo que era errado, pois estava casada e com filho já, mas isso não a impediu mostrando claramente que estava completamente abatida psicologicamente com tudo que aconteceu e continuava acontecendo.
Oferenda à Tempestade foi claramente o mais fraco entre os três. Deixa muitas pontas soltas, sendo elas para possíveis voltas da franquia, seja pelo Mentor de Amaia ou até de uma possível continuação direta da seita. Apresenta decisões fracas de roteiro, além de um final bem morno. Mas, de qualquer forma isso não tira o brilho da Trilogia. Com certeza os dois primeiros filmes fazem valer a pena. Agora é esperar para ver o que a Netflix fará e se terá algum tipo de continuação.
Análise perfeita dos filmes. Realmente, esperava-se mais deste último filme da trilogia. Bem óbvio que o juiz era o principal nte da seita, mas confirmando-se, quando da queima dos arquivos pela enfermeira.