Boa Noite. Uma frase simples e educada que ganhou novos tons após 27 anos de um jornalista de voz marcante falando no horário nobre da televisão brasileira. Cid Moreira tornou-se um símbolo no Brasil e uma lenda no jornalismo brasileiro. Entretanto, quem é o homem por trás da imagem? É isso que o documentário Boa Noite, primeiro longa-metragem de Clarice Saliby busca responder. Ou não.
Ele mesmo é o narrador do filme, um homem esforçado e caprichoso no seu trabalho. Cid Moreira preza pelo bom humor, pela simplicidade e pela autenticidade. Vê-lo analisar algumas de suas antigas locuções traz um sabor de nostalgia. Saudade. É algo que passa, diz ele. Tudo passa. Após 27 anos na apresentação do programa de maior audiência da época, quiseram mudar a bancada. Como Cid Moreira preencheria essa lacuna? Pouco tempos depois, foi convidado para gravar a bíblia.
Esse fato em especial logo me fez pensar nessas coisas da vida. Quantas e quantas vezes algo que achávamos ser tão ruim, ou aquele acontecimento complicado, muda nosso caminho para rumos inesperados. Melhores, piores, não sei, mas diferentes. Na hora do desespero não conseguimos ver nada. Mas o tempo traz novas perspectivas.
Incógnito
Ah, essas mudanças da vida. A vida é uma incógnita. Essa é uma outra frase que Cid fala durante o filme. Esse jornalista atravessou eras do Brasil, desde o rádio, televisão e, atualmente, internet. O filme desconstrói com respeito a imagem de Cid Moreira. Ele caminha na esteira, faz sauna, toma café. Parece que estamos vendo um dia na vida dele, mas as visitas da equipe foram muitas.
Em pouco mais de uma hora conhecemos um pouco do homem por trás do mito. E é simpático. Um ser humano que acabou por assumir uma responsabilidade que não imaginava, que tornou-se famoso em todo o Brasil. E que segue trabalhando, do alto de seus 92 anos.
É um homem, um ser humano – e um ícone.