A Partida (La Partita) é um filme italiano aparentemente sobre um tema bastante abordado. Afinal, entre muitos jovens e crianças do Brasil e do mundo, há um sonho em comum: jogar futebol profissionalmente. Eu mesmo já fui um desses. Aliás, dentro de campo, muitas vezes me tornava um ser competitivo e mais estressado. É impressionante como o futebol acirra os ânimos. Seja jogando ou torcendo. O filme, inclusive, mostra bem isso, principalmente no começo. Porém, depois vemos que não é mais um filme sobre sonho, e sim, sobre ruptura e realidade.
Bolas e mais bolas furadas, mato alto, lixo, rock e sexo. Assim começa A Partida. E, de certa forma, assim que termina. Enquanto, na Itália, somente um entre cinco mil garotos chega a se tornar profissional, por trás daquela final de campeonato que é a sabe da película, muito mais está em jogo. O momento é decisivo para vida dos principais envolvidos e isso engrandece o filme. Os problemas familiares, os malefícios das drogas e das apostas.
Espaguete a la Amatriciana
Em seguida, temos ainda uma aula de Espaguete a la Amatriciana, que talvez não seja tão valorizada… Contudo, faz parte da mostra de cultura italiana que o filme fornece. Catolicismo e fé, hipocrisia, paixões acirradas, pessoas falando alto, amor pela gastronomia, xingamentos, futebol.
E no meio de tudo isso, a velha metáfora da mudança, da necessidade de evolução e da realidade se sobrepondo. O velho campo de terra batida vai se transformar em um novo de grama artificial? E Antonio (Gabriele de Fiore), um garoto sensível e esforçado, o camisa 10 do time que nunca ganha, o que fará com a responsabilidade que se apresenta?
Por fim, ao redor dessa partida de futebol, vidas e mortes rodeiam. Porém, o filme acaba se perdendo às vezes se realmente quer ser um drama sério, pois viaja em momentos de comédia pastelão completamente avulsos. Entretanto, o diretor Francesco Carnesecchi, também roteirista, faz algumas boas jogadas, viajando entre passado e presente sem nos avisar e oferecendo um final inesperado – e bom.
Enfim, recordei de um bom filme uruguaio, Meu Mundial, sobre futebol também, e quando tive a oportunidade de conversar com um dos atores, Néstor Guzzini. Ele falou sobre como é ser ator e o amor latino pelo futebol, confira: