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Iracema
Cinema e StreamingCrítica

Crítica: Iracema – Uma Transa Amazônica continua um espelho do Brasil

Por
André Quental Sanchez
Última Atualização 22 de julho de 2025
6 Min Leitura
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Dirigido por Jorge Bodanzky e Orlando Senna, Iracema-Uma Transa Amazônica se mantém atual mesmo após 50 anos.

Não há nada mais divertido do que subverter uma história consagrada e conhecida pelo público, recentemente tivemos The Ugly Stepsister (2025, Emilie Blichfeldt) e Rosalina (2022, Karen Maine) como dois bons exemplos, porém, esta prática existe faz muito tempo, tanto na literatura, quanto no cinema, trazendo por meio desta reimaginação, uma nova visão sobre algo que, para o público, encerraria ali, e de modo metafórico, é construído um novo ideal sobre esta história original. Iracema-Uma Transa Amazônica, é um grande exemplo disto.

Seguindo como base o livro Iracema (1865, José de Alencar), a produção de Bodanzky e Senna subverte este hino tradicional para o Brasil, afinal, Iracema é um anagrama para América, e o romance da virgem dos lábios de mel com o guerreiro Martim, é um romance originário na medida que conta a origem do povo brasileiro, por meio de Moacir, filho de Iracema e o primeiro miscigenado de nosso país.

Iracema-Uma Transa Amazônica subverte o livro de Alencar ao colocar a protagonista não como uma virgem dos lábios de mel, porém, como uma prostituta, da mesma forma que o guerreiro branco e honrado, virou um caminhoneiro vigarista, esperto e mulherengo, em um país que não é um Eden idílico como na história original, e sim um lugar abandonado, e devastado pela ganância do próprio povo brasileiro.

Iracema

Edna de Cássia e Paulo César Pereio em cena de Iracema: Uma Transa Amazônica- Divulgação Oficial Gullane+

Servindo como um docuficção, na medida que Tião ‘Brasil Grande’, Paulo César Peréio, atua como eu-lírico dentro da jornada pela Transamazônica, permitindo que os próprios trabalhadores, e famílias localizadas que moram na região, contem livremente sobre as próprias experiências, sem barreiras externas ou julgamentos, apresentando um rumo dado por seus protagonistas, porém, apresentando reflexões bem reais sobre as dificuldades encontradas no local.

Ácido e irônico em seu retrato do Brasil, Iracema-Uma Transa Amazônica só foi lançado nacionalmente em 1981, tendo sido censurado pela ditadura militar, e após assistir à produção, não é necessário refletir muito sobre o porque da censura, afinal, ele atua como uma crítica à propaganda ufanista que estava sendo feita sobre a Transamazônica, um ambicioso projeto idealizado durante o governo de Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), porém, jamais concluído por conta de sua grandiosidade, sendo abandonado do mesmo modo que Iracema.

Interpretada por uma jovem Edna de Cássia, Iracema é uma protagonista que até hoje continua atraindo risadas do público por meio de suas reações sem filtro aos absurdos da produção, principalmente em suas interações com Tião, que apresentam uma naturalidade em todos os sentidos, ocasionando novamente a mesclagem entre documentário e ficção na medida em que não sabemos os momentos realmente planejados, e aqueles improvisados e mantidos no filme.

Neste road-movie por uma Amazônia em eterna construção, contrapondo a mensagem da ditadura militar, vemos a destruição do país por incêndios, desmatamento, situações absurdas que não fazem sentido dentro da propaganda do futuro “Eden” que seria a região, e que a população acreditou. Hoje analisamos que a Transamazônica permitiu um aumento na quantidade de madeira ilegal extraída da Floresta Amazônica, casos de grilagem e de garimpo, fazendo com que muitas famílias aceitassem terríveis condições de vida, por falta de uma oportunidade melhor enquanto esperavam o Brasil melhor que foi prometido.

Iracema

Edna de Cássia em cena de Iracema: Uma Transa Amazônica- Divulgação Oficial Gullane+

Com uma bela restauração em 4K, o ritmo e construção narrativa da produção, não esconde que é uma produção da década de 1970, tanto tecnicamente quanto em sua história, porém, seu contexto é eterno e visível no Brasil até hoje, um país com muito potencial, porém, grande demais para seu próprio bem, sofrendo as consequências de decisões governamentais, de políticas públicas mal trabalhadas, e do próprio povo brasileiro, que busca uma saída fácil para tudo, decaindo cada vez mais dentro de sua própria ruína, como a própria Iracema, porém, jamais desistindo, enquanto espera que o país se levante.

Com distribuição do Gullane+, a partir desta quinta-feira (24), a versão restaurada em 4K de Iracema- Uma Transa Amazônica será lançada em cinemas de 13 estados do Brasil.

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Tags:cinema brasileirocinema nacionalcríticaCrítica Iracema uma Transa AmazônicaIracemaIracema: Uma Transa Amazônicajorge bodanskyJosé de AlencarTransamazônica
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