Cinema
O cinema brasileiro independente pede passagem
Publicado
3 anos atrásem
Por
Luciano Bugarin
Lembro que quando tinha por volta de 10 anos possuía algumas fitas VHS que usava para gravar filmes na televisão para poder ver de novo ou porque passavam muito tarde para que pudesse ficar acordado e assistir. Com o tempo fui querendo preservar as gravações ao invés de gravar outros filmes por cima de outros previamente gravados para poder rever sempre que pudesse meus filmes favoritos. Com o tempo a coleção foi crescendo sob os protestos de meus pais que diziam que não teria espaço para tanta fita de vídeo no meu quarto.
Na época, nem sabia que existia uma palavra que definia o que estava começando a descobrir em mim: cinefilia. Estava começando a me tornar um cinéfilo. Muito embora nem soubesse da existência desta palavra.

Os VHS
Fui percorrendo o caminho que acredito ser muito comum a outros cinéfilos. Primeiramente pelos filmes da saudosa “Tela Quente”, passando por blockbusters nos cinemas com os pais, amigos ou primos, revistas e pôsteres de cinema e até coleção de filmes dos jornais e revistas (que vinham com posters). Daí fui para as primeiras experiências cinéfilas mais ousadas (no meu caso quando fui ver “A Estrada Perdida” de David Lynch no cinema com 14 anos e saí do cinema pensando o que eu tinha visto?).
Expandindo os horizontes
A partir daí fui expandido os horizontes aos poucos e de forma progressiva para filmes de gêneros, países e épocas diversas. Passei a ter interesse em saber os nomes dos diretores e ver seus filmes como uma obra fechada e procurar traços de similaridade entre cada título. Até começar a descobrir o cinema independente.
Posso dizer que meu interesse por cinema independente começou quando aos 18 anos resolvi fazer um curta para o célebre “Festival do Minuto”. Fiz um curta bem tosco em uma câmera vhs-c (aquelas vhs compactas) com edição feita em dois vídeo-cassetes (eu tinha dois para poder copiar os filmes da locadora), com créditos escritos em uma máquina de datilografia e estrelando meus parentes e um amigo de infância que há anos não via. Logicamente não ganhei nada, mas o fato de participar de algo tão importante ao meu ver era muito importante.
Entrei na faculdade e isso de querer fazer filmes ficou meio esquecido até ser retomado cerca de 5 anos depois e resolvi de vez que iria realizar curtas independentes. Fui melhorando o equipamento e os recursos. De amigos como atores para atores profissionais, por exemplo. A única coisa que não mudou em todos esses anos foi a minha persistência em querer fazer as coisas exatamente como imaginei desde a primeira ideia até o último corte.
Cinema brasileiro independente
Assim como muitos hoje em dia eu faço curtas de forma independente e busco promover o meu trabalho para que tenha visibilidade. Para mim um filme só tem sentido se for visto, seja para ser vaiado ou admirado. Precisa ser visto. Precisa ter espectadores. Para servir este propósito, mantenho um canal no YouTube com o meu trabalho audiovisual que engloba os curtas, audiovisual na educação (sou professor de artes da rede pública do Rio de Janeiro) e alguns outros diversos como pequenas publicidades, algumas oficinas e até uma pequena esquete.

Cinema Independente Brasileiro vai para as ruas
Nesses tempos de isolamento pelo COVID-19 muitos canais ofereceram sinal aberto para as pessoas, algumas plataformas de streaming e de locação de filmes ofereceram títulos gratuitos. Porém, podemos pensar também em aproveitar para dar uma força ao cinema brasileiro independente. Por isso gostaria de fazer um pequeno marketing do meu trabalho aqui se vocês me permitem. O nome do meu canal é “Luciano Bugarin” (meu nome, que original!) O link segue no final do texto.
Soa meio pedante e repetitivo escrever para se inscreverem no canal e tudo mais, por isso não vou fazê-lo. Mas realmente espero que vocês possam desfrutar de alguma coisa. Mesmo que vocês detestem tudo que está lá, já fico feliz por concederem seu tempo para apreciar meu trabalho audiovisual.
Nos acréscimos
Meu penúltimo curta é de 2017 e chama-se “Nos acréscimos” e fala sobre o sonho de um rapaz de se tornar jogador profissional de futebol (clichê eu sei, mas o que seria do cinema sem eles?). Realizamos o filme no Festival 72 horas (onde um filme deve ser feito em 72 horas desde seu roteiro, produção e montagem final) e já foi exibido em festivais como o Cine Deportivo em Mexicali, México e Sport Film Festival em Palermo, Itália, onde conquistou um prêmio especial.
Minha motivação para fazer curtas é a satisfação de poder realizar coisas que sempre sonhei quando criança, quando imaginava como eu gostaria que os filmes fossem ou como eles deveriam terminar na minha percepção. E como eu sonhava e imaginava filmes que não existiam em lugar nenhum a não ser na minha mente.
“Nos acréscimos” (2017)
O cinema brasileiro passa por uma fase obscura como muitas outras que ele já passou. Aliás, é tarefa indispensável a qualquer cinéfilo do Brasil, conhecer, admirar e promover a história do cinema brasileiro. Tanto o do chamado primeiro escalão como o independente.
Parcerias
Recentemente coloquei também algumas colaborações que fiz com alguns amigos em seus curtas. Normalmente elas se dão através de operação de câmera e edição final do filme. Coloquei aqui dois títulos recentes dessas colaborações.
Inicialmente, um curta documentário chamado “Corpus” que fala sobre a questão dos refugiados no Brasil e foi dirigido pelo ator, diretor e roteirista Ismael Queiroz. Inclusive, o curta foi selecionado para um festival da ONU e exibido em Nova York em 2018. Além disso, colaborei com outro curta dele recentemente, mas esse ainda é inédito.
“Corpus” (2018)
O segundo é um curta trash de terror dirigido pelo jornalista e roteirista Guilherme Cunha que tem dois canais de YouTube. Um para curtas experimentais e outro para jornalismo político.
Enfim, fiquem seguros e resguardados nesta época de incertezas em meio a essa pandemia. Enquanto isso vamos dar uma força ao cinema brasileiro independente! Um abraço!
Meu canal no YouTube
https://www.youtube.com/lulsiano
Playlist com todos meus curtas-metragens
“Sombras na parede” (2020)
Canal no YouTube do Guilherme Cunha
https://www.youtube.com/user/Guilhermecorto
Canal no YouTube “Correspondentes de Pindorama” do Guilherme Cunha
https://www.youtube.com/channel/UC1Eu655krDykDDtihhGctJg
“Nos acréscimos” no Facebook
https://web.facebook.com/nosacrescimosofilme/
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Professor de artes e cineasta independente. Sou cinéfilo, fã de Simpsons, entusiasta de artes que fogem do óbvio e músicas barulhentas.

Cinema
‘A Filha do Rei do Pântano’ tem fotografia eficiente em um suspense que começa bem
Daisy Ridley estrela
Publicado
7 horas atrásem
21 de setembro de 2023
“A Filha do Rei do Pântano” (The Marsh King’s Daughter), dirigido por Neil Burger e estrelado por Daisy Ridley (da última trilogia Star Wars) e Ben Mendelsohn, chega aos cinemas com grandes expectativas, especialmente devido ao seu elenco e à adaptação do best-seller homônimo de Karen Dionne. O filme começa prometendo oferecer uma experiência envolvente e sombria, mas, infelizmente, não consegue cumprir todas as suas promessas.
A princípio, o início, com a infância de Helena e sua relação com o pai é uma das primeiras coisas que se destacam em “A Filha do Rei do Pântano”. Cheguei a lembrar um pouco do bom “Um Lugar Bem Longe Daqui“, por ter essa questão familiar e uma jovem menina na natureza. Ambos são baseados em livros de sucesso. Contudo, enquanto “Um Lugar Bem Longe Daqui” oferece um roteiro bem amarrado que prende até o fim, com boas viradas, “A Filha do Rei do Pântano” vai se perdendo aos poucos, com alguns furos sem explicação como o que aconteceu com o trabalho da protagonista e os cúmplices do Rei do Pântano.
Aliás, veja o trailer de “A Filha do Rei do Pântano” em seguida, e continue lendo:
Entretanto, a fotografia de Alwin H. Küchler é uma virtude. As cenas noturnas são especialmente cativantes, capturando a atmosfera sombria e opressiva do pântano de forma impressionante. A paleta de cores utilizada ressalta a sensação de isolamento e perigo que permeia a trama, proporcionando um cenário visualmente impactante que contribui muito para o clima do filme. A cena onde Helena flutura num lago, e só vemos seu rosto, é linda. Assim como aquela que abre a película.
No entanto, apesar da beleza da cinematografia, as falhas e furos do roteiro prejudicam a narrativa. A premissa de uma mulher que precisa enfrentar seu passado sombrio para proteger sua filha é clássica, mas a execução deixa a desejar em vários momentos. A falta de desenvolvimento de certos personagens e subtramas deixa o espectador com perguntas não respondidas e cria um vazio na história que poderia ter sido melhor explorado.
Outro ponto que deixa a desejar é o final previsível. Desde o início, o destino de Helena (Daisy Ridley) parece traçado de forma óbvia, o que tira um pouco do impacto emocional que o filme poderia ter alcançado. A ausência de reviravoltas surpreendentes ou momentos verdadeiramente chocantes contribui para que a trama se torne previsível e, em última análise, menos satisfatória.
Daisy Ridley entrega uma atuação convincente como Helena, mas nada genial. Ben Mendelsohn está bem como o sinistro Rei do Pântano, principalmente no começo do filme. Além disso, a fofa Joey Carson como Marigold Pelletier cativa.
Em resumo, “A Filha do Rei do Pântano” é um filme que brilha em sua cinematografia, mas que peca em seu roteiro e na falta de surpresas em sua narrativa. Para os fãs do gênero suspense, pode valer a pena conferir pela atmosfera e a boa primeira metade, mas é importante se preparar para algumas decepções ao longo do caminho. O começo é bom, mas o final deixa um gosto amargo.
Por fim, o suspense de Neil Burger estrelado por Daisy Ridley e Ben Mendelsohn estreia nos cinemas em 28 de setembro.
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