Escuto “Guerreiro da Paz” na voz e violão de Bastiaan Rishan e sinto vontade de orar. Mas então simplesmente canto. Cantar é uma forma de oração. O álbum é de 2014 e tem o título de “Me Leva”. De olhos fechados, é difícil não atender ao chamado e caminhar por essa floresta xamânica. A princípio, segue pela água com “Espiritu del agua”, composição de Aurelio Díaz Tekpankalli. Mas é um mergulho num mar celeste, no voo do condor, maior pássaro dos Andes.
Bate o coração dos irmãos em busca da pureza que vem em seguida com “Brincadeira dos Pequenos”. Pede coragem. Mas, se encarar, ouvirás “Flores de Luz” perfumando cachoeiras celestiais que limpam da cabeça aos pés. Aroma de gratidão soprado por “Duas Ventarolas” numa interpretação que faz querer dançar e girar dentro da melodia, é “O Misterio”.
Espinho que machuca, espeta como dói
22 passos. 22 canções. Entre espanhol, português e portunhol, é tudo para louvar entidades e espíritos diversos que permeiam o mundo de Bastian. “Oxum Menininha” que vem pela beira do rio colhe abrigos com tanto carinho na voz de Bastian que desperta alegria. Um dos pontos altos do álbum é uma canção muito conhecida dentro do xamanismo, que é “Guerreiro da Paz”, um chamado para as Forças da Natureza, um pedido por auxílio na batalha contra as sombras. É espiritualista, com um ar de bem e escudo de proteção, com Cristo, Orixás, Buda, Krishna. Um bonito hinário do xamã gaúcho Orestes Grokar.
O estilo voz e violão pode cansar em algum momento, depende do seu momento, da sua vibração. No geral, o álbum é bailado em espiritualidade do começo ao fim. Uma ode ao Xamanismo e seus ensinamentos. Enquanto ouvia lembrei do lançamento recente de Marco Gottinari, que também nada nessa fonte da floresta.