A EXPOCINE 2021, evento realizado entre os dias 16 e 19 de novembro, de forma híbrida (com painéis virtuais e apresentações in loco no Cine Marquise, em São Paulo), reuniu os principais nomes do mercado audiovisual para entender e discutir os próximos passos do setor com a retomada das salas de cinema, no cenário pós-pandemia. Representantes da Agência Nacional de Cinema (Ancine), produtores, distribuidores e exibidores se juntaram para apresentar ideias, projetos e, principalmente, entender como serão os próximos passos para a retomada do mercado audiovisual.
No dia 18, o presidente da Ancine, Alex Braga, abriu o dia elogiando o papel do parque exibidor no crescimento do consumo de filmes nacionais: “O cinema é a mais importante e a primeira janela do filme brasileiro.” Além de enfatizar a importância do cinema no fluxo de exibição dos filmes, ele citou que é hora de avaliar a regulamentação do setor de streaming.
No mesmo dia, no painel “Transformações no audiovisual – novas práticas e tendências de negócio para potencializar a criação e o impacto na exibição”, o CEO da Sofa Digital, Fábio Lima, contou da experiência de financiar a produção de filmes independentemente de verbas públicas ou incentivadas, através do fundo que a empresa acaba de lançar. O debate sobre formas de financiamento atravessou boa parte dos painéis. No mesmo debate, Daniela Tolomei, da Transformação Audiovisual, anunciou o lançamento do 1o Filmackahon do Brasil, um hackathon para geração de ideias e projetos audiovisuais.
Impactos no cinema pós-pandemia
No último dia do evento, durante o painel virtual “Como diminuir os impactos pós pandêmicos”, apresentado na sala Spcine, e moderado por Marcelo Lima (CEO da Tonks e idealizador do evento), quatro importantes nomes participaram da sala e apresentaram suas perspectivas de como cada empresa foi afetada pela pandemia. Além de destacar os caminhos trilhados para a volta de suas atividades. Foram eles: Daniel Campos, da Rede Cinemark; Gilberto Leal, do Cinemaxx; Mauri Palos, do Cine 14Bis; e Patricia Almeida, da Paris Entretenimento.
“A pandemia impactou a todos, e nós tivemos de reinventar algumas áreas dentro da cadeia produtiva, às quais antes não tínhamos tanto acesso. Eu criei um conjunto de técnicas práticas, de gestão de negócios e projetos, com inteligência rápida e ágil para conseguir captar recursos. Eu me sento com todo mundo para entender cada etapa do projeto, e como eu posso monetizar a ideia, principalmente para os nossos fornecedores e parceiros. A pandemia nos uniu ainda mais”, explica Patrícia. “Temos de juntar conteúdo, experiência e promoção, e assim, atrair todos os tipos de público”.
Com a retomada das salas de cinemas com 100% de capacidade, é preciso pensar em novas estratégias para a retomada do público. Para Daniel Campos, há três principais bandeiras nesse processo: 1. aceitar que o cinema é varejo, seguir o calendário de ações, e assim dialogar com temas que já estão na cabeça das pessoas; 2. entender o papel do cinema na vida de cada um, sua experiência e intensidade e 3. estabelecer uma relação com o cliente, se aproximar do mesmo e entender seus gostos e hábitos. “As pessoas querem sair de casa para ver um filme, consumir o mesmo conteúdo com outras pessoas. Cinema é a tela que une e conta histórias. É preciso fazer pesquisa, ter aplicativo, interagir com a base de clientes. Construir uma relação para então oferecer o serviço e a experiência que eles desejam”, reitera o executivo.
Para os integrantes do debate, a palavra de ordem é inovação. O custo para se fazer cinema é o mesmo, mas a receita diminuiu. É preciso pensar de maneira integrada entre produtor e exibidor, trazer parceiros e mostrar o valor da indústria. O objetivo é monetizar e rentabilizar a produção, e assim, fazer com que o cinema retome seu espaço no setor cultural.
A mesa de encerramento da EXPOCINE 2021 contou com a participação do Secretário de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, Sérgio Sá Leitão, e do Diretor de Negócios da Desenvolve SP, Wallace Harchbart, que discutiram e apresentaram iniciativas e programas para a retomada do setor audiovisual no pós-pandemia. Foram debatidas possibilidades que o Governo do Estado vem trabalhando para fomentar a indústria e toda a economia que ela movimenta em São Paulo, recebendo inclusive investimentos do exterior. O moderador foi José Maurício Fittipaldi (CQS/FV Advogados / Animus Consultoria e Gestão).
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