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Cadernos de Cinema | Rogério Sganzerla é o próximo homenageado

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Sganzerla

O cineasta catarinense, pilar do cinema autoral e moderno feito no país, é o homenageado do segundo volume da coleção por assinatura. A edição traz entrevista e minucioso ensaio que jogam luz sobre a vida e o legado desse importante realizador

“Não existe o Cinema Marginal, o que existe é o cinema moderno” (Rogério Sganzerla)

A relação de Rogério Sganzerla (1946-2004) com o cinema era apaixonada e visceral. E começou cedo. Muito jovem, assinou em jornais críticas e ensaios sobre a sétima arte – e, assim, já estava fazendo cinema. O pulo para a direção dá-se em 1966, com o curta “Documentário” e, nos anos seguintes, dois longas o colocariam no panteão de nossos grandes cineastas: “O Bandido da Luz Vermelha” e “A mulher de todos”, lançados, respectivamente, em 1968 e 1969. Tropicalista, marginal, underground, experimental são adjetivos que não definiram o realizador que ele foi.

Esse artista único é a quem a Cadernos de Cinema dedica o segundo número da sua coleção por assinatura, iniciada com o cineasta Ruy Guerra. Cadernos de Cinema – Rogério Sganzerla será lançado dia 18 de fevereiro, no Estação NET, com direito a exibição de “O Bandido da Luz Vermelha”. A edição é realizada juntamente pela Azougue, Cavídeo e Oca (Portugal) com apoio da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (Socine).

Coleção

Cadernos de Cinema é uma coleção de livros em homenagem a cineastas brasileiros clássicos e contemporâneos. A coleção é mensal, por assinatura, o que permite a constituição de uma bibliografia qualificada sobre o cinema nacional. Os livros serão publicados também em Portugal e posteriormente traduzidos para espanhol e inglês e editados em diferentes países, gerando uma divulgação inédita do nosso cinema, de forma continuada e abrangente.

A edição dedicada a Sganzerla é estruturada em três partes. Depoimento é a primeira delas e traz uma entrevista com o homenageado. No caso de Sganzerla, que faleceu em 2004, é a edição de dois depoimentos inéditos, realizados em 1990. A segunda seção é o ensaio Ver com olhos livres, no qual a filmografia do diretor é minuciosamente analisada — desde “Documentário”, de 1966, a “O signo do caos”, sua última obra — pelo escritor e editor Sergio Cohn, conhecedor do legado de Sganzerla, com quem trabalhou na realização de seu livro “Por um cinema sem limite” (2001). A terceira e última parte traz um índice da filmografia do homenageado, entre longas, curtas e médias metragens. O volume traz cerca de 80 imagens do diretor e de seus filmes, muitas delas raras e inéditas.

Musical

Após “O Bandido da Luz Vermelha”, Sganzerla planejava realizar um musical que teria Gilberto Gil como protagonista. A prisão do compositor, em fins dos anos 1960, forçou-o a mudar de planos, levando-o a realizar “A mulher de todos”. Essa é uma das muitas revelações do diretor no depoimento que abre o volume. A entrevista e o ensaio complementam-se e, juntos, traçam um perfil revelador sobre a persona de Sganzerla. O que é trazido por um é complementado pelo outro – e vice-versa.

E o ensaio de Cohn é uma peça-chave para conhecer o temperamento de Sganzerla. Ele reproduz escritos do diretor – como a íntegra do “Manifesto Fora da Lei, criado por ocasião do lançamento de “O Bandido da Luz Vermelha” – e reproduz trechos de entrevistas contundentes como a concedida pelo cineasta e pela atriz Helena Ignez, sua mulher, a “O pasquim”, em 1970. E, assim, sabemos sobre seu rompimento com o Cinema Novo (por não querer estar amarrado a nenhuma corrente estética), sobre a rejeição à pecha de Maldito e sobre as realizações da Belair, produtora na qual Sganzerla e Júlio Bressane foram sócios.

Depoimentos

Esse rico olhar sobre Sganzerla é complementado ainda por depoimentos de nomes que trabalharam ou que conviveram com ele. É o caso dos compositores Jorge Maltner, ator em “Carnaval na lama”, de 1970, e Caetano Veloso que incorporou a expressão “Sem essa, Aranha” (título de um dos filmes do diretor) na canção “Qualquer coisa”, lançada em 1975.

“Eu daria todos os filmes que fiz, toda a minha carreira, para poder saber porque é que eu me interessei por cinema desde a primeira infância”, declara Sganzerla no depoimento ao MIS. Talvez Sganzerla tenha vivido sem encontrar tal resposta. Ao homenageá-lo, a série Cadernos de Cinema acaba por responder a esse questionamento e vai além: expõe a grandeza daquele que é um dos realizadores do cinema moderno feito no Brasil. Com vocês, Rogério Sganzerla!

