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‘Os Miseráveis’ é um soco no estômago | CRÍTICA

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Os Miseraveis, oscar de melhor filme estrangeiro

Os Miseráveis é um soco no estômago, expondo os efeitos da opressão policial e da desigualdade social que assolam qualquer região periférica no mundo. Indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, o drama policial de Ladjy Ly, carrega uma história poderosa sobre a diversidade social e étnica vivida na França, mas, sobretudo, é um relato sobre a opressão vivida em regiões periféricas, com características muito próximas às do Brasil. O longa, carrega o mesmo título da obra de Victor Hugo, clássico da literatura francesa abordando a extrema pobreza na frança revolucionária do século XV.

Diversidade Étnica na França Atual

Apesar do simbolismo da cena de abertura, numa comemoração da vitória da seleção francesa de futebol, a união entre a população no que toca a diversidade étnica vivida na França atual é um dos pontos de discussão do filme. Num bairro do subúrbio de Paris, onde vivem árabes, muçulmanos, franceses, negros e brancos, a complexidade étnica, religiosa e política parece ser um agravante para as mazelas causadas por uma dura realidade social, numa região onde o poder do Estado só chega através da opressão policial racista e arbitrária. O protagonismo dicotômico do filme O tom quase documental utilizado por Ladj Ly no filme, confere um caráter extremamente realista à narrativa, que demora um pouco a engrenar os momentos de ação, enquanto nos apresenta as realidades opostas vividas pelos dois grupos de protagonistas.

Os primeiros minutos do longa nos conduzem rumo à atmosfera de tensão vivida na região, revelando o jogo de poder que acontece entre a polícia local e os moradores, principalmente um grupo de crianças e adolescentes que, rendidos ao status quo,
praticam pequenos furtos e outros delitos e, por isso, são constantemente abordados de forma violenta e arbitrária pelos policiais da divisão anti-crimes. O protagonismo dicotômico do filme, marcado pela capacidade exímia de Ladj Ly ao contar essa história com legítimo lugar de fala, visto que o diretor cresceu neste bairro, demonstra o quanto estamos todos igualmente inseridos em uma mesma realidade.

Por mais que acreditemos em linhas imaginárias nos separando, somos unificados enquanto sociedade oprimida e abandonada pelo Estado. Tal qual o policial, é o meliante que ele agride. Tal qual os chefes do crime, são os políticos corruptos de uma
cidade. Esse, certamente, é o ápice da discussão que o roteiro, co-escrito por Ladj Ly nos apresentará nessa história.

Filme Os Miseráveis, francês, de Ladj Ly. Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Saiba mais.
Opressão e repressão são temas abordados (divulgação: DIamond Films Brasil)

Qualquer semelhança não é mera coincidência

Aos poucos, podemos perceber que a realidade vivida em Montfermeil se assemelha a qualquer bairro do subúrbio de grandes capitais. Vemos uma região marcada pela ausência do Estado, com policiais violentos, opressores e coniventes com o crime, falta
de políticas sociais, políticos corruptos e, obviamente, com o crime ocupando o poder na organização social. Poderíamos facilmente estar falando de algum lugar do Brasil, certo? Mas nesse caso, o subúrbio de Paris é o palco dessa história. E as semelhanças, com certeza, não param por aí.

Um pequeno furto na região parece levar os policiais ao limite numa caçada a um adolescente que eles acreditam ser o responsável pelo delito, e é aí que o filme finalmente começa seu ponto de virada. Num ato de violência explícita, um dos policiais atira diretamente no adolescente com uma bala de efeito moral, deixando-o desacordado. O que já seria uma situação complicada para a polícia local, se torna pior quando os policiais percebem que um drone havia filmado toda a ação. A partir daí acompanhamos uma sequência empolgante, capaz de nos deixar totalmente presos à uma trama de suspense e ação enquanto Chris e Gwada tentam recuperar a filmagem que os incrimina.

Nesse ato, Ladj Ly consegue tocar em todos os pontos nevrálgicos que perpassam os problemas da repressão policial nas periferias. Numa trama com direito a policiais solicitando a ajuda do crime organizado, tentando omitir seus delitos, políticos
corruptos e o principal: uma população duramente oprimida, nesse caso, materializada na figura de crianças perseguidas por aqueles que deveriam protegê-las. Sob os gritos de “Eu sou a lei”, Chris, o policial mais violento do trio, ameaça retirar o vídeo das mãos de uma criança à força, demonstrando o poder que seu distintivo carrega. Mesmo conseguindo se livrar das provas do crime cometido por Gwada, Chris não estará a salvo do que o espera.

