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Cinema

Crítica | ‘Boa Sorte, Leo Grande’ tem empatia e sensualidade

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O longa Boa Sorte, Leo Grande se passa quase todo em um quarto de hotel com uma professora aposentada de 55 anos e um jovem profissional do sexo, e o público dificilmente irá querer sair de lá. Seja pelo erotismo, pelo humor agradável ou pelos desabafos que aproximam os personagens da realidade, trazendo importantes reflexões.

Nancy Stokes (Emma Thompson) teve um casamento em que nunca pôde explorar sua sexualidade, e após a morte do marido, tenta recuperar o que essa vida lhe privou. Ela procura os serviços de Leo Grande (Daryl McCormack), um atraente garoto de programa. Mas Nancy não se sente bem com o próprio corpo e seus ainda básicos desejos em relação ao sexo. Se o filme abordasse apenas esse ponto já seria suficientemente interessante, mas ainda há bons diálogos sobre maternidade, rejeição, conflitos geracionais e sobre a prostituição.

Tentando quebrar uma barreira de desejos reprimidos e pensamentos conservadores é que Leo acaba trazendo todos esses assuntos à tona. O jovem já teve que lidar com diversos caprichos de seus clientes, experiência que o faz ser mais empático aos temores de Nancy. Mas ele que inicialmente se mostra mais seguro e confiante, aos poucos vai expondo suas inseguranças e mágoas.

Atuações impecáveis

Emma Thompsom mostra mais uma vez o porquê de ser considerada uma das melhores atrizes britânicas. Sua atuação entrega todas as mágoas que a personagem carregou pela vida e a insegurança que traz consigo. Nancy é tão reprimida que não ousa tocar Leo sem pedir permissão, e quando toca é como se estivesse descobrindo novas sensações.

Já McCormack seduz Nancy e também o espectador, ele fascina pelo seu jeito educado e carismático de falar. Mas também consegue passar toda a seriedade que o personagem tem para com seu trabalho, sutilmente ele demonstra frustração e irritação quando perde o progresso que havia feito e sua cliente volta a se retrair.

A interação entre os dois é de uma delicadeza e sensualidade que prende o espectador no desejo de ser mais íntimo dos personagens. O filme nos entrega essa intimidade não só durante o sexo mas também quando essa relação passa dos limites no ápice do conflito. A direção de Sophie Hyde é acertada, não mostra demais, mas é o suficiente para aquecer o público depois de segurá-lo por uns bons minutos de diálogos acertados. Mérito também do excelente roteiro de Katy Brand.

O longa estreia nos cinemas nacionais no dia 21 de julho.

Cinema

‘Aumenta que é rock ‘n roll’ traz nostalgia gostosa | Crítica

Longa protagonizado por Johnny Massaro e George Sauma estreia em 25 de abril.

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Uns anos atrás, mais especificamente em 2019, o Festival do Rio (e outros festivais do Brasil) trazia em sua programação um documentário sobre a Rádio Fluminense. “A Maldita”, de Tetê Mattos, que levava o título da alcunha pela qual a rádio era conhecida, narrava sua história e, além disso, a influência que teve em seus ouvintes. Para muitos, principalmente os que não viveram a época, foi o primeiro contato com a rádio rock fluminense.

Anos depois, no próximo 25 de abril, quinta-feira, estreia “Aumenta que é rock ‘n roll”, longa de Tomás Portella. O longa é baseado no livro “A onda maldita: Como nasceu a Rádio Fluminense”, escrito por Luiz Antônio Mello, criador da rádio. Protagonizado por Johnny Massaro na pele de Luiz Antônio, o filme foca em toda a trajetória do jornalista desde sua primeira transmissão na rádio do colégio, até o primeiro contato com a Rádio Fluminense (por causa de seu amigo e cocriador Samuca) e a luta pra fazer da Fluminense a rádio mais rock ‘n roll do Rio de Janeiro.

Muito rock

Pra começo de conversa, é preciso dizer que o filme é uma bela homenagem ao gênero rock. Além de uma trilha sonora com nomes de peso, como AC/DC, Rita Lee, Blitz e Paralamas do Sucesso, o longa consegue mostrar ao espectador do que o rock é verdadeiramente feito: de muita ousadia e questionamentos. Em uma época em que o gênero vem sendo esquecido, principalmente pelas gerações mais jovens, Tomás Portella consegue relembrar a todos que o rock é sinônimo de controversão e revolução, já que foi criado para questionar os ideais vigentes da época.

Isso fica muito claro nos personagens que compõem a rádio e que a tocam pra frente. A ideologia de fazer diferente fica tão nítida na tela que eu desafio o espectador a não sair do filme com vontade de revolucionar o mundo ao seu redor.

Roteiro

Isso se dá, obviamente, por um texto muito bem escrito e uma trama bem desenvolvida e bem amarrada. O que significa, portanto, que L.G. Bayão fez um ótimo trabalho na adaptação do livro.

Mas, além disso, as atuações dos atores em cena tambémajudam muito. Apesar de a maioria dos atores nem sequer ter vivido a época (no máximo, eram criancinhas nos anos 80), eles personificam a vontade de transformar da época. Principalmente Flora Diegues, que tem uma atuação tão natural que dá até pra pensar que ela pegou uma máquina do tempo lá em 1982 e saltou na época em que o filme foi gravado. Infelizmente, a atriz faleceu em 2019 e uma das dedicatórias do longa é para ela. Merecidissimo, porque Flora realmente se destaca entre os integrantes da rádio rock.

Sintonia fina

George Sauma interpreta o jornalista Samuca, amigo de colégio de Luiz Antonio que cria a rádio com o colega. A escolha dos dois protagonistas não poderia ser melhor, já que Johnny Massaro e George têm uma química que salta da tela. O jogo de dupla cheio de piadas, típico dos filmes de comédia dos anos 1980, funciona muito bem entre os dois. Os dois atores têm um timing ótimo para comédia e, ao mesmo tempo, conseguem emocionar quando o texto cai para o drama. Tanto George quanto Johnny brilham.

Também brilham a cenografia e o figurino do filme. Cláudio Amaral Peixoto, diretor de arte, e Ana Avelar, figurinista, retrataram tão bem a época que parece que estamos mesmo de volta aos anos 1980. A atenção aos detalhes faz o espectador, principalmente o que viveu tudo aquilo, se sentir dentro da rádio rock.

Nostálgico

Para resumir, é um filme redondinho e gostoso de assistir, com atuações incríveis e uma trilha sonora de arrasar. Duvido sair do cinema sem vontade de ouvir uma musiquinha de rock que seja!

Fique, por fim, com o trailer de “Aumenta que é rock ‘n roll”:

Ficha Técnica

AUMENTA QUE É ROCK ‘N ROLL

Brasil | 2023 | Comédia

Direção: Tomás Portella

Roteiro: L.G. Bayão

Elenco: Johnny Massaro, George Sauma, João Vitor Silva, Marina Provenzzano, Orã Figueiredo.

Produção: Luz Mágica

Coprodução: Globo Filmes e Mistika

Distribuição: H2O Films.

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