Serviço:

Título: “Cadernos de Cinema – Rogério Sganzerla”

Edição realizada pela Azougue, Cavídeo, Oca com apoio da Socine

Lançamento: fevereiro de 2022

Formato:  20 X 25cm

Número de páginas: 160

Valor assinatura: R$ 68

Assinaturas pelo site https://cadernosdecinema.com.br

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Cinema

Confira alguns destaques do Festival do Rio 2023

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Foto do ator Aílton Graça, o principal de 'Mussum, O Filmis’ que está entre os destaque do festival do rio 2023. Ele usa boné verde e camisa verde e rosa.

Um dos melhores eventos do calendário carioca, que movimenta cinéfilos de todo o Brasil, o Festival do Rio 2023 vai de 5 a 15 de outubro. Serão mais de 200 filmes, tanto nacionais quanto internacionais. Sendo assim, separamos alguns dos destaques do Festival do Rio 2023, para quem tem dificuldade em escolher entre tantos bons filmes.

A princípio, indico o documentário “Othelo, O Grande”, dirigido por Lucas H. Rossi dos Santos, o qual faz sua estreia mundial na Mostra Competitiva da Première Brasil do Festival do Rio, no dia 13 de outubro, às 17h, no Estação Net Gávea. O filme revela ao grande público e apresenta para as novas gerações as facetas do artista. Otelo trabalhou com cineastas como Orson Welles, Joaquim Pedro de Andrade, Werner Herzog, Júlio Bressane, Marcel Camus e Nelson Pereira dos Santos, entre tantos outros e usou esse espaço para moldar sua própria narrativa e discutir o racismo institucional que o assombrou por oito décadas, duas ditaduras e mais de uma centena de filmes.  

Narrado em primeira pessoa e utilizando imagens de arquivo, o filme é produzido pela Franco Filmes, em coprodução com Globo Filmes, GloboNews, Canal Brasil, RioFilme e Baraúna Filmes, e conta com distribuição da Livres Filmes. 

Sessões: 

Estação Net Gávea, dia 13/10, sexta-feira, às 17h. 

Odeon, dia 14/10, sábado, às 10h30, seguida de debate. 

Sessões com a presença do diretor Lucas H. Rossi, do produtor Ailton Franco Jr. e equipe. 

Já dentro de Clássicos & Cults, um dos melhores filmes chineses:

Adeus, Minha Concubina (Ba Wang Bie Ji), dir: Chen Kaige.
Com: CHEUNG Leslie, ZHANG Fengyi, GONG Li, GE You.
Sinopse: Cheng Dieyi e Duan Xiaolou crescem suportando o duro treinamento da escola da Ópera de Pequim. À medida que os meninos amadurecem, eles desenvolvem talentos complementares: Dieyi, com suas características delicadas, assume os papéis femininos; Xiaolou interpreta os militares viris. Suas identidades dramáticas se tornam reais para Dieyi quando ele se apaixona por Xiaolou, que não retribui seus sentimentos e se casa com uma cortesã. Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes e indicado ao Oscar.
China, Hong Kong. 171 min. Class: 14. Eletrônica em Português.
07/10/2023 – Estação NET Botafogo 1 – 17:40
12/10/2023 – Estação NET Gávea 5 – 13:50
18/10/2023 – Estação NET Botafogo 1 – 21:00

Na nova mostra Especial Séries Brasileiras:

Resistência Negra (Resistência Negra), dir: Mayara Aguiar.
Com: Larissa Luz, Djonga.
Sinopse: A série narra a resistência negra brasileira, desde a chegada ao Brasil dos primeiros africanos sequestrados no período das Grandes Navegações, até 2022, quando a Lei de Cotas entra em revisão após uma década de sua sanção.
BRASIL. 80 min. Class: L. Sem legenda.
13/10/2023 – Cine Odeon – CCLSR – 21:45

Por outro lado, em Itinerários Únicos:

EGILI – Rainha Retinta no Carnaval (EGILI – Rainha Retinta no Carnaval), dir: Caroline Reucker.
Com: Egili Oliveira.
Sinopse: Egili Oliveira se prepara para o Carnaval 2022 no Rio de Janeiro. Ela participa da competição da segunda divisão do Carnaval carioca (série Ouro). É um longo e árduo caminho até que a sambista se transforme em uma deslumbrante rainha: a rainha de bateria da escola de samba Acadêmicos de Vigário Geral. A história de uma mulher preta e poderosa, que, aos 42 anos, ainda luta por seu lugar na sociedade brasileira e no Carnaval.
BRASIL. 81 min. Class: L. Português.
12/10/2023 – Estação NET Rio 4 – 16:30
13/10/2023 – Estação NET Gávea 4 – 14:45
14/10/2023 – Kinoplex São Luiz 2 – 14:00

