‘A arte da felicidade’ (L’arte della felicità) é um filme italiano extremamente artístico, rico em simbologias e ensinamentos espirituais. No longa-metragem, pelo banco de um taxista, Sérgio, passam histórias diversas e vidas distintas. E uma chuva incessante segue caindo. Contudo, mais parece uma chuva de sabedoria. Diversos conceitos da espiritualidade oriental como carma e a roda de Samsara com suas reencarnações e ciclos de repetição levantam reflexões sobre vida, morte, caminhos e descaminhos.
A ótima direção é de Alessandro Rak, com ângulos diferenciais e boas escolhas e sequências, mudando o estilo de animação em situações específicas. Foi o filme de estreia dele e venceu o prêmio de Melhor Filme de diretor estreante no London Raindance Film Festival 2013. Sergio recebe uma notícia que lhe pesa e provoca sua raiva, confundindo ainda mais sua mente conturbada com memórias e tristezas. Aos poucos vamos entendendo melhor os motivos. Pelas ruas da cidade de Nápoles, dando voltas e voltas, ele acaba por receber ensinamentos dos passageiros que desabafam sobre suas vidas. Os diálogos são bons, carregados de expressividade e lições.
Rádio Profecia
Apesar de passar por outras linhas espirituais, o catolicismo, por exemplo, o filme tem um foco claro no budismo e nas filosofias orientais, em especial, numa velha sugestão que vem de lá: viver no presente. A felicidade é como um desenho abstrato, é voltar ao passado, é fazer as pazes consigo mesmo? É olhar para o futuro com esperança de dias melhores? O filme procura fazer refletir sem necessariamente responder.
Aliás, tem um locutor de rádio que aparece, como um fio condutor, uma figura única, que é um arauto de profecias e jorra resumos de vários conceitos espirituais.
Por fim, o roteiro é bem amarrado, o filme prende o espectador de forma inteligente e vai deixando pistas durante a estrada que percorre. A saber, essa belíssima e eficiente animação estreia no dia 22 de julho no streaming Belas Artes À La Carte.