Abrindo o Festival Internacional de Documentário É Tudo Verdade, temos “A História do Olhar”, o filme mais novo do diretor britânico Mark Cousins. Fugindo um pouco da habitual narrativa linear, Cousins passa quase todo o filme filosofando sobre a beleza e a importância da visão na sua vida. Longe de ser tornar algo enfadonho, o longa apresenta uma honestidade e abertura tocantes que realmente fomentam uma apreciação consciente sobre a visão.
A história
De forma clara e bela, “A História do Olhar” é uma ode à visão e ao que pode ser visto, em especial os filmes. Durante todo o longa, Cousins usa de diversos paralelos e notas sobre filmes famosos e outros nem tanto que conferem um tremendo poder visual para a sua mensagem. Uma das imagens mais viscerais da quais Cousins toma emprestado é do clássico surrealista “Um Cão Andaluz” do diretor espanhol Luiz Buñuel. Em uma das cenas mais memoráveis do curta, um homem observa uma nuvem fina quase atravessando o caminho da lua; ao mesmo tempo, esse homem segura o olho da sua parceira aberto, com uma navalha em guarda, esperando.
A lâmina corta o olho da mulher, o bisturi do médico corta a retina de Cousins, a audiência fica chocada. Assim, esse “empréstimo” cria uma rima visual com a cirurgia de catarata que o Cousins faz. Com uma ideia tão simples, podemos ver o quão incrível é o poder da imagem, o quanto ela pode nos afetar não só emocionalmente como fisicamente. No fundo toda imagem é só luz movimento e cor organizadas e digeridas pelo nosso cérebro. Ainda bem que coisas tão corriqueiras conseguem criar sensações tão fortes.
Finalmentes
Com uma carreira de mais de 30 anos dedicada ao cinema, Mark Cousins escreveu e dirigiu diversos filmes sobre essa arte, e além disso, dedicou parte dos seus talentos para escrever o livro “The Story of Looking” no qual ele se baseou levemente para dirigir o filme “A História do Olhar”. Dessa forma, esse documentário se apresenta como mais do que só imagens bonitas e reminiscências pré cirurgia, mas sim um ensaio sobre o que faz da vida “bela”.
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