O quão longe alguém iria para resolver uma pendência antes de morrer? O fazer quando o trabalho de uma vida é inútil? “Adeus, Idiotas” apresenta uma resposta para essas perguntas. Num subúrbio parisiense, Suze Trappet (Virginie Efira), uma cabeleireira, descobre que está nos últimos dias da vida. Com essa sentença de morte, ela faz uma última força para encontrar o filho que doou para a adoção na sua adolescência.
Visitando uma repartição pública, Suze quase leva um tiro de Jean-Baptiste Cuchas (Albert Dupontel), um especialista de TI no meio de uma tentativa de suicídio. Cuchas tenta se matar depois de perder um alto cargo e se ver sem opção além de responder à jovens recém-formados. Auxiliados por um arquivista cego (Nicolas Marié) eles saem dirigindo pela região de Paris, dessa forma causando trazendo o caos à região da capital francesa.
História e técnica
A princípio, a história é quase surreal, mas tem algo humano na forma que os personagens se tratam, bem como nos seus desesperos. Em pouco mais de 80 minutos conseguimos nos conectar com a realidade dessas pessoas, o que ajuda a relevar a baboseira tecnológica que se encrava e empurra a história. Visualmente, “Adeus, Idiotas” parasse ser um filme de Jean-Pierre Jeunet. Com cores muito saturadas e fortemente tingidas de amarelo, a fotografia entrega de cara que não estamos mais no familiar e previsível cinema americano.
Cair num filme pouco pretencioso, com foco nos personagens já afasta do ritmo frenético de Hollywood, mas a calma das pouquíssimas cenas de ação delineia a distância que se está na Califórnia. A audiência não idiotizada, assim o roteiro pode ser mais do que só piadas forçadas e exposição repetitiva.
Dessa forma, mesmo sendo um filme simples, “Adeus, Idiotas” se torna uma experiência agradável, e surpreendentemente inteligente, levando em conta o subtexto da falta de privacidade na era digital.
Temas e finalmentes
Finalizando, “Adeus, Idiotas” parece ser um ensaio no desespero, por outro lado, o filme talvez seja um devaneio desesperado de uma pessoa se agarrando à sua última esperança. Assim como o filme o roteiro se mostra inteligente, as personagens são carregadas de um sentimento primal e pessoal. Temos a busca pelo filho perdido, pela verdade, ou até mesmo a fuga da violência sistêmica; todos essas motivações são respeitadas pelo diretor que entende a essência da sua obra.
“Adeus, Idiotas” se mostra mais do que só um draminha europeu barato. Por mais curto que seja, o filme carrega um certo peso que traz uma oposição respeitosa às piadas do longa. Pode parecer descartável, como certas comédias nacionais, mas “Adeus, Idiotas” é mais do que os olhos podem captar de relance.
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