Woody Allen é daquele tipo de diretor que ou você ama ou odeia. Em “O Festival do Amor” (Rifkin’s festival) ele traz mais de si mesmo com suas angústias. O elenco flui com tranquilidade no estilo do cineasta e conta com Elena Anaya, cativante; Louis Garrel, sedutor; e Gina Gershon, mais bela do que nunca. A história apresenta um casal americano que vai ao Festival de San Sebastián, na Espanha. O homem, Mort Rifkin, é professor de cinema e sonha em escrever um romance. Por outro lado, a mulher (Gina) trabalha com publicidade, está focada na divulgação do festival e começa a se encantar por um promissor e belo diretor de cinema (Louis).
Wallace Shawn, geralmente coadjuvante, fornece os trejeitos necessários para Mort Rifkin, o protagonista clássico de Woody que não é ninguém além dele mesmo. Allen mostra algumas das belezas de San Sebástian, com belíssimas locações, enquanto passeia por parques, praias e cafés. Dessa forma, adentramos questionamentos sobre amor e escolhas com os diálogos tradicionais do diretor, assim como sua obsessão com a morte e o significado da vida.
Sonhos e cineastas
É interessante como o roteiro brinca com os sonhos do protagonista, permitindo que entendamos melhor como funciona sua mente. A narração em primeira pessoa também auxilia na mastigação, mas nem tanto na digestão. Quem gosta de Woody Allen vai gostar do filme. Não é o melhor que ele fez, tão pouco é ruim. Quando terminou, fiquei um tempo ainda sentado. Gosto dos filmes que fazem isso comigo, ou seja, obrigam a essa tal digestão antes de levantar.
Além disso, um dos grandes destaques do longa é que Woody faz questão de citar e homenagear de várias formas filmes e cineastas que marcaram sua vida e carreira, entre eles Truffaut, Buñuel, Godard, Fellini, Welles, e outros. Contudo, em especial, Ingmar Bergman é exaltado, com carinho, cuidado e irreverência. São cenas bem interessantes que usam metalinguagem com eficiência e mudam o formato da tela para 4:3.
Enfim, com distribuição da Imagem Filmes, ” O Festival do Amor” é mais uma boa pedida para os cinemas brasileiros, refletir com Woody Allen. Dizem que pode ser o último filme dele. Sinceramente, espero que não. Afinal, por que estamos aqui?