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Crítica | One Piece, a série, primeira temporada na Netflix

Fidelidade e diversão

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crítica one piece é bom

“One Piece, a série” da Netflix é um live-action baseado no mangá de Eiichiro Oda, o qual é publicado desde julho de 1997 e segue até os dias de hoje com mais de 100 volumes. A obra original tem tradução para vários idiomas, além de ter uma adaptação de anime, vários filmes (como esse que vi e fiz a crítica), jogos e muito produtos como brinquedos, acessórios e muito mais.

A série da Netflix teve a difícil tarefa de tentar adaptar o primeiro grande arco desse mangá, East Blue, que compõe aproximadamente 12 volumes e algo em torno de 44 episódios e um pouco mais. Todos estavam preocupados em como seria feito o live action, pois “One Piece” não é somente um mangá de “luta”, nele há muita comédia onde seu criador não tem medo de fazer personagens bem típicos de cartoon, localizações incríveis ou malucas, onde tudo é uma grande aventura, cheia de descoberta e diversão.

Contudo, a série abraça lindamente toda essa “maluquice” que o mangá tem e proporciona, toda essa identidade de “One Piece”. Personagens com “cabelos de anime”, formas de lutas que não fazem sentido, mas que são “legais”. Tentando fazer um certo balanço entre live action e anime, mas sem nunca perder a identidade da obra.

One Piece: Ligações Perigosas

Uma coisa bem interessante da obra são as ligações no enredo. Para quem acompanha o anime e o mangá, como eu, sabe que Eiichiro Oda com o tempo fez vários retcons (continuidade retroativa, a alteração de fatos previamente estabelecidos na continuidade de uma obra ficcional). Não falo isso com se fosse um demérito, pois o autor sempre trabalhou duro para que tudo sempre pareça que foi pensado desde o início. Porém, o live action tem a vantagem de a obra original já ter mais de mil capítulos, ou seja, as ligações na obra tem a chance de serem melhor trabalhadas.

A qualidade do CGI não ser perfeita não é algo que incomoda, e nem é realmente algo negativo. Se você se abrir para toda a maluquice gostosa e aventura vibrante que “One Piece” tem para lhe oferecer, tudo acaba se encaixando e sendo gostoso de acompanhar.

A caracterização pode ser algo que causa um certo estranhamento num primeiro momento, mas quando esses personagens começam a interagir entre si, não causa nenhuma estranheza. O problema vem quando eles ficam em volta de ‘personagens normais”, como uma população, por exemplo. Isso acaba fazendo eles se destacarem como “uma pessoa fantasiada” e acaba, em alguns momentos, tirando você desse mundo imagético. O que me faz pensar se não era possível colocar, mesmo de fundo, um pouco mais de caracterização “anime” para não ficar tão gritante as diferenças de roupas que às vezes acabam tirando um pouco daquele mundo.

Fidelidade excessiva?

O que mais incomoda são as recriações as vezes fiéis até demais ao mangá. Não digo que isso seja ruim em si, mas poderia ser mais interessante em alguns momentos ver os personagens lutando de outras maneiras. A luta final do Luffy, por exemplo, acaba ficando mais cansativa e sinto que um pouco sem propósito de como acontece porque precisa terminar e ser o mais fiel possível ao mangá. Às vezes eles acertam, como em lutas do Zoro, mas em outras essa “cópia” do mangá acaba atrapalhando um pouco.

Além disso, fico feliz de ver que a série parece querer mostrar tudo o que a obra tem para falar. Questões como racismo, liberdade, governo corrupto, tudo isso e muito mais já começa a se mostrar desde o início da série. Coisa que o mangá só começa a trabalhar mais a fundo, por vezes, muitos arcos depois. “One Piece” é uma obra que tem muito a nos dizer, principalmente sobre preconceito, e, embora ainda tímido nessa primeira temporada, pelo menos já pudemos ter um vislumbre.

Em suma, “One Piece, a série” da Netflix se mostra muito interessante e bem divertida. Prova que é possível sim fazer uma boa adaptação de mangá/anime e como tudo fica bem melhor quando abraçamos a linguagem e a forma de contar história daquele outro país. Não tenha vergonha do “ridículo”, ridículo é tentar transformar tudo numa única forma de narrativa e caracterização. Quando abraçamos o outro, podemos tentar criar aventuras divertidas e gostosas de se acompanhar. Já estou curiosa para ver como vão adaptar a segunda temporada que foi confirmada.

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Estudante de Cinema, editora de vídeo e formada em Design de Animação. Ama jogos, filmes, séries, quadrinhos, mangás, livros, não importa a mídia sempre procura histórias.

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Cinema

Crítica: Transo

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capa de Transo, silhueta de uma pessoa com prótese

Ao assistir ao documentário “TRANSO”, refleti sobre a peça de teatro “Meu Corpo Está Aqui“, Fica evidente a poderosa narrativa que ambos compartilham sobre a invisibilidade das pessoas com deficiência na sociedade. A forma como essas obras abordam as experiências íntimas e pessoais desses indivíduos é impactante e provocativa.

O documentário mergulha calorosamente na vida sexual dos atores. Dessa forma, quebra tabus e preconceitos ao mostrar que a deficiência não é um obstáculo para a vivência plena da sexualidade.

O documentário, assim como a peça de teatro, é um veículo para desafiar percepções e estimular conversas importantes sobre inclusão.

Impacto Social

Em um mundo que frequentemente marginaliza e exclui as pessoas com deficiência, é importante dar voz a esses indivíduos e celebrar sua capacidade de amar, se relacionar e sentir prazer.

Além de abordar as experiências individuais, o documentário também nos traz reflexões sobre a construção social da sexualidade e como as pessoas com deficiência são constantemente erotizadas ou dessexualizadas pelo olhar alheio.

Nas histórias compartilhadas fica evidente que existem diferentes formas de vivenciar o sexo e os relacionamentos, e que cada pessoa tem suas próprias necessidades, desejos e limitações. É importante lembrar que a diversidade também se faz presente nesse aspecto fundamental da humanidade.

Afeto

Ao enfatizar o afeto e o auto prazer, “Transo” nos leva a repensar conceitos tradicionais de sexualidade e a entender que o prazer não é exclusivo do sexo genital, mas sim uma vasta gama de sensações e experiências. Essa ampliação de perspectiva nos ajuda a enxergar além dos estereótipos estabelecidos e a celebrar a pluralidade da sexualidade humana.

O longa conta com a participação de Ana Maria Noberto, Adrieli de Alcântara, Daniel Massafera, Edvaldo Carmo de Santos, Fernando Campos, Jonas Lucena da Silva, Kollinn Benvenutti, Marcelo Vindicatto, Mona Rikumbi, Nayara Rodrigues da Silva, Nilda Martins, Siana Leão Guajajara.

Cineasta e pesquisador

Como uma pessoa sem deficiência, Messer conta que sua abordagem em relação ao tema é completamente observacional:

“O primeiro passo foi estudar o assunto e escutar os participantes antes mesmo de iniciar a gravação. No geral, percebi que muitas pessoas com as quais conversei estavam ansiosas para debater o tema”

A saber, o projeto de “Transo” começou quando o diretor produziu, em 2018, um curta sobre Mona Rikumbi, a primeira mulher negra a atuar no Theatro Municipal de São Paulo. Durante o processo deste filme, eles se tornaram amigos, e Mona, um dia, relatou da dificuldade de se encontrar motéis acessíveis na cidade.

Por fim, o o documentário está no Canal Futura e Globoplay.

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