Panorama Mundial

DogMan (DogMan), dir: Luc Besson.
Sinopse: A incrível história de um menino que foi ferido pela vida e que encontra a salvação através de seu amor pelos cães. Exibido no Festival de Veneza 2023.
França, Estados Unidos. 118 min. Class: 16. Eletrônica em Português.
07/10/2023 – Kinoplex São Luiz 2 – 19:00
11/10/2023 – Estação NET Rio 4 – 21:00
14/10/2023 – Estação NET Gávea 3 – 16:00

Confira mais alguns em seguida:

PREMIÈRE BRASIL: COMPETITIVA LONGAS – FICÇÃO

“Sem Coração”

  • Direção: Nara Normande e Tião
  • Sessões: Estação Net Gávea (06/10 às 21h45) e Cine Odeon (07/10 às 16h30, seguida de debate)
  • Sinopse: “Sem Coração” se passa no litoral de Alagoas em 1996 e conta a história de Tamara, que fica intrigada com uma adolescente chamada “Sem Coração” devido a uma cicatriz em seu peito. O filme explora a atração crescente de Tamara por essa misteriosa jovem.

“O Mensageiro”

  • Direção: Lúcia Murat
  • Sessões: Estação Net Gávea (08/10 às 19h15) e Cine Odeon (09/10 às 13h30, seguida de debate)
  • Sinopse: Durante a ditadura no Brasil, em 1969, um soldado chamado Armando concorda em entregar uma mensagem de uma presa política para sua família. O filme aborda as relações afetivas em tempos turbulentos.

“A Festa de Léo”

  • Direção: Luciana Bezerra e Gustavo Melo
  • Sessões: Estação Net Gávea (09/10 às 21h45) e Cine Odeon (10/10 às 16h00, seguida de debate)
  • Sinopse: Rita planeja a festa de 12 anos de seu filho, mas descobre que o dinheiro foi roubado por seu marido. Ela precisa encontrar o dinheiro para salvar seu marido e realizar o sonho de seu filho.

PREMIÈRE BRASIL: RETRATOS

“Nelson Pereira dos Santos – Vida de Cinema”

  • Direção: Aída Marques e Ivelise Ferreira
  • Sessão: Estação Net Botafogo 1 (10/10 às 19 horas)
  • Sinopse: Este documentário apresenta a vida e obra de Nelson Pereira dos Santos, pioneiro do Cinema Novo. É uma oportunidade única de conhecer um dos maiores cineastas brasileiros.

“Peréio, Eu te Odeio”

  • Direção: Tasso Dourado e Allan Sieber
  • Sessões: Estação Net Botafogo 1 (08/10 às 16h30) e Estação Net Rio 2 (12/10 às 17h)
  • Sinopse: Este documentário aborda a vida do ator Paulo César Peréio de uma forma bem-humorada e não convencional, explorando sua carreira e personalidade controversa.

PREMIÈRE BRASIL: HORS CONCOURS

“Mussum, O Filmis”

  • Direção: Silvio Guindane
  • Sessão: Cine Odeon (12/10 às 19 horas)
  • Sinopse: “Mussum, O Filmis” conta a história de Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum, indo além do humorista de “Os Trapalhões”. O filme oferece uma visão única do legado de Mussum.

“O Diabo na Rua, no Meio do Redemunho”

  • Direção: Bia Lessa
  • Sessões: Cine Odeon (08/10 às 19h30) e Estação Net Rio (09/10 às 18h30, seguida de debate)
  • Sinopse: Inspirado na obra-prima de Guimarães Rosa, o filme segue a jornada do jagunço Riobaldo em meio a guerras e dilemas morais no sertão nordestino.

COPRODUÇÕES COM O BRASIL

“Puan”

  • Direção: María Alché & Benjamín Naishtat
  • Sessões: Reserva Cultural Niterói, Estação Net Botafogo 1, Estação Net Gávea 1, Kinoplex São Luiz 1
  • Sinopse: “Puan” apresenta a história de Marcelo, um professor de filosofia que compete por uma cadeira universitária em um ambiente político instável, explorando suas lutas e desafios.

Os ingressos estarão disponíveis para compra a partir desta segunda-feira, 2 de outubro, no site da Ingresso.com. Durante o Festival, também será possível adquiri-los diretamente nas bilheterias dos cinemas.

Afinal, confira a programação completa em https://www.festivaldorio.com.br/br/o-festival/festival-do-rio

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