Adoráveis Mulheres é baseado no sucesso literário norte-americano de Louisa May Alcott publicado em 1868 (em inglês, Little Women). O filme, dirigido por Greta Gerwig, conta a história de Jo March (interpretada por Saoirse Ronan) e sua família nos anos seguintes à Guerra de Secessão. O amadurecimento, a sororidade, a complexidade das relações familiares, o casamento como contrato e o próprio conceito de liberdade são envolvidos nas subtramas que enriquecem o filme na medida em que o quebra-cabeça se fecha. Porém, até que ponto a liberdade individual precisa ser reforçada pela aprovação coletiva? Seria o final esperado realmente o melhor para a protagonista?
Inclusive, surpreendendo pela riqueza do enredo, Adoráveis Mulheres concorre a seis estatuetas no Oscar 2020, como Melhor Filme, Melhor Atriz (Saoirse Ronan), Melhor Atriz Coadjuvante (Florence Pugh), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Figurino e Melhor Trilha Sonora Original. Todavia, Greta Gerwig foi deixada de fora da indicação de Melhor Direção, o que levanta a questão da – recorrente – falta de representatividade nessa categoria, com apenas homens compondo as nomeações deste ano.

O cotidiano como entretenimento
Afinal, apesar de refletir um contexto de mais de 150 anos atrás, é fácil se espelhar nas tragédias, romances, desencontros e conquistas que ambientam a vida da protagonista. Fator que coloca o espectador contra a parede ao revelar as expectativas que o mesmo construiu para o futuro da personagem. A saber, destaca-se nesse ponto o sucesso da montagem ao se desprender da cronologia dos fatos. Aliás, apresenta o presente intercalado com o passado, intensificando a resposta do público conforme revela os detalhes da história. Enfim, brilhante e questionador, Adoráveis Mulheres se revela um gatilho para uma jornada de auto-reflexão sobre a natureza das expectativas particulares.
*Para mais da arte de Nathalia Mendes, visite o Instagram @pessoaaerea 🙂