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Cantores que tocam e como isso faz diferença.
CulturaMúsicaNotícias

Cantores que tocam tem mais independência

Por
Helô Tenório
Última Atualização 24 de março de 2023
8 Min Leitura
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Helô Tenório em foto de: Fábio Cruz
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Em tempos atuais, a indústria musical tem cada vez mais seguido na direção dos artistas independentes. Com o fim do monopólio das grandes gravadoras e com a chegada da informatização, cada vez mais, artistas que antes não tinham espaço pra expor seu trabalho, agora com a internet e tecnologia, se viram com a oportunidade de produzir e divulgar seus próprios trabalhos. Se por um lado isso proporcionou uma visibilidade global, a produção artística ficou mais “individualizada”. Ou seja, um produto que antes demandaria uma grande equipe para se elaborar, hoje apenas uma pessoa é possível produzir sozinha todo o processo.

Isso acarretou em uma mudança drástica no setor de entretenimento. O artista sem o apoio das gravadoras é forçado a produzir sozinho e custear seus trabalhos. Além disso, a dinâmica dos eventos e casas de show também mudou, pois os contratantes passaram a optar por bandas e projetos mais enxutos, uma vez que com menos pessoas e com custo menor é possível também ter um resultado. Inclusive, nesse cenário se faz indispensável o domínio do artista/cantor do máximo de habilidades do processo de produção. Falarei um pouco a seguir da minha história e como a habilidade de tocar um instrumento além de cantar fez toda a diferença no meu trabalho.

Piano

Comecei minha formação musical através do piano, e mais tarde decidi estudar canto. Como fui criada num lar musical, sempre foi muita clara a necessidade de dominar um instrumento musical, mesmo que quisesse me tornar apenas cantora. O canto desde cedo ganhou uma proporção muito maior na minha vida e acabei deixando o piano em segundo plano durante algum tempo. Contudo,  jamais poderia imaginar como ele poderia fazer toda a diferença na minha vida profissional. Já na época da faculdade de música percebi que o fato de ter uma habilidade mais apurada com o instrumento fazia com que meu desempenho acadêmico fosse melhor do que os meu colegas cantores. Porém, ainda assim, como meu curso era de canto erudito, o piano exercia apenas uma função de apoio nos meus estudos ou de um “hobby”.

Em determinado momento me desanimei com o curso de canto erudito e o piano começou a ganhar mais tempo na minha agenda. Aliás, isso quase me fez trocar de curso. Logo a diante, ficou claro que meu caminho na música era outro: A música popular. No mesmo ano ganhei uma bolsa pra estudar jazz nos EUA, e neste curso não havia distinção entre instrumento e voz; era necessário que se estudasse primordialmente uma linguagem, a harmonia, o que só um instrumento harmônico (entende-se por instrumentos que fazem harmonia como o piano, violão, guitarra) poderia proporcionar.

Brasil

Com o tempo fui percebendo que todos os meus colegas cantores na faculdade americana, tocavam piano ou guitarra/violão num nível bem alto. Em suma, além de se destacarem por tal competência, eles eram chamados com frequência pra viajar e fazer shows sozinhos em vários lugares. Ainda na mesma época, comecei meus primeiros trabalhos com bandas de jazz latino em solo americano, e lembro que os músicos esperavam que eu dissesse a eles o que fazer e como fazer… Lembro de ficar
totalmente perdida no processo, pois tudo era muito novo para mim.

De volta ao Brasil, com a certeza de que queria trabalhar primordialmente com música popular, me deparei com novos desafios, com novas formas de trabalhar e principalmente, com a informalidade. Diferente do mundo clássico em que ficava meses me aprimorando pra cantar num concerto, na música popular meu telefone tocava para fazer um show amanhã! Quando isso acontecia, eu começava a ligar desesperadamente para músicos que soubessem meu repertório e mais difícil que isso, que estivessem disponíveis. Nem sempre eu os encontrava e acabava perdendo os trabalhos, coisa que me deixava bem aborrecida pois na época eu tinha fome de experienciar os palcos e a vida artística.

Paralelo a minha vida artística, sempre fui professora de canto para me manter materialmente e lembro que me empolgava com algumas músicas que os alunos traziam que eram legais de acompanhar ao piano, daí comecei a praticar mais e mais para acompanhá-los. Chegou a um ponto que eu comecei a tocar razoavelmente e comecei a me arriscar a me acompanhar, mas nunca numa esfera profissional.

Europa

Em 2014, fui pra Europa experimentar a vida artística por lá, e tão logo cheguei, consegui entrar pra uma agência artística com foco em música brasileira e meu manager falou: Helô, a partir de hoje você vai tocar também, isso facilitará muito a abertura das portas pra você. E até hoje sou muito grata a ele, pois a partir daí um mundo inteiro de possibilidades se abriu para mim, e trabalhos muito legais vieram a partir disso. Conseguia viajar sozinha e fazer meus shows por aí, tocando com músicos de diversas partes, ensinando a eles a minha música. Nem sempre eu me apresentava sentada ao piano, mas o simples fato de conseguir mostrar aos músicos nos ensaios como era a música que eu fazia, já era o suficiente pra me dar uma autonomia jamais sonhada.

Cantores que tocam.
Músico toca no Jardim do Morro em Vila Nova de Gaia. Foto por Alvaro Tallarico.

Em tempos de isolamento social e vida digital através de redes sociais e lives, muitos cantores me perguntam, é realmente necessário saber tocar um instrumento? Eu diria que se você quiser ter autonomia e uma relação mais direta com a música que você produz, sim, certamente. Caso contrário você sempre ficará refém de outras pessoas e bases gravadas (que são limitadas) para executar o seu trabalho.

O instrumento

É possível fazer uma carreira sem tocar um instrumento? Sim, certamente. Conheço cantores que mesmo sem saber tocar algo, tem uma musicalidade e uma intuição musical muito apurada advinda de anos de experiência. Contudo, esbarram de vez enquanto em dificuldades de materializar seus trabalhos e até mesmo de expressar quanto ao que querem.

Afinal, o que quero dizer com tudo isso? Cantores que tocam podem ampliar as possibilidades no seu  fazer artístico. Consequentemente, tem uma liberdade para se expressar e materializar o que quiser, seja numa simples tarefa de escolha de tom em uma música, quanto poder harmonizar uma canção, construir a base de uma nova composição. Não perca tempo, sempre é o momento de um novo aprendizado, toque um instrumento e conquiste sua liberdade.

@helo_tenorio

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PorHelô Tenório
Helô Tenório é cantora, compositora, pianista e vocal coach. Formada em Canto Lírico pela UFRJ, com estudos na West Virginia University.
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