Dia 20 de outubro entrou em cartaz no Teatro Gonzaguinha a montagem “PASTRANA – A MULHER MAIS FEIA DO MUNDO” de forma gratuita. Tendo como pano de fundo a história verídica de Julia Pastrana, indígena mexicana que viveu no século XIX e ficou famosa por sua condição, a hipertricose (pelos em demasia pelo corpo todo), a montagem aborda questões contemporâneas pertinentes, como exclusão de corpos fora do padrão, questões de gênero, empoderamento e objetificação, dentre outros. Além disso, projeto inclui oficinas e debates.
No perfil da peça no Instagram serão transmitidas três palestras em formato de live, debatendo a interseção entre artes da cena, circo, teatro e mídias digitais. Vale ainda destacar que a montagem pretende provocar reflexão sobre a necessidade de se construírem novas narrativas sobre corpos divergentes. E que essas histórias sejam cada vez mais contadas pelo ponto de vista de quem as vive, ocupando espaços públicos, recebendo fomento para que suas pesquisas e estéticas sejam vistas e ouvidas.
Sinopse:
Numa noite mágica, o circo Blasfêmia chega do futuro com suas estranhas e maravilhosas atrações. Após uma explosão que transforma as leis do tempo, o circo passa a homenagear uma antiga integrante, Julia Pastrana. Essa talentosa artista indígena mexicana que, nascida no século XIX, não pôde contar sua história por causa de sua aparência. Julia tinha o corpo todo coberto de pelos, e por isso sua atuação ficou restrita aos antigos shows de horrores. Agora, as atrizes do presente imaginam novos rumos para Pastrana e outras artistas fora do padrão de todas as épocas, trocando o sombrio palco dos Freak Shows pelo potente mundo dos Freak Sonhos.
A diretora comenta
“A ideia do espetáculo surgiu de uma inquietação causada por experiências vividas por mim e por pessoas próximas. Mulheres brancas ou negras, cis ou trans, pessoas indígenas, negras, LGBTQIAP+, PCDs em maior ou menor grau, têm seus direitos violados e seus corpos violentados. A descoberta da história da Julia Pastrana só fez confirmar essa reflexão e representa uma espécie de alegoria que nos provoca a pensar o que de fato é ser estranho numa sociedade tão adoecida”, diz Carolina Caju.
Quem foi Julia Pastrana?
Julia Pastrana foi uma mulher indígena mexicana que viveu no século XIX e ficou famosa por ter pelos em demasia pelo corpo todo. Ela era portadora de diversas síndromes e tinha também orelhas e gengivas protuberantes. Aos 20 anos, conhecida como “mulher mais feia do mundo”, foi levada para os Estados Unidos para ser estudada por especialistas norte-americanos e noruegueses. Porém, continuou sendo exibida como uma anomalia da natureza e atração em circos de horrores nos EUA e na Europa. Era uma pessoa sensível, muito feminina e tinha inteligência acima da média, sendo fluente em três idiomas. Mesmo depois de morta, Julia Pastrana continuou sendo atração na Universidade de Oslo, na Noruega, onde seu corpo mumificado ficava exposto. Só em 2013, o governo do México, finalmente, conseguiu levar o corpo dela para a terra natal.
Informações sobre a peça:
Temporada: 20 de outubro a 11 de novembro
Apresentações: Quinta-feira a sábado
Horário: 19h
Local: Teatro Gonzaguinha – Centro de Artes Calouste Gulbenkian
Endereço: Rua Benedito Hipólito, 125 – Centro
ENTRADA GRATUITA
Classificação Indicativa: 14 anos