Resistência garante o clímax

Mais do que uma história que expõe problemas que todos nós estamos cansados de conhecer, Os Miseráveis traz uma reflexão sobre os efeitos da ausência do Estado em todas as suas instâncias. O filme é uma história de opressão. Policiais oprimidos enxergam moradores de regiões periféricas como inimigos, que enxergam esses policiais como a causa de seus problemas. Infelizmente a única política pública que chega até eles. Todos travam uma guerra causada, primeiramente, por um Estado omisso e responsável pelos dois.

Poucas vezes os oprimidos conseguem observar que a linha tênue que os divide de seus opressores. Afinal, todos são oprimidos de alguma forma, seja o policial que apesar de ter nascido no mesmo bairro, se enxerga diferente das crianças que oprime, ou o francês branco classe média que acha que é superior a alguém. Todos vítima do mesmo sistema, corrompido em seu cerne.

É assim que se encerra Os Miseráveis. Num ato de resistência aos policiais, os adolescentes de Montfermeil se reúnem em um ataque surpresa capaz de eliminar a força opressora. O desfecho fica a cargo de nossa imaginação. Afinal, o que importa nesse filme é o peso do desenrolar dessa história. O final, seja qual for, é uma perda, para ambos os lados.

Enfim, se liga no trailer:

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Confira os principais destaques da CCXP 2023: adult swim, HBO Max e Unlock CCXP

Além das novidades da CCXP, o Unlock CCXP, já com ingressos esgotados, terá início nesta terça-feira e se estenderá até quarta-feira, 28 e 29 de novembro.

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ccxp 2023

O Unlock CCXP 2023, que tem seus ingressos esgotados, terá início nesta terça-feira e se estenderá até quarta-feira, 28 e 29 de novembro. Este evento, com foco no mercado de entretenimento, apresenta uma programação repleta de renomados players do cenário. Conta com o apoio de marcas como Volvo, Spotify Advertising, Starplus e GoGamers. A curadoria é liderada por Gustavo Giglio, Head de Marketing de Relacionamento e B2B na Omelete Company, recentemente incluído no Hall da Fama do Marketing no Brasil.

Nos dois dias que precedem o maior festival de cultura pop do mundo, profissionais do mercado terão a chance de se conectar com as mentes que moldam a indústria criativa no país. O Unlock CCXP oferecerá painéis e masterclasses promovendo a troca de experiências, explorando o perfil de consumo no universo geek e apresentando inovações.

Destacando a expansão da marca CCXP para o México, Fábio Reis, CMCO da Omelete Company, liderará um painel sobre a CCXP MX, que ocorrerá de 3 a 5 de maio de 2024, na Cidade do México. O evento também abordará as novidades da O&CO, incluindo o Chippu, uma nova unidade de negócios que combina inteligência artificial e curadoria humana para oferecer recomendações de séries e filmes, além de criar conteúdo de cultura pop.

Mônica na CCXP 2023

Estratégias de negócios, branded content e parcerias serão temas discutidos por Igão e Thiago Marques (Mítico), criadores do Podpah, que revelarão os bastidores do fenômeno que conquistou milhões de ouvintes, redefinindo o cenário do mesacast no Brasil.

O evento também celebrará os 60 anos da Mônica, com a participação da Diretora-executiva da MSP, Mônica Sousa, e do Diretor-executivo Marcos Saraiva, explorando a trajetória da marca e compartilhando planos futuros.

A jovem cientista Laysa Peixoto terá um painel especial, mostrando como a cultura pop pode influenciar gerações, enquanto busca conquistar o espaço, premiada pela NASA devido à descoberta de um asteroide e piloto de avião.

Um painel sobre os hábitos de consumo do público Geek apresentará dados da pesquisa Geek Power, realizada anualmente pela O&CO, com Otávio Juliato, Chief Commercial Officer da Omelete Company, Carlos Silva, CEO & Head of Gaming na Go Gamers, e Mauro Berimbau, Consultor e desenvolvedor de conteúdo na Go Gamers.

