Na minha vida de cantora e pesquisadora da voz e canto, quanto mais busco, mais descubro aspectos e percepções diferentes da música, da voz e de mim mesma. É uma fonte inesgotável de conhecimento, que, a cada dia que passa, é distinta, se transforma. Tanto em sala de aula como professora, entendendo as diferentes percepções de alunos, como cantora/musicista em cima de
um palco. O que posso dizer é que a música transformou e continua transformando todos os dias da minha vida, principalmente nos momentos mais difíceis como o que estamos vivendo.
Processo de Aprendizagem
O processo de aprendizagem do canto é algo muito pessoal, assim como a voz e a história de cada pessoa é muito singular. Cada um tem sua forma de aprender e entender as sensações da experiência do “cantar”. Estudo canto há 20 anos, e muitos professores e orientadores passaram em minha vida. Cada um com uma perspectiva diferente e com informações que no fim integram quem sou hoje. Contudo, a única certeza é que não existe verdade absoluta; todos buscam a mesma finalidade: o resultado; ser um brilhante performer, músico, comunicador, criador.
Mas isso é resultado de um processo de muita dedicação, entrega, busca, inconformismo e fé. Muitos dos alunos que chegam até mim, perguntam:
– Quando estarei num nível profissional ou de execução impecável disso ou daquilo?
Isso irá depender da dedicação de cada um, da entrega pessoal, e de vencer as limitações físicas e psicológicas que todos nós, seres humanos, carregamos em nosso “DNA”. A voz, como qualquer outra parte do nosso corpo, gosta de rotina, ou seja, se você não exercitá-la periodicamente em prol daquilo que se quer construir, o resultado não virá, ou chegará em lentas parcelas.
Repetição para sedimentar
Como muitos estudos já comprovam, o corpo humano precisa da repetição para sedimentar qualquer tipo de conhecimento e ação. Porém de nada adianta a repetição de um movimento mecânico, físico, se ele não vier associado a um trabalho psicológico de auto aceitação, pois a voz é o “espelho da alma”.
Nunca ouvi um aluno de canto falar: “eu amo minha voz”.
Mas é necessário entender o som da nossa voz, ter carinho por ela e cuidar dela, não só fisicamente, mas aceitando o que ela pode ser hoje: o nosso melhor de hoje nunca será nosso melhor de amanhã. Que possamos sempre nos aperfeiçoar e evoluir para que sejamos nossa melhor versão todo dia, e que este momento de reclusão seja o “start” de muitos processos de aprendizagem dessa arte transformadora.