A liberação das armas que o governo Bolsonaro prometeu na campanha presidencial e cumpriu após eleito gerou diversas consequências. Dados e pesquisas mostram que armar a sociedade introduzem uma falsa ilusão de tranquilidade, quando, na verdade, o número de mortes em diferentes casos e camas da sociedade aumenta.
Através da análise de levantamentos de institutos e universidades que medem o impacto da violência no Brasil, o trabalho do gerente do Instituto Sou da Paz, Bruno Langeani, foi compilado na obra “Arma de Fogo no Brasil: Gatilho da Violência”.
Segundo dados do Ministério da Saúde datados de 2019, a cada hora, sete pessoas são assassinadas no Brasil. Já sete em cada 10 homicídios que acontecem no país são cometidos com arma de fogo. A saber, é um número bem acima da média mundial, que é de 44%, conforme dados da organização suíça Geneva Declaration.
Latrocínio
Aliás, para os defensores da posse de arma como legítima defesa, uma terceira estatística: no estado do Rio de Janeiro, o risco de um policial ser vítima de latrocínio é 6 mil vezes maior do que o do resto da população, isso sendo ele treinado para usar o artefato. Além disso, reagir a um roubo usando arma de fogo aumenta em 56 % as chances de morte por parte da vítima.
A obra explora a trilha desde a criação da arma de fogo. Ainda por cima, fala do efeito provocado pelo disparo no corpo humano até o controle de armas na prática. Passa também por índices alarmantes que demonstram como o afrouxamento da regulação para compra e porte de armas no país traz consequências catastróficas.
“Na prática, este argumento do cidadão de bem armado protegendo sua família e propriedade se mostra não apenas equivocado, mas trágico. Como apontamos, as chances de uso da arma para a defesa própria são pequenas. Porém, ao trazer este instrumento para seu dia a dia, as chances de tragédias acontecerem são muitas”, afirma Langeani.
Investigação
“Arma de Fogo no Brasil: Gatilho da Violência” dedica uma seção para investigar a origem das armas e munições do crime e suas principais fontes de abastecimento. Uma reunião de pesquisas demonstra que o principal problema ainda são armas fabricadas domesticamente, vendidas no país e depois desviadas para o mercado ilegal.
Tão importante quanto examinar o problema que é cerne da violência no Brasil, “Arma de Fogo no Brasil: Gatilho da Violência” reserva um capítulo inteiro às possíveis soluções para um país onde uma minoria de estados conta com delegacias especializadas em combate ao tráfico de armas e munições.
“Minha intenção com este livro é que, justamente, ele possa contribuir tanto com quem considera a compra de arma, como para que formuladores de políticas e gestores alcancem melhores resultados na promoção de segurança pública”, finaliza o autor.
Serviço:
Livro: Arma de Fogo no Brasil: Gatilho da Violência
Autora: Bruno Langeani
Editora: Telha
Páginas: 169
Preço: R$ 45,00