O line-up do Unlock CCXP inclui nomes como Nyvi Estephan, Luiz Gustavo Pacete (Forbes Tech), Andreza Delgado (@PerifaCon), e David Diesendruck (Redibra).

adult swim

O [adult swim] estreará na CCXP em um painel no palco Thunder, marcando um momento histórico para a marca de animação adulta. O evento ocorrerá na sexta-feira, 1º de dezembro, às 13h30. Spencer Grammer, a dubladora original de Summer em “Rick and Morty”, participará de uma conversa exclusiva sobre a 7ª temporada da série, seu processo criativo e os desafios de dar vida a uma personagem tão icônica. Além disso, o fenômeno “Sociedade da Virtude” também marcará presença no palco com seu criador Ian SBF, Thobias Daneluz, Guilherme Briggs e os criadores do Jovem Nerd, Alexandre Ottoni e Deive Passos. O painel promete conteúdos e anúncios exclusivos para os fãs e acontecerá das 13h30 às 14h15.

HBO Max

A HBO Max apresentará ativações e atrações exclusivas na CCXP23, incluindo experiências de suas diversas franquias como “A Casa do Dragão”, “Barbie”, “Batman”, “The Big Bang Theory” e “Cartoon Network”. No miniauditório interno do estande, serão reveladas novidades de franquias queridas e novas produções como “Irmão do Jorel”, “Rick and Morty”, “Da Ponte Pra Lá”, “De Sola a 10”, “Sociedade da Virtude”, entre outras.

As ativações incluem a Fortaleza Vermelha de “A Casa do Dragão”, uma batalha de coreografias com “Barbie”, o “Departamento de Polícia de Gotham” de “Batman”, um quiz inspirado em “The Big Bang Theory” chamado “Hora Bazinga”, e um espaço de arcade com jogos personalizados do “Cartoon Network”.

Além disso, o miniauditório Warner Bros. Discovery terá uma programação repleta de meet & greets, entrevistas e interações com personagens e talentos de séries como Gumball, Darwim, Irmão do Jorel, Paulistão 2024, De Sola a 10, UEFA Champions League, Sociedade da Virtude, Ravena e Mutano de “Jovens Titãs”, e um quiz de “Rick and Morty”.

Warner Bros.

A Warner Bros. Pictures anunciou os painéis especiais na CCXP23. Destacam-se aqueles com Sandy e Pedro Antônio para “Evidências do Amor”, Anya Taylor-Joy, Chris Hemsworth e George Miller para “Furiosa”, Adam Wingard para “Godzilla e Kong: O Novo Império”, Timothée Chalamet, Zendaya, Austin Butler, Florence Pugh e Denis Villeneuve para “Duna: Parte 2,” e Jason Momoa, Patrick Wilson, Yahya Abdul Mateen II e James Wan para “Aquaman 2: O Reino Perdido”.

Na CCXP23, o elenco, diretor, figurinista, maquiador e caracterizador do filme “Mamonas Assassinas – O Filme” participarão de um painel especial no Palco Thunder em 3 de dezembro. O diretor Edson Spinello, o elenco, composto por Ruy Brissac, Rhener Freitas, Adriano Tunes, Robson Lima, Bento Hinoto, Fernanda Schneider e Jéssica Córes, além do figurinista Heitor Taddeo Ramaglio e o maquiador Lucas Martins estarão presentes. O público poderá desfrutar de um bate-papo com os convidados e assistir a trechos do filme, que estreará nos cinemas em 28 de dezembro. O filme narra a história da marcante banda brasileira dos anos 1990, os Mamonas Assassinas.

Serviço CCXP 2023: 

Datas: de 30 de novembro a 3 de dezembro de 2023.   

Local: São Paulo Expo

Rodovia dos Imigrantes, 1,5KM – São Paulo/SP   

Horário de funcionamento do evento:  

SPOILER NIGHT (29/11/2023): das 18h às 21h*

Quinta-feira (30/11/2023): das 12h às 21h  

Sexta-feira (01/12/2023): das 12h às 21h  

Sábado (02/12/2023): das 11h às 21h  

Domingo (03/12/2023): das 11h às 20h  

*Apenas para imprensa, convidados e clientes que adquiriram as credenciais Epic Experience, Full Experience e Unlock.

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