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Espetáculo ‘Um Brinde à Desordem’ | CRÍTICA

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Espetáculo 'Um Brinde à Desordem'. Saiba mais sobre o espetáculo no Vivente Andante, na crítica de Alvaro Tallarico.

Com uma bela iluminação azul começa animador o espetáculo de dança “Um Brinde à Desordem” ao som de “Back to Black” na linda interpretação de Dinah York.  A impressão é que a criadora Bárbara Ribeiro, 22 anos, escolheu suas músicas preferidas e resolveu interpretá-las com dança em cima de suas experiências pessoais, em especial, as amorosas. Logo após esse início azulado, ainda tranquilo, a luz muda para o tom vermelho, em parte emocionante e arrepiante, de passos fortes e firmes, vemos relações conflituosas ao ao som de Pitty cantando “tô aproveitando cada segundo, antes que isso aqui vire uma tragédia”.

Aliás, Bárbara é pupila do renomado Jaime Arôxa, fundadora e diretora da NOXI – Companhia de Dança, tendo em sua carreira trabalhos como “Desencontros” e a “A Caixa”. O desenho de luz realizado por Daniel Gravelli e Luiz Mad em conjunto com a iluminação de Éder Nascimento carrega e identifica as diferentes nuances que a exibição apresenta, auxiliando o espectador a se situar e complementando com eficiência os objetivos dos atos.

Após o vermelho, o azul retorna e a melancolia toma conta, em um bailado mais lento, vemos o esperado brinde, com toque de empoderamento feminino e gosto de vitória. Posteriormente, um amarelo-esverdeado toma o palco e a coreografia sugere amor, muita sensualidade e sexo. Volta o sugestivo vermelho e um casal dá um show à parte sob as luzes. Esses atos entre casais são bastante belos e bem ensaiados.

Canções ilustradas pela dança

Durante a apresentação, um texto permeia algumas entradas, sem muita profundidade. O maior destaque é mesmo o corpo de dançarinos – que demonstra entrega – e as coreografias que ilustram as canções a partir da criatividade. Os figurinos prezam pela simplicidade para enaltecer o bonito trabalho corporal do elenco. Às vezes parece que estamos vendo um musical; em outras, uma apresentação de dança contemporânea, e também, claro, teatro. Essa mescla de linguagens favorece a experiência.

Casal no espetáculo "Um Brinde à Desordem". Leia a crítica.

Certo momento de “Um Brinde à Desordem” pode ser considerado transgressor pelos conservadores, no ato que ilustra a canção “Tigresa”, de Caetano Veloso, contudo, é uma ode à feminilidade exaltado por uma felinidade que não suporta amarras, nem repressão. É peito aberto e expressão de liberdade.  O espetáculo preza o tempo todo por uma exaltação do feminino. Muitas vezes, lembra uma novela, a partir das interações entre os dançarinos sugerindo brigas, harmonia, paixão, raiva, ciúme. As poucas falhas de sincronia e pequenos erros de execução no conjunto geral do corpo de dança não comprometem. Além disso, mais para o final, os passos ficam um pouco repetitivos, todavia, o resultado final como um todo é positivo.

O elenco é numeroso, diverso e esforçado. Por fim, ao meu lado, uma mulher, de aproximadamente 60 anos, comentou ao término da exibição: “lindo e apaixonante”. É a sensação que fica.

Ademais, leia mais:
Grupo Filhos de Sá | “A persistência acompanha os valentes”
Dançarina Ana Catão | “Nossa missão é trazer essa história que foi varrida para debaixo do tapete”

 

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3 Comentários

3 Comments

  1. Thiago Judice

    26 de janeiro de 2020 at 15:47

    Maravilha. Muito interessante!

  2. Marcia Cantanhede

    27 de janeiro de 2020 at 12:06

    Empolguei!! Vou ver!

  3. Pingback: 'Boca de Ouro' traz Nelson Rodrigues para Botafogo

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Cinema

Nenhum saber para trás: os perigos das epistemologias únicas, com Cida Bento e Daniel Munduruku | Assista aqui

Veja o filme que aborda ações afirmativas e o racismo na ciência num diálogo contundente

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Nenhum saber para trás: os perigos das epistemologias únicas | com Cida Bento e Daniel Munduruku

Na última quinta-feira (23), fomos convidados para o evento de lançamento do curta-metragem Nenhum saber para trás: os perigos das epistemologias únicas | com Cida Bento e Daniel Munduruku. Aconteceu no Museu da República, no Rio de Janeiro.

Após a exibição um relevante debate ocorreu. Com mediação de Thales Vieira, estiveram presentes Raika Moisés, gestora de divulgação científica do Instituto Serrapilheira; Luiz Augusto Campos, professor de Sociologia da UERJ e Carol Canegal, coordenadora de pesquisas no Observatório da Branquitude. Ynaê Lopes dos Santos e outros que estavam na plateia também acrescentaram reflexões sobre epistemicídio.

Futura série?

O filme é belo e necessário e mereceria virar uma série. A direção de Fábio Gregório é sensível, cria uma aura de terror, utilizando o cenário, e ao mesmo tempo de força, pelos personagens que se encontram e são iluminados como verdadeiros baluartes de um saber ancestral. Além disso, a direção de fotografia de Yago Nauan favorece a imponência daqueles sábios.

O roteiro de Aline Vieira, com argumento de Thales Vieira, é o fio condutor para os protagonistas brilharem. Cida Bento e Daniel Munduruku, uma mulher negra e um homem indígena, dialogam sobre o não-pertencimento naquele lugar, o prédio da São Francisco, Faculdade de Direito da USP. Um lugar opressor para negros, pobres e indígenas.

Jacinta

As falas de ambos são cheias de sabedoria e realidade, e é tudo verdade. Jacinta Maria de Santana, mulher negra que teve seu corpo embalsamado, exposto como curiosidade científica e usado em trotes estudantis no Largo São Francisco, é um dos exemplos citados. Obra de Amâncio de Carvalho, responsável por colocar o corpo ali e que é nome de rua e de uma sala na USP.

Aliás, esse filme vem de uma nova geração de conteúdo audiovisual voltado para um combate antirracista. É o tipo de trabalho para ser mostrado em escolas, como, por exemplo, o filme Rio, Negro.

Por fim, a parceria entre Alma Preta e o Observatório da Branquitude resultaram em uma obra pontual para o entendimento e a mudança da cultura brasileira.

Em seguida, assista Nenhum saber para trás:

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Andança – Os Encontros e as Memórias de Beth Carvalho | Crítica (viventeandante.com)

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