Dirigido por Garreth Edwards, Jurassic World: Recomeço volta às raízes da franquia, focando no terror e na ação, em uma tentativa de reconexão com o público.
Não há dúvidas que existe o cinema antes de Jurassic Park (1993, Steven Spielberg), e o cinema após Jurassic Park. No momento que John Hammond introduz, ao som de uma trilha magistral de John Williams, o parque para um boquiaberto Alan Grant, ele também apresentava o público, que da mesma forma que seu protagonista, entendia assustado que após aquele momento, nada mais seria o mesmo, seja dentro da narrativa ou no próprio campo da sétima arte.
Apesar do sucesso estrondoso do primeiro filme, não é segredo que as sequências deixaram muito a desejar, apresentando cenas boas, porém, com uma construção dramática extremamente defasada, falhando aonde o primeiro conseguiu subverter, e se tornando uma armadilha barata para ganhar alguns milhões.
Jurassic World (2015, Colin Trevorrow) tentou trazer um frescor para a franquia, porém, se provou falho por conta de algumas escolhas narrativas extremamente amadoras, focando no espetáculo, ao invés de algo que realmente prendesse o espectador, o fruto disto foi Jurassic World: Domínio (2022, Colin Trevorrow): uma tentativa desesperada de reacender a chama, que somente permitiu que ela se apagasse ainda mais, até o seu inevitável recomeço…
Confira abaixo o trailer de Jurassic World: Recomeço e continue lendo a crítica
Com o novo filme, a franquia Jurassic World volta às suas raízes ao focar naquilo que tem de melhor: interações com dinossauros em que realmente sentimos o perigo, ocasionando até mesmo sustos no espectador desprevenido, e um núcleo dramático que por mais fraco que seja, ainda é melhor do que qualquer drama produzido na franquia desde O Mundo Perdido – Jurassic Park (1997, Steven Spielberg).

Scarlett Johansson em cena de Jurassic World: Recomeço- Divulgação Universal Pictures
O ápice da franquia foi alcançado em Domínio: a convivência entre dinossauros e humanos, porém, foi executada de modo tão equivocado, que deixou muito a desejar, assim, nada sobra para a franquia além do famoso “repeteco” e novas variações do que já foi trabalhado anteriormente, entre elas mais um dinossauro híbrido, que ladra, mas, não morde.
Jurassic World: Recomeço se passa em uma nova ilha, aonde estão localizados os dinossauros que eram considerados perigosos ou “feios demais” para o parque original, assim, acompanhamos dois núcleos distintos: uma missão composta por uma mercenária, um capitão, um paleontólogo e um farmacêutico milionário, para pegar uma amostra de sangue de três dinossauros gigantes, e o núcleo de uma família perdida na ilha, composta por pai, filha mais jovem, filha mais velha e namorado da filha mais velha.
O núcleo dramático se encontra em ambos, de um lado temos a “redenção” de Zora Bennet, de uma mercenária para uma mulher mais magnânima, até Duncan Kincaid, Mahershala Ali, aceitando o luto pela morte do filho, e do outro lado temos um fraco arco de aceitação do namorado da filha, pela parte do pai, porém, em nenhum momento eles ficam claros, ou realmente permitem que o espectador tenha empatia, ou nem mesmo simpatia com seus personagens, somente preenchendo barriga entre as cenas que realmente importam: as sequências com dinossauros.
A sequência do barco perseguindo o Mosassauro, é uma das sequências mais inovadoras da franquia desde o filme de 2015, trazendo um senso de tensão e perigo que é auxiliado pela trilha maravilhosa de Alexandre Desplat, que apesar de não conseguir desvincular da icônica composição de Williams, ainda traz sua própria autoralidade, apresentando seu twist na música tema, em mais uma cena bonita de Bronquiossauros, que cativa os personagens, porém, passa longe de maravilhar o público como o Jurassic Park original.

Rupert Friend, Mahershala Ali e Bechir Sylvain em cena de Jurassic World: Recomeço- Divulgação Universal Pictures
Jurassic World: Recomeço se estende por níveis: nível água, nível terra, incluindo uma dócil dinossaurinha chamada Dolores, que provavelmente venderá muitos bonecos, e o nível ar. Chegando, sem catarse suficiente, ao seu nível final e o encontro com seu prometido antagonista, o D-Rex, um dinossauro geneticamente modificado, prometido como o grande vilão, aparecendo com destaque no material de divulgação, mas que ao seu final, não assusta ou choca tanto quanto deveria, falhando em algo que até mesmo Jurassic Park 3 (2001, Joe Johnston) acertou, o de introduzir mais de uma vez o grande vilão da história, ocasionando um maior senso de perigo, ao invés de somente no começo e no fim, como foi o caso da produção de Edwards.
Jurassic World: Recomeço serve para tirar um gosto amargo da boca dos fãs, e iniciar um lento processo de “recomeço”, atraindo os fãs novamente por meio de um terror bem executado, e novas variações de dinossauros nunca antes vistas na franquia, sendo mais coloridos e ativos, porém, sem trazer muitas novidades, e oficializando que caso realmente desejem dar sequência à franquia, novos caminhos devem ser pensados, afinal, o desgaste está chegando cada vez mais rápido para estes pobres dinossauros, que talvez só desejem um descanso.
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