Dirigido por Dean DeBlois, Como Treinar o Seu Dragão não inova narrativamente, porém, com muito amor, traz tudo o que os fãs desejavam
Está nítida uma falta de criatividade em Hollywood, afinal, adaptações, sequências e universos compartilhados, são bombardeados mensalmente para o público, e ao mesmo tempo que muitos criticam esta falta de inovação, Lilo e Stitch (2025, Dean Fleischer Camp) está rapidamente caminhando para o seu inevitável bilhão. Podemos nos perguntar então, dentro de uma lógica capitalista de mercado, se os grandes estúdios apresentam uma confiança tão grande que estes blockbusters gerarão mais dinheiro do que filmes originais, como Pecadores (2025, Ryan Coogler), por que eles diminuiriam esta demanda?
Existem diferentes modos de se construir e enxergar estas produções. Tivemos sequências desastrosas nos últimos anos, como Space Jam: Um Novo Legado (2021, Malcolm D. Lee), e nem toda adaptação live-action é um acerto bilionário, como a Disney sentiu na pele com Branca de Neve (2025, Mark Webb), às vezes tentam se desvincular do material original, e surge algo novo, como foi Alice no País Das Maravilhas (2010, Tim Burton), e filmes que tiveram sucesso de público e crítica, outras vezes, somente colocar um “filtro live-action“, e temperar o filme com muito amor, respeito e espetáculo visual, talvez seja mais do que o suficiente, como é o caso de Como Treinar o Seu Dragão.
Confira o trailer de Como Treinar o Seu Dragão e continue lendo a crítica

Nico Parker e Mason Thames em cena de Como Treinar o Seu Dragão- Divulgação Universal
Apesar de apresentar 20 minutos a mais do que a animação original, o live-action de Como Treinar o Seu Dragão inova pouquíssimo narrativamente, acrescentando cenas que aprofundam no status “nepo-baby” de Soluço, interações entre os pais Vikings, um arco entre Melequento e seu pai que serve para alívios cômicos e um diálogo a mais ou outro para maior efeito cômico ou dramático, porém, em sua grande maioria, Como Treinar o Seu Dragão é a adaptação mais fiel, entre todas as produzidas, seja Disney, DreamWorks, Netflix, ou qualquer outra, e isto é excelente.
O retorno de Dean DeBlois na direção, e John Powell como compositor, são dois acertos, afinal, eles conhecem a propriedade intelectual como ninguém, assim, repetem beats narrativos, composições sonoras, gags pequenas, até falas de diálogo Ipsis litteris exatamente como foram vistas na animação original, afinal, pra que mexer em time que tá ganhando? Se deu certo uma vez, por que não respeitar o material e tentar novamente, trazendo exatamente o que o público sonha?
Como Treinar o Seu Dragão é um filme que gerou um legado que originou 3 animações de sucesso, séries derivadas, uma área temática na Universal Orlando, cosplays, e diversos milhões em pelúcias e produtos variados. A marca é sem dúvida uma das mais valiosas, assim, ao ser transportada para outra mídia, deve ser tratada com o mais exímio respeito, pois, nenhum fã perdoaria, a prova disso foi o simples fato de Nico Parker ser escalada como Astrid, já ter ocasionado uma revolta em parte do público, sendo que ela, juntamente com Mason Thames como Soluço e Gerard Butler retornando como Stoico, são 3 das melhores coisas do filme, juntamente com o espetáculo visual.

Cena de treinamento para a prova de fogo em Como Treinar o Seu Dragão- Divulgação Universal
Os efeitos visuais dos dragões são extremamente orgânicos e funcionam perfeitamente neste universo, porém, as cenas de espetáculo são aquelas que todo mundo esperava ver, como o primeiro voo de Banguela, ou a batalha final, e estas são tão grandiosas quanto deveriam ser, em todos os sentidos. Seja a trilha ainda mais épica de John Powell, ou uma direção incisiva de Deblois que construiu cenários um mais belo que o outro.
Ao mesmo tempo que devemos incentivar o cinema independente e de autor, produções no nível de Como Treinar o Seu Dragão são importantes primeiro para manter o mercado cinematográfico funcionando, em seguida, para provar que se honrar o material original, e produzir algo com cuidado, e uma boa dose de nostalgia, trazendo características próprias e uma sensação de grandiosidade, o público irá ver e irá adorar, do mesmo modo que fez 15 anos atrás.
Como Treinar o Seu Dragão é uma distribuição Universal Pictures e estreia nos cinemas de todo o país no dia 12 de Junho de 2025, com sessões já podendo ser encontradas em alguns lugares a partir do dia 